quarta-feira, fevereiro 28, 2018

IMAGINÁRiO #466

José de Matos-Cruz | 08 Maio 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

MARLENE
«Uma legião de admiradores, sobretudo os mais fanáticos, consideram-na a sublimação da beleza, ou um símbolo sexual por excelência. Em minha opinião - e falo apenas como profissional, olhando-a através da câmara - ela é a própria sedução.» Atribuídas a Lee Garmes, tais palavras mantêm todo o fascínio e toda a sugestão que consagraram Marlene Dietrich, como diva do cinema e mito de Hollywood. Famoso pelo brilhantismo cénico, capaz de irradiar a sua beleza perversa, em cenas tensas na penumbra, Garmes incutia, aliás, uma indubitável competência técnica e estilística no seu firme comentário. De facto, ele fotografou a extraordinária vedeta, com notória rendição, designadamente em Marrocos (1930) e O Expresso de Xangai (1932) - obras maiores da formidável carreira americana de Marlene, nascida Marie Magdelene Dietrich Von Losch em Berlin-Schöneberg, em 1901, e falecida em Paris, em 1992. IMAG.254-352-369-375

CALENDÁRiO

1920-MAI2013 - Júlio Roberto: Filósofo português, poeta e ecologista, fundador / editor do ITAU - «Transformámos tudo, progredimos, inventámos, criámos coisas que tu nem imaginas. Olha, substituímos o vento e o sol por uma coisa que se chama energia nuclear.» (Poema Ecológico - excerto).

1916-22MAI2013 - Henri Dutilleux: Compositor francês - «Um dos raros cuja música integrou o repertório habitual dos programas em salas de concerto ainda em vida» (Laurent Petitgirard). IMAG.349-421

03MAI1934-23MAI2013- Giuseppe Mustacchi, aliás Georges Moustaki: Compositor e cantor francês, nascido no Egipto - «Possuía uma doçura infinita e um enorme talento. Era como todos os poetas, alguém diferente, porque acaba por ser sempre essa diferença que conduz ao talento» (Juliette Gréco).

27MAI2013 - O escritor moçambicano Mia Couto é distinguido com o Prémio Camões, pela «sua inovação estilística e pela profunda humanidade com que tem sabido inovar e enriquecer a língua portuguesa» (José Carlos Vasconcelos). IMAG.54-147

30MAI2013 - Leopardo Filmes estreia Fragmentos de Uma Organização Participativa de Filipa Reis e João Miller Guerra. IMAG.430

MEMÓRiA

MAI1924-2009 - Irisalva Moita: Arqueóloga portuguesa, historiadora, museóloga, olissipógrafa, membro da Academia Nacional de Belas Artes, pioneira de escavações em contexto urbano, realizadas no Teatro Romano de Lisboa, Hospital Real de Todos-os-Santos ou Necrópole Romana na Praça da Figueira. IMAG.256

10MAI1884-1941 - Raul Proença: Escritor e jornalista português - «Queremos fazer a revolução que pregamos à luz do dia, por processos enérgicos, mas pacíficos, em que toda a consciência nacional colabore, e não admitimos nela os criminais-natos que buscam nos movimentos revolucionários uma derivante aos seus instintos antisociais e a satisfação das suas perversas tendências destruidoras... Acusamos os potentados da finança, os últimos dos pervertidos morais (exploradores, especuladores, açambarcadores, falsificadores, inimigos do Povo, criminosos sacrílegos) que vivem de sugar todo o sangue da nação pelas ventosas da sua ambição desmedida. Acusamo-nos a nós próprios por só agora termos tido este grito, por só agora jogarmos a bem da nação o nosso próprio destino» (1921). IMAG.323-342-393

1943-10MAI1984 - Joaquim Agostinho: Ciclista português - «Se tivesse nascido em França, tinha ganho mais que um Tour. Era um diamante em bruto. Não teve oportunidades de ter escola. O que aprendeu foi na estrada e sofreu várias quedas por falhas técnicas» (Alves Barbosa). IMAG.413

11MAI1904-1989 - Salvador Dali: Pintor espanhol, nascido na Catalunha - «Não pinto retratos que se pareçam com os modelos, antes na perspectiva de que tais pessoas venham a parecer-se com os seus retratos». IMAG. 6-38-70-234-288-463

