domingo, setembro 17, 2017

IMAGINÁRiO #372

José de Matos-Cruz | 24 Maio 2012 | Edição Kafre | Ano IX – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

SAGRAÇÃO
Grande artista das histórias em quadradinhos - nascido em Portugal, naturalizado brasileiro - Jayme Cortez (1926-1987) voltou a Lisboa em 1973, após permanência no Salão Internacional de Lucca, e durante uma digressão pela Europa, com estadias em Paris e Londres. Veio rever amigos, reviver as pulsões da cidade natal, conhecer um novo entusiasmo pela banda desenhada, tendo participado em exposição da sua obra mais recente na Livraria Quadrante. Acompanhado por Márcio de Sousa - irmão do criador de Mônica, Maurício, e seu argumentista - e por de Adhemar Carvalhaes - director do Departamento de Cinema do Museu de Arte de São Paulo - o autor de O Vale da Morte cumpriu o desejo de atravessar a Ponte sobre o Tejo, até Almada, tendo-me evocado as suas origens: «Tudo começou n’O Mosquito, e graças a Eduardo Teixeira Coelho. Levei-lhe lá uns originais, muito rudimentares, mas ele considerou que eu tinha talento… Fiz então uns trabalhos, que achou estupendos. Entretanto, passei a ser publicado em 1943, com Uma Estranha Aventura. Contava histórias populares, que falassem da nossa gente. Acho que este é o caminho certo…» IMAG.78-87-117-129

CALENDÁRiO

30JUN-05OUT2011 - Em Lisboa, Museu do Chiado estreia Arte Portuguesa do Século XX (1910-1960) - Modernidade e Vanguarda, sendo curadora Adelaide Ginga.

15JUL-02OUT2011 - - No Porto, Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe, em produção com Kunstverein de Dusseldorf, Casa: Modo de Usar de Leonor Antunes, sendo comissária Nuria Enguita.

1919-17AGO2011 - Gualtiero Jacopetti: Cineasta italiano, precursor do shock(do)cumentary, realizador de Mundo Cão / Mondo Cane (1962) - «um filme que projectava em grande ecrã a representação da realidade».

1930-18AGO2011 - Jean Tabary: Ilustrador francês de banda desenhada, nascido na Suécia, criador de Iznogoud (1962, com René Goscinny) - «Je veux être calife à la place du calife!». IMAG.119

1927-19AGO2011 - Jimmy Sangster: Escritor inglês, argumentista de clássicos da Hammer, como O Horror de Drácula / Horror of Dracula (1957), A Vingança de Frankenstein / The Curse of Frankenstein (1958) ou A Múmia /The Mummy (1959) - «Por meia dúzia de filmes, fizeram de mim uma figura de culto».

1923-22AGO2011 - Vicco Von Bülow, aliás Loriot: Humorista alemão - escritor, ilustrador e actor - «De certa maneira, a comédia só resulta quando o presumível herói acaba por falhar» (2003).

1928-22AGO2011 - Maria Lucília Moita: Poetisa e artista plástica portuguesa, herdeira da estética de Silva Porto e de Henrique Pousão - «A pintura, para mim, não é um passatempo, é uma exigência».

1933-22AGO2011 - Jerry Leiber: Letrista americano, autor - com o compositor Mike Stoller - de sucessos como Jailhouse Rock e King Creole (por Elvis Presley); integrados no Rock and Roll Hall of Fame (1987) por «levarem o rock and roll a novos píncaros de espirituosidade e sofisticação musical».

25AGO2011 - ZON Lusomundo estreia Conan - O Bárbaro / Conan the Barbarian de Marcus Nispel; com Jason Momoa e Rachel Nichols, sobre o herói de Robert E. Howard (1906-1936), revelado em As Crónicas de Nemédia. IMAG.67-301

30AGO-22SET2011 - No Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal/CIAPS, em São Pedro do Estoril, Agência Cascais Atlântico/Câmara Municipal de Cascais apresenta A Descrever Esta Língua Que É Mar, exposição de fotografia de José Rodrigues, com textos de Isabel Mendes Ferreira.

09SET-02OUT2011 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe, com Colomer & Sons, Celeste Maia, Arte No Pulso.

MEMÓRiA

27MAI1912-18JUN1982 - John Cheever: Escritor norte-americano, distinguido com o Prémio Pulitzer / Ficção em 1979 - «Estes contos parecem por vezes a história de um mundo há muito desaparecido, quando a cidade de Nova Iorque era ainda inundada pela luz do rio, quando se ouvia Benny Goodman no rádio da papelaria da esquina e quando quase toda a gente usava chapéu». IMAG.275

29MAI1922-1999 - António Campos: Cineasta português - «Basta-me pensar num filme, e ter um mínimo de dinheiro para o fazer. Entrego-me de corpo e alma quando os temas me sensibilizam, me apaixonam». IMAG.96-180-217

1938-29MAI1982 - Rosemarie Magdalena Albach, aliás Romy Schneider: Actriz austríaca de cinema - «Na vida, não sou nada - mas, no ecrã, torno-me tudo». IMAG.325