INVENTÁRiO

MARLENE DIETRICH - O PECADO E A SEDUÇÃO

Com o toque ambíguo de Frank Borzage, o elã sensual de Marlene Dietrich inebria em Desejo (1936). Aos 35 anos, já a actriz germânica cintilava, então, nos dois lados do Atlântico, com uma insinuante maturidade. Filha de um oficial que combateu na Guerra Franco-Prussiana, nascera Marie Magdelene Dietrich Von Losch em Dezembro de 1901, tendo revelado precoces talentos musicais e dramáticos.
Depois de estudar com o lendário Max Reinhardt, a estreia fílmica de Marlene Dietrich decorreu em 1922, mas só Josef Von Sternberg lhe inflamaria o sortilégio artístico, como O Anjo Azul (1930). Rumo à eternidade, Hollywood foi um destino incontornável para ambos. Entretanto, Marlene casara com Rudolf Sieber em 1924 - um vínculo conservado até à sua morte, em 1976, apesar de várias separações.
Algumas roturas caprichosas foram motivadas por romances com colegas. Em Marrocos, ela expõe-se entre Gary Cooper e Adolphe Menjou, numa aventura da Legião Estrangeira ambientada por um exótico Norte de África. A Fatalidade (1931 - Von Sternberg) adensou-se durante a I Guerra Mundial, com Marlene na pele duma audaciosa espia, inspirada em Mata-Hari, até à perdição nos braços de Victor McLaglen.
Cary Grant foi o astro escolhido para emparceirar com Marlene, no papel de A Vénus Loira (1932 - Von Sternberg) - dividida entre a salvação do marido enfermo, e a utopia de um resgate como antiga cantora de cabaré. Esta perturbadora tragédia familiar contrasta-se com um regresso à paisagem romântica e trepidante, que O Expresso de Xangai atravessa, desta vez com Clive Brook como amante em perigo de vida.
Em seguida, Von Sternberg reconstituiu a Rússia faustosa e turbulenta de Catarina, A Imperatriz Vermelha (1934) - que se debate entre os compromissos políticos e conjugais, até enfrentar o sacrifício individual sob um desígnio colectivo. Porém, Marlene trocará John Lodge pelo Desejo dum reencontro com Cooper; em causa, os dilemas de uma aristocrata europeia, que se envolve no furto de jóias...
Dirigida por Borzage, Marlene explora outras facetas de um talento cínico mas irresistível, que Von Sternberg nela virtualizara, ao personificar a mulher em conflito - pelas margens do pecado ou da sobrevivência, entre o resgate e a expiação. Aceitando-se como um ícone sexual, Marlene achava a profissão de actriz aborrecida, repetitiva, embora fosse a mais bem paga nos seus longos tempos de glória.
Pela auréola de escândalo, Marlene comprazia-se em chocar a conservadora moral ianque, declarando: «Na Alemanha, fazemos amor com quem achamos atraente - não interessa se é homem ou mulher». Segundo a sua única filha, Maria Riva, «a minha mãe está convencida de que inventou a paixão - e a verdade é que toda a gente acredita nela». Marlene Dietrich faleceu em Paris, cidadã americana, em Maio de 1992.

BREVIÁRiO

Eureka edita em Blu-ray, O Anjo Azul / Der Blaue Engel (1930) de Josef Von Sternberg; com Marlene Dietrich e Emil Jannings.IMAG.254-281-375

Deutsche Grammophon edita em CD, Henri Dutilleux [1916-2013]: Correspondences por Orchestre Philharmonique de Radio France, sob a direcção de Esa-Pekka Salonen. IMAG.349-421

Imprensa Nacional - Casa da Moeda edita Do Terreiro do Paço à Praça do Comércio - História de Espaço Urbano; coordenação de Miguel Figueira de Faria.

PARLATÓRiO

Pelo que se refere à liberdade económica, sabem já há muito todos os meus leitores da Seara Nova ser minha opinião que o soi-disant liberalismo económico nada tem que ver com a liberdade intelectual e política, pois que se não funda em razões de direito, no respeito da pessoa humana, mas numa pura concepção económica ou em interesses egoístas de classe. Pode-se ser partidário da liberdade económica (por exemplo, a Associação Comercial de Lisboa) sem se comungar o liberalismo político, como se pode ser partidário do liberalismo político sem partilhar o liberalismo económico. São dois conceitos que estiveram logicamente ligados, numa das fases dialécticas da Revolução, mas que o não estão logicamente. Há, pois, que dissociá-los.
Raul Proença

Andei pelo mundo, cantei em todos os palcos, grandes e pequenos. Vivi coisas mágicas. Aprendi que, aquilo que acreditamos ter apreendido, é apenas uma pequena parte do que falta descobrir.
Georges Moustaki

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

COMO GUARDAR O CORAÇÃO NA CAIXINHA DAS ESMOLAS - 11

Para o Carlos “Zíngaro”

Até que um vulto reapareceu na ombreira antes transposta por Cândido. Durante alguns instantes, ficou a ganhar forma perceptível ao espanto de Benedita. Seria uma mistura híbrida, entre a decadência agastada do marido e a vivacidade do estrangeiro hóspede. Incrédula, desgraçada, Benedita sentiu desentranhar-se, fora de si, aquele logro maternal em que, para sempre, resplandecia o anelo profanado por Aquiles Roubeta.
- Demónio, o que me queres, e em que me tentas?! gritou ela, a estrebuchar numa agonia que a precipitava ao pior dos pesadelos.
Então, beijou-a uma língua de lume, com ardor corpóreo e tropical.
Continua

terça-feira, fevereiro 27, 2018

IMAGINÁRiO #465

José de Matos-Cruz | 01 Maio 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