PARLATÓRiO

Histórias Macabras

JAYME CORTEZ EM PORTUGAL

Começaste n’O Mosquito, mas cedo foste para o Brasil…Porquê?
- Em breve, o mercado português pareceu-me demasiado pequeno, com poucas oportunidades… E, como recebia, há anos, todas as edições brasileiras de banda desenhada, onde só se publicavam coisas americanas, achei que no Brasil não haveria desenhadores, pelo que sonhava com aquele país como o El Dorado. Na verdade, o dito exclusivismo devia-se ao predomínio dos trusts… E, durante trinta anos, lutei por impor o trabalho dos criadores nacionais - para lograr a nossa sobrevivência. Confesso-te que considero, este, o aspecto mais interessante da minha actividade no Brasil - mais, até, do que o meu trabalho pessoal…
Como caracterizas o terror brasileiro nas histórias em quadradinhos?
- No Brasil, tudo o que seja místico, religioso, feiticista, tem muita aceitação. Quando o género decaiu na América (com a caça às bruxas do senador MacCarthy, nos anos ’50), por lá o terror tomou caminhos muito próprios, indígenas, embora com uma carga bastante grande do carácter importado. No entanto, empregávamos toda uma série de elementos nossos, como zombies, escravos, todas essas coisas bem brasileiras… Para mim, o terror tem chances plásticas - clima dramático, efeitos de iluminação - que os outros temas não permitem desenvolver.
Além disso, temos a tua enorme relevância como cultor do preto e branco…
- Sim, para mim todas as formas de expressão têm a sua própria caracterização, a sua arte. A utilização da cor deixa escapar, ou logra encobrir a mediocridade…. A preto e branco, em banda desenhada (que possui uma técnica muito difícil), não se podem disfarçar as imperfeições, a mediania. Eu sou uma pessoa explícita, muito sincera, que não procura o fácil, e, por isso, o preto e branco é a minha maior paixão, pois com ele não se pode enganar ninguém…
José de Matos-Cruz
- Ploc! Revista de Banda Desenhada - Primavera de 1974 (excertos)

NOTICIÁRiO

A média da exportação de azeite português para países estrangeiros, no período de 35 anos, que decorreram de 1796 a 1831, foi em números redondos de 40 mil decilitros, sendo de 400 mil nos últimos quatro anos, de 1867 a 1870.
27MAI1872 - Diário de Notícias

OBSERVATÓRiO

www.maisevezes.com - +(&)× - Mais Vezes - Fanzine literario / matemático /artístico / electrónico, criado por Francisco José Craveiro de Carvalho e J N Bolito.
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Evocação de Jayme Cortez

Museu virtual mostra obra de autor português de banda desenhada d’O Mosquito que se destacou no Brasil
Intitula-se apenas Jayme Cortez e é um blog que tem por objectivo «tornar acessível ao maior número de pessoas a obra do Mestre Cortez», escrevem na sua introdução Jayme Cortez Filho e Fabio Moraes, responsáveis pela iniciativa. Em entrevista recente, este último revelou que «o blog faz parte de um projecto maior, a publicação de um livro de arte sobre a vida e a obra de Jayme Cortez».
Nascido em Lisboa, a 8 de Setembro de 1926, o autor estreou-se no
Mosquito em 1943, tendo publicado uma mão cheia de bandas desenhadas, entre as quais Os 2 Amigos Na Cidade dos Monstros Marinhos e Os Espíritos Assassinos. Comum a todas elas era o protagonismo entregue a miúdos - inspirados nos seus amigos do Bairro Alto -, o realismo do traço baseado em modelos vivos e o grande dinamismo das histórias que escrevia e desenhava.
Em 1947, partiu para o Brasil, onde, a par de bandas desenhadas como O Retrato do Mal ou Zodíaco, foi jornalista, ilustrador, cartoonista, professor e autor de livros sobre ilustração e histórias aos quadradinhos, director de Arte dos Estúdios Maurício de Sousa e fez parte da organização da Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, que teve lugar em São Paulo, em 1951, o primeiro evento do género realizado em todo o mundo. Tendo adoptado a nacionalidade brasileira em 1957, é considerado um dos grandes mestres dos quadradinhos do Brasil, onde viria a falecer a 4 de Julho de 1987.
O blog, actualizado diariamente e disponível em http://jaymecortez.blogspot.com/, destaca-se pela divulgação de documentos inéditos ou pouco conhecidos, incluindo ficheiros de áudio ou vídeo e fotos de várias épocas, nalgumas das quais ao lado de autores como Stan Lee ou Maurício de Sousa.
A par deles, uma vez que o blog pretende ser um autêntico museu virtual, surgem as reproduções da sua obra multifacetada - capas de livros, ilustrações, desenhos publicitários, pranchas de bd - em muitos casos desde os primeiros estudos até ao desenho definitivo e à posterior aplicação da cor. São igualmente referidas curiosidades, como o facto de ter sido Cortez a desenhar a capa do nº 1 da revista de Bidu, um dos primeiros heróis de Maurício de Sousa.
F. Cleto e Pina
- 27MAI2011 - Jornal de Notícias

COMENTÁRiO

Maia - Arte No Pulso

A artista portuguesa Celeste Maia, conhecida pela sua pintura figurativa, correspondeu com entusiasmo ao complicado desafio de Colomer & Sons, empresa espanhola, de pintar mostradores de relógios. Esta forma de arte é raramente praticada devido às dificuldades técnicas e à escala diminuta do trabalho. Ao investigar diversos temas, Maia desenhou mais de 200 ideias, tendo chegado a 20 conceitos, que nos transportam a outras dimensões. O resultado é uma série deslumbrante de pinturas assinadas nos relógios, cada uma com título e história, cada uma partilhando um aspecto diferente da noção de Tempo. Estes relógios reflectem pensamentos científicos, experiências históricas, assim como o maior mistério de sempre, o próprio Tempo. A Arte do Tempo no pulso.

BREVIÁRiO

Edições 70 edita Do Espírito das Leis de Montesquieu (1689-1755); tradução e introdução de Miguel Morgado. IMAG.25

Sony edita em CD e DVD, sob chancela Columbia/Legacy, Bridge Over Troubled Water por Paul Simon & Art Garfunkel.

Sextante edita A Cidade de Ulisses de Teolinda Gersão.

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