BIZARRIAS
Felizmente para o futuro, há os MIB-Homens de Negro. Membros de um departamento ultra-secreto, criado pelo FBI para vigiar os extra-terrestres que, entretanto, se misturaram entre nós. De todas as espécies e aspectos, alguns trazem as melhores intenções, outros constituem uma ameaça. É sobre estes que se esmeram os MIB - os quais, além da eficiência, são muito discretos. Dois actuam sob as letras de código J e K. Dispõem da mais sofisticada tecnologia, com poder ilimitado. A principal missão de J e K é evitar que os forasteiros se tornem um problema. Por outras palavras, nem sequer existem para o cidadão comum. Para tanto, fornecem-lhes novas identidades e uma imagem banal. Quando alguém se torna mais curioso ou descobre a verdade, têm meios para apagar-lhe a memória, fazendo desaparecer quaisquer vestígios…
No início, Steven Spielberg produziu MIB / Homens de Negro / Men In Black, a cargo da Amblin para a Columbia. Ocupado então com O Mundo Perdido - Parque Jurássico 2 (1997), incumbiu da realização Barry Sonnenfeld, cuja bizarria apreciara em A Família Addams (1991). MIB / Men In Black começou por ser uma história em quadradinhos de Lowell Cunningham, editada por Malibu. Em 1992, o seu potencial fantástico interessou Walter F. Parkes & Laurie MacDonald, que garantiram os direitos de transposição. Entretanto associados a Spielberg, os álbuns voltaram aos escaparates, com êxito muito superior. A primeira fita da trilogia (1997-2002-2011) garantiu fidelidade à banda desenhada, embora sem desprezar outras ambições. Todos os trunfos contam. Por isso, nem o terror escapa ao humor…

CALENDÁRiO

20MAI2013 - Em São João do Estoril, morre Assis de Brito, aliás Carlos da Silva d’Assis Brito - primeiro Secretário do Instituto Português de Cinema / IPC, a partir de 1973.

24MAI-14JUN2013 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Exposição de Pintura de Pantoja Jordão.

MEMÓRiA

1841-01MAI1904 - Antonin Leopold Dvorák: Compositor checo, natural de Nelahozeves, Boémia, durante o Império Austríaco, compôs Danças Eslavas (1878), Quarteto op. 51 (1879) ou Sinfonia n.º 9 em mi menor - Do Novo Mundo (1893). IMAG.199-201-219-338-368

01MAI1934-2005 - Shirley Horn: Cantora e pianista americana - «Nunca conheci ninguém que conseguisse interpretar uma balada de modo tão lento e, ao mesmo tempo, tão musical» (Marian McPartland). IMAG.64

1960-01MAI1994 - Ayrton Senna: Piloto brasileiro de Fórmula 1 - «Ele estava sereno. Levantei-lhe pálpebras e tornou-se claro para mim, pelas suas pupilas, que sofrera um ferimento maciço no cérebro. Tirámo-lo do cockpit e colocámos o corpo no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, senti a sua alma partir nesse momento» (Sidney Watkins, neurocirurgião). IMAG.267

03MAI1404 - Morre João das Regras, o mais sábio jurisconsulto do seu tempo, primeiro conselheiro de El-Rei D. João I. «Notável barom, comprido de ciência… mui grande letrado em leis» (Fernão Lopes). Doutorado pala Universidade de Bolonha, deu início às Ordenações de Portugal.

07MAI1754-04MAI1824 - Joseph Joubert: Escritor e ensaísta francês - «São os livros que nos suscitam os maiores prazeres, e os homens que nos provocam as maiores agruras» (Pensées, Essais et Maximes).

1905-07MAI1974 - António José Branquinho da Fonseca: Ficcionista, poeta e dramaturgo português, filho de Tomás da Fonseca - «Com duas tábuas fiz / o barco onde navego / e onde sou tão feliz / que nunca chego… // Vou sonhando e cantando, / tão alto, que não sei / se o mar e o céu vão bons / ou se vão mal… // Só quero ir sempre andando / e reparando / nas diferenças / da paisagem sempre igual…» (Lago). IMAG.131-407

1743-08MAI1794 - Antoine Laurent de Lavoisier: Químico francês - «Aprender é juntar novos conhecimentos aos que já temos, tal como ensinar é - para o professor - falar dos conhecimentos adquiridos, para chegar a outros ainda não adquiridos. A primeira coisa a definir, é aquilo que sabe o aluno» (Sobre a Maneira de Ensinar Química). IMAG.342-432

08MAI1914-1980 - Roman Kacew, aliás Romain Gary: Cineasta, diplomata e escritor francês, ou sob o pseudónimo de Émile Ajar, Fosco Sinibaldi, Shatan Bogat, René Deville e Lucien Brûlard - «O humor é uma afirmação de dignidade, uma declaração da superioridade do homem frente a tudo aquilo que sofre… A realidade não é uma inspiração para a literatura. No máximo, a literatura é uma inspiração para a realidade». IMAG.366

VISTORiA

Não gosto de viajar. Mas sou inspector das escolas de instrução primária e tenho a obrigação de correr constantemente todo o País. Ando no caminho da bela aventura, da sensação nova e feliz, como um cavaleiro andante. Na verdade lembro-me de alguns momentos agradáveis, de que tenho saudades, e espero ainda encontrar outros que me deixem novas saudades. É uma instabilidade de eterna juventude, com perspectivas e horizontes sempre novos. Mas não gosto de viajar. Talvez só por ser uma obrigação e as obrigações não darem prazer. Entusiasmo-me com a beleza das paisagens que valem como pessoas, e tive já uma grande curiosidade pelos tipos rácicos, pelos costumes, e pela diferença de mentalidade do povo de região para região.
Num país tão pequeno, é estranhável tal diversidade. Porém não sou etnógrafo, nem folclorista, nem estudioso de nenhum desses aspectos e logo me desinteresso. Seja pelo que for, não gosto de viajar. Já pensei em pedir a demissão. Mas é difícil arranjar outro emprego equivalente a este nos vencimentos. Ganho dois mil escudos e tenho passe nos comboios, além das ajudas de custo. Como vivo sozinho, é suficiente para as minhas necessidades. Posso fazer algumas economias e, durante o mês de licença que o Ministério me dá todos os anos, poderia ir ao estrangeiro. Mas não vou. Não posso. Durante este mês quero estar quieto, parado, preciso de estar o mais parado possível. Acordar todas essas trinta manhãs no meu quarto! Ver durante trinta dias seguidos a mesma rua! Ir ao mesmo café, encontrar as mesmas pessoas!… Se soubessem como é bom! Como dá uma calma interior e como as ideias adquirem continuidade e nitidez! Para pensar bem é preciso estar quieto. Talvez depois também cansasse, mas a natureza exige certa monotonia. As árvores não podem mexer-se. E os animais só por necessidade física de alimento ou de clima, devem sair da sua região. Acerca disto tenho ideias claras e uma experiência definitiva. É até, talvez, a única coisa sobre que tenho ideias firmes e uma experiência suficiente. Mas não vou filosofar; vou contar a minha viagem à serra do Barroso.
Ia fazer uma sindicância à escola primária de V… Foi no Inverno, em Novembro, e tinha chovido muito, o que dera aos montes o ar desolado e triste dessas ocasiões.
As pedras lavadas e soltas pelos caminhos, as barreiras desmoronadas, algumas árvores com os ramos torcidos e secos. Fui de comboio até à cidade mais próxima, onde depois tomei uma camioneta de carreira que me deixou, já de noite, numa aldeia cujo nome não me lembra. Disseram-me que havia uma hospedeira ao fundo da rua. Era uma velha casa em ruínas. Entrei e fui ter à cozinha, uma divisão comprida e escura, ao fundo da qual estava uma fogueira acesa. Ao pé da fogueira, uma velha sentada. Não me sentia à vontade. Estava embaraçado, sem saber o que devia fazer, quando chegou uma senhora a procurar por mim. Era a professora, que, sabendo da minha chegada, vinha esperar-me…
Branquinho da Fonseca
- O Barão (1942, excerto)

A primeira coisa que vos posso dizer é que morávamos num sexto andar sem elevador e que, para a Madame Rosa, com todos aqueles quilos que transportava consigo e só com duas pernas, era uma verdadeira fonte de vida quotidiana, com todas as preocupações e dificuldades. Ela recordava-nos isso sempre que não se queixava de outra coisa, porque era também judia. A sua saúde não era famosa, e posso dizer-vos desde já que era uma mulher que teria merecido um elevador.
Romain Gary/Émile Ajar
- Uma Vida à Sua Frente
(1975, excerto - tradução de Joana Cabral)

ANTIQUÁRiO

08MAI1794 - Tendo caído em desgraça e suspeito de corrupção, durante a Revolução Francesa, Antoine de Lavoisier - julgado sumariamente, e condenado à morte - é guilhotinado em Paris.

PARLATÓRiO

Antoine de Lavoisier

Bastou um instante para lhe cortar a cabeça, mas talvez cem anos não sejam suficientes para produzir uma outra igual.
Joseph-Louis de Lagrange

TRAJECTÓRiA

Bases Lançadas
Por Antoine de Lavoisier

Citamo-lo por tudo e por nada, recorrendo à sua célebre frase «na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma». Mas a obra do francês Antoine de Lavoisier, que nasceu em 1743 e morreu guilhotinado após um julgamento sumário em 8 de Maio de 1794, está muito para além dessa expressão. Lavoisier é considerado o fundador da química moderna. Depois de ter realizado durante alguns anos experiências laboratoriais, publicou em 1789 o seu Tratado Elementar de Química, o primeiro livro da química moderna. Nele o francês fazia já uma lista de elementos químicos que não podiam ser subdivididos noutros. Entre eles, figuravam o oxigénio, nitrogénio, hidrogénio, fósforo, mercúrio e zinco. A partir daí a ciência da química estava lançada.
13JUN2009 - Diário de Notícias
 
BREVIÁRiO

Sony Pictures edita em DVD, Trilogia MIB / Homens de Negro / Men In Black (1997-2002-2011) de Barry Sonnenfeld; com Tommy Lee Jones e Will Smith. IMAG.152

EMI edita em CD, sob chancela Virgin Classics, Felix Mendelssohn [1809-1847]: Félix & Fanny por Quator Ebène. IMAG.175-205-394

sexta-feira, fevereiro 23, 2018

IMAGINÁRiO #464

José de Matos-Cruz | 24 Abril 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

VERTIGENS
Algures, na noite dos tempos, uma memória que remonta à lendária Idade Média: Uther - monarca dos Celtas, graças aos prodígios e símbolo de Poder que lhe confere Excalibur, a espada maravilhosa recebida da Dama do Lago, devido à interferência do druida Merlin - deixa-se vencer pelo desejo de posse da mulher de um inimigo, prejudicando assim os anseios de unidade, agravado pela ameaça de constantes invasões. Prestes a morrer, Uther crava Excalibur num rochedo, de onde só poderá ser arrancada, segundo Merlin, por aquele que «deve ser rei». Muitos anos depois, Arthur - nascido dos amores de Uther por Igrayne - recupera a espada, que faz dele um soberano. Agindo com coragem e sensatez, Arthur impõe a paz e cria a comunidade dos cavaleiros da Távola Redonda. Todavia, um dos seus pares, o corajoso Lancelot apaixona-se pela rainha Guenevere, e essa relação faz estalar de novo a discórdia e a violência, instigadas pela feiticeira Morgana, meia-irmã de Arthur. Só a coragem e o heróico sacrifício dos guerreiros da Távola Redonda podem exorcizar a maldição, e restabelecer a harmonia, pela demanda do Santo Graal…
Em Excalibur (1980), a partir de La Mort d’Arthur de Thomas Malory, John Boorman culminou um projecto antigo, de levar ao ecrã as sagas e proezas de uma época historicamente indeterminável, e que se liga às origens brumosas do ideal de bravura e honra da cavalaria. Obra de pleno fascínio, visual e sonoro, Excalibur anuncia, ainda, o limiar da Idade do Homem, sucedendo ao domínio das forças obscuras ou sobrenaturais.

MEMÓRiA

23ABR1564-1616 - William Shakespeare: Dramaturgo e poeta inglês - «Algum desgosto prova muito amor, mas muito desgosto revela demasiada falta de espírito» (Romeu e Julieta).
IMAG.26-79-131-141-146-164-179-202-232-239-322-326-342-366-377-387-404-410-415-443-457

25ABR1854-1912 - Jules Henri Poincaré: Filósofo, matemático e físico francês - «Duvidar de tudo, ou em tudo acreditar, são duas soluções igualmente cómodas, que nos dispensam, ambas, de reflectir». IMAG.126-379

25ABR1874-1937 - Guglielmo Marconi: Físico italiano, inventor da telegrafia sem fios - «Só progredimos, quando estamos cientes de que poderemos ir muito mais além». IMAG.139

1880-25ABR1944 - George Herriman: Artista norte-americano de banda desenhada, ilustrador e caricaturista, autor de Krazy Kat (1913-1944) - «A mais engraçada e fantástica e estimulante obra de arte produzida na América hoje» (Gilbert Seldes - 1924). IMAG.124-309

28ABR1874-1936 - Karl Kraus: Dramaturgo, poeta e ensaísta austríaco - «O segredo do demagogo é fazer-se passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que as pessoas imaginem ser tão espertas quanto ele próprio».

28ABR1914-2011 - Michel Mohrt: Romancista francês, ensaísta e editor, especialista em literaturas anglo-saxónicas (1986) - «Devemos fazer coisas loucas com a máxima prudência». IMAG.371

29ABR1884-1960 - Jaime Cortesão: Escritor e historiador português - «Ao dealbar do Século XII, o povo ocupou toda a costa e criou o género de vida nacional, a Nação organizou-se em função marítima e, por esse esforço de massas, Portugal começou a viver de vida própria». IMAG.285-302-333-342-448

30ABR1914-2008 - Dorival Caymmi: Cantor, compositor, poeta e pintor brasileiro - «Se eu pensar em música brasileira, eu vou sempre pensar em Dorival Caymmi. Ele é uma pessoa incrivelmente sensível, uma criação incrível. Isso sem falar no pintor, porque o Dorival também é um grande pintor» (Tom Jobim). IMAG.211

30ABR1944-2010 - Jill Claybourgh: Actriz americana de teatro e cinema - «As personagens que interpreto melhor, no ecrã, são as que, em termos emocionais, estão a desfazer-se a olhos vistos».IMAG.331

1890-30ABR1954 - Raul Ferrão: Militar de carreira, compositor e maestro português, autor de Abril Em Portugal - «Menção paradigmática de uma certa forma de fazer música popular… É espantoso como muitas melodias tenham resistido à erosão do tempo e às modulações das épocas» (Baptista-Bastos). IMAG.417

VISTORiA

Salanio: Podeis crer-me, senhor: se eu tivesse tanta carga no mar, a maior parte das minhas afeições navegaria com as minhas esperanças. A toda a hora arrancaria folhinhas de erva, para ver de onde sopra o vento; debruçado nos mapas, procuraria sempre portos, embarcadoiros, rotas, sendo certo que me deixaria louco, tudo o que me tornasse apreensivo pela sorte do meu carregamento.
William Shakespeare
- O Mercador de Veneza - Acto I (1596-1597, excerto)

Cartas à Mocidade

És moço. O teu desejo inquieto sonha os destinos grandiosos. Chegaste à encruzilhada dos mil caminhos. E hesitas? É à tua incerteza que eu desejo falar. Com que direito? Estou a ouvir que me perguntas. Venho de percorrer muitos dos caminhos do mundo. Mas, através de hesitações e quedas, sempre a luz me bateu de frente sobre o rosto. Já me sacrifiquei pelos homens todos, pela beleza da vida. Posso falar. E falo-te tanto pelo pesar dos erros, como pela alegria das boas obras realizadas.
Eu sei que à tua beira se abrem os caminhos fáceis e sedutores. Se és ambicioso, podes ganhar glória, dinheiro e poderio, com pequeno custo. Escritor, basta-te lisonjear o mau gosto do público e as suas piores inclinações. Político, enfileiras nos partidos e dobras-te às imposições das clientelas. Jornalista, serves as oligarquias do dinheiro e as paixões populares. Profissional, abres balcão e fazes da tua profissão apenas um negócio. És, enfim, um habilidoso animado pela cupidez: oprimes os fracos, abusas da ignorância, aproveitas as condescendências da moral comum, exploras a miséria, a estupidez ou os vícios humanos, e depressa chegarás aos fastígios ilusórios que não alcançam os que trabalham com esforço rude e com desejo de Justiça.
Jaime Cortesão
- Seara Nova - Nº 3 (1921, excerto)

Acalanto

É tarde
A manhã já vem
Todos dormem
A noite também
Só eu velo
Por você, meu bem
Dorme anjo
O boi pega Neném
Lá no céu
Deixam de cantar
Os anjinhos
Foram se deitar
Mamãezinha
Precisa descansar
Dorme, anjo
Papai vai lhe ninar
«Boi, boi, boi,
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta»
Dorival Caymmi

COMENTÁRiO

As Óperas de Paula Rego

A dimensão pluridisciplinar da ópera é, na essência, conjugadora de formas e recursos expressivos que enriquecem o modo como se contam histórias.
A selecção destas histórias por Paula Rego, para figurarem nas suas obras, foi realizada em total coerência com a pesquisa pictórica que a artista vinha desenvolvendo: o drama das relações humanas, sem artifícios nem heróis.
São elas The Girl of the Golden West (obra destruída num incêndio), e La Bohème, ambas de Giacomo Puccini; Aida, Rigoletto, Falstaff, La Traviatta, de Giuseppe Verdi; Fausto de Charles Gounod; Carmen de Georges Bizet, e Jenufa, de Leoš Janácek. As obras criadas pela artista a partir destas óperas são o depósito residual de muitas das histórias que aí se contam; são comédias e tragédias, em que os humanos interagem com animais, em enredos complexificados e justapostos.
Com As Óperas ficaram estabelecidos novos princípios actuantes introduzidos na linguagem visual de Paula Rego, que multiplicam as personagens e repetem elementos formais, explorados numa unidade temática e estilo inconfundível.
Esta nova forma de comunicar visualmente as suas histórias e imagiconografia (termo criado por Victor Willing) ganhará um novo fôlego nas pinturas realizadas durante os anos de 1984 e 1985 e, em particular, nas suas séries Vivian Girls e Dentro e Fora do Mar que recuperam e intensificam a cor enquanto elemento estruturante da composição, aumentam a escala dos personagens e conferem à pintura força e gestualidade até antes não atingidas.
Catarina Alfaro

O Campeão do Mundo Ocidental de J.M. Synge

Sempre gostei das peças em que se abre uma porta. Aqui, quem entra pouco, depois de se levantar o pano, é mesmo inesperado. Atrapalhado, tímido, receoso, inseguro, olhando para todos os lados, aquele rapaz roto e sujo traz consigo mentiras, fantasias, histórias que vai inventando à nossa frente. Não é isso a vida…?
Jorge Silva Melo

CALENDÁRiO

16MAI2013 - Teatro Nacional de D. Maria II estreia na Sala Garrett, com Artistas Unidos, O Campeão do Mundo Ocidental de J.M. Synge; com Elmano Sancho e Maria João Pinho, sendo encenador Jorge Silva Melo.

1921-16MAI2013 - Fred Funcken: Argumentista e ilustrador belga, autor de banda desenhada, colaborador dos jornais Spirou e Tintin e especialista em uniformologia, tendo assinado Harald, o Vicking ou Jack Diamond.

17MAI-29SET2013 - Em Cascais, Casa das Histórias Paula Rego expõe As Óperas e a Colecção Casa das Histórias de Paula Rego, sendo curadora Catarina Alfaro.
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BREVIÁRiO

Warner edita em Blu-ray, Excalibur (1980) de John Boorman; com Nigel Terry e Helen Mirren.
 

quinta-feira, fevereiro 22, 2018

IMAGINÁRiO #463

José de Matos-Cruz | 16 Abril 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

ANIMAÇÕES
O Submarino Amarelo / Yellow Submarine (1968) é uma animação psicadélica, realizada por George Dunning e inspirada pela canção de John Lennon & Paul McCartney. No reino de Pepperland, os cidadãos deliciam-se com a Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band, quando são atacados pelos Blue Meanies, para acabarem com a sua música e felicidade. Os invasores congelam os cidadãos e convertem tudo em cinzento e azul, mas o chefe da banda, Old Fred escapa num submarino amarelo, emergindo nas ruas de Liverpool. Então, é socorrido por Ringo (Starr), John, Paul e George (Harrison)… Eis um universo visionário, delirante, colorido, onírico, irracional, fantástico, sob o signo da aventura surreal - em que se contrastam a banda desenhada, o elã melódico, a expressão pictórica. Assim se cruzam art nouveau e pop art, Salvador Dali e Lewis Carrol, Mandrake e Mickey Mouse, Marilyn Monroe e King Kong, John Ford e Roy Lichtenstein. Guerra e paz, liberdade e tirania, caos e harmonia - estilizando The Beatles no País das Maravilhas. Concebido como um espectáculo para crianças, logo este filme surpreendente e mágico se converteu num clássico intemporal, para todas as idades, fascinando gerações.

CALENDÁRiO

1921-ABR2013 - Edna Mae Durbin, aliás Deanna Durbin: Cantora canadense e actriz de Hollywood - «Nunca fui feliz a fazer filmes» (1958).

09MAI2013 - Clap Filmes estreia Photo de Carlos Saboga; com Ana Padrão e Johan Leysen.

09MAI2013 - Costa do Castelo estreia Além de Ti de João Marco; com Adelaide FonsecaJoão Machado.

09MAI2013 - Universia estreia Beat Girl de Martín de Barra; com Louise Dylan e Craig Daniel Adams.

10MAI-07JUL2013 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe Pintura e Desenho de José Luís Tinoco.

11MAI-15JUN2013 - Câmara Municipal de Cascais apresenta, com Fundação D. Luís I, a 5ª Edição do Concurso / Exposição Internacional de Escultura - ArteMar Estoril 2013.

16MAI2013 - ZON Audiovisuais estreia A República di Mininus de Flora Gomes; com Danny Glover e Bruno Mauro.

16MAI2013 - Nuno Júdice é distinguido com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, atribuído por convénio entre o Património Nacional Espanhol e a Universidade de Salamanca. IMAG.132-310-421

18MAI-18JUN2013 - Na Torre / Paço do Castelo de Evoramonte, DRC Alentejo e Fundação Obras expõem Jardim Secreto de Ingrid Simons.

VISTORiA

Versos Inscritos Numa Taça Feita de um Crânio

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito;
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie a terra aos meus ossos;
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes que os teus olhos.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora eu;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as fontes geram tal tristeza
Através da existência – curto dia –,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.
Lord Byron
(Tradução de Castro Alves)

MEMÓRiA

16ABR1844-12OUT1924 - Jacques Anatole François Thibault, aliás Anatole France: Escritor francês - «Em matéria de propriedade, o direito do primeiro ocupante é incerto e pouco seguro. O direito de conquista, pelo contrário, assenta em fundamentos sólidos. Ele é respeitável, porque é o único que se faz respeitar». IMAG.307

16ABR1934-2012 - Victor Arriagada Ríos, aliás Vicar: Autor chileno de banda desenhada, ilustrador de Pato Donald / Donald Duck no mercado europeu - «O seu hábil talento combinava estilo e humor» (Pepe Antartico). IMAG.391

18ABR1944-2010 - Carlos Pinto Coelho: Jornalista, fotógrafo, apresentador de Acontece (RTP2 - 1994-2003) - «Sou um homem sem pátria, sem terra, sem raiz… Quando não triunfo, fico muito zangado». IMAG.335

1895-18ABR1974 - Marcel Pagnol: Cineasta e dramaturgo francês, membro da Academia Francesa - «A razão pela qual algumas pessoas acham tão difícil serem felizes, é porque estão sempre a julgar o passado melhor do que foi, o presente pior do que é e o futuro melhor do que será».

1788-19ABR1824 - George Gordon Byron, aliás Lord Byron: Poeta britânico - «Sabemos tão pouco do que estamos a fazer / neste mundo, que eu me pergunto a mim próprio se a própria dúvida não está em dúvida». IMAG.79-163

1910-21ABR1984 - Manuel Mujica Lainez: Escritor e jornalista argentino - «Recordo agora em que outra expressão desencantada a sua me faz pensar, em que outros olhos observei o mesmo modo de ver, mas não é a mesma coisa, é algo diferente e até oposto, embora deva referi-lo e descrevê-lo, pois não poderia levar tal comigo para além da morte. Parecia pueril, insignificante, mas não era. Se repararmos bem, perceberemos que não era. Tinha um tipo de crueldade irreflexiva, maquinal, uma crueldade predisposta a ser cruel» (A Casa - excerto). IMAG.219-290

NOTICIÁRiO

O Último Companheiro de Byron

Morreu o último companheiro sobrevivente de Lord Byron. Chamava-se Jean Capsu e acompanhara Byron durante o cerco de Missoloughi. Tinha 98 anos.
14ABR1890 - Diário de Notícias
 
COROLÁRiO

Com mais de trinta anos na escrita de argumentos, para o cinema português, Carlos Saboga estreia-se na realização, aos setenta e seis, com Photo, sendo também autor da história.
Photo transita entre Portugal e França, entre o passado e o presente. Em causa, um conjunto de fotografias enigmáticas, que Elisa descobre após a morte da mãe, a autora das imagens, e nas quais estão retratados três homens, durante os anos 1960 e 1970.
As interrogações sobre a identidade daqueles indivíduos - e sobre possível ligação parternal a um deles - conduzirão Elisa a Portugal, onde descobrirá, ainda, implicações de um antigo agente da PIDE.
Photo tem alguns pontos de contacto com o percurso de Saboga, e com a sensação de não pertença a um país. Nascido na Figueira da Foz, partiu para o exílio nos anos 1960, vivendo actualmente em Paris. Apesar da dupla nacionalidade, e dos regressos regulares a Portugal, muitas vezes sente-se um estrangeiro, num país ou no outro.
Da biografia de Carlos Saboga, consta ainda que trabalhou como tradutor, jornalista, crítico de cinema, que foi «seleccionado aqui e ali em diversos concursos e festivais de vária monta. Raramente recompensado. Sem diplomas».
Carlos Saboga reconhece que o argumentista tem um «trabalho muito anónimo», que é raramente citado pela crítica, e que tem de lidar com um certo desfasamento entre aquilo que escreve e o que acaba por ser dito pelos actores, e que resulta num filme.

BREVIÁRiO

EMI edita em DVD, O Submarino Amarelo / Yellow Submarine (1968) de George Dunning; com The Beatles. IMAG.70

Assírio & Alvim re-edita Rumor Banco de Almeida Faria.

Universal edita em CD, Maria João Pires / Carlos do Carmo. IMAG.106-166-314-411-434-449

Ulysseia edita Peito Grande, Ancas Largas de Mo Yan; tradução de João Martins. IMAG.431

Universal em CD, Grrr! por Rolling Stones. IMAG.54-118-206-309-313-384

EXTRAORDINÁRiO

OS SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico

COMO GUARDAR O CORAÇÃO NA CAIXINHA DAS ESMOLAS - 10

Com um tal impacto, que nunca mais saía. Como se estivesse emaranhado às trevas. Pelo menos, assim parecia a Benedita, que ficara expectante na cozinha. Cada vez mais instável. À coca de qualquer ruído, e mirando consumida as labaredas.
Continua