quarta-feira, fevereiro 21, 2018

IMAGINÁRiO #462

José de Matos-Cruz | 08 Abril 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

FASCÍNIOS
O apogeu visionário e sofisticado do cinema, segundo David Lynch, sagrou-se em Duna / Dune (1984), alicerçado sobre um romanesco de amplo prestígio e de culto ritual. O clássico de Frank Herbert - assim, virtualizando uma epopeia implícita no inconsciente colectivo, que corresponde ao domínio mítico e mágico em que convergem a fábula do passado e a mística do futuro. Através de peculiar estilo narrativo e de sinais estéticos propícios a implementar as correspondências dramáticas do universo literário sobre o imaginário fílmico, o que ressalta - para além do espectáculo sumptuoso e exaltante, em que a família Dino De Laurentiis reconverte a tradição e o fascínio de Hollywood pelas superproduções - é, afinal, uma alegoria absoluta sobre a nossa civilização… Remetendo, embora, para o ano de 10191, noutra galáxia sobre o sistema de Canopus. Eis, caldeadas, a história e a lenda, as conjunturas do poder e os símbolos libertários, a exaltação heróica e os prodígios mentais, a perversão maligna e a ressurreição da justiça, a corrupção das emoções e o resgate do amor…

MEMÓRiA

10ABR1894-1982 - Ben Nicholson: Pintor abstracto britânico, membro do grupo Unit One (1934) - «Interessa-me encontrar o santo Graal dos mínimos meios para expressar as ideias mais complexas». IMAG.368

10ABR1924-1952 - Sebastião da Gama: Escritor português - «Ó glória de saber que o Mar termina / onde a minha coragem se acabar, / a ti dou quanto é meu! / Glória de por meus nervos garantir / o direito de escarnecer da Morte / quando a Morte julgar que me venceu!» (Relatório 2). IMAG.358

1627-12ABR1704 - Jacques Bossuet: Teólogo francês - «O maior engano do espírito é acreditarmos nas coisas porque queremos que elas aconteçam, e não porque tenhamos visto que elas de facto existem».

1741-13ABR1794 - Sébastien-Roch Nicolas, aliás Nicolas de Chamfort: Escritor e moralista francês - «Aprendendo a conhecer os males da natureza, despreza-se a morte; aprendendo a conhecer os males da sociedade, despreza-se a vida… Neste mundo, existem três espécies de amigos: os que nos amam, aqueles que não se preocupam connosco e os que nos odeiam». IMAG.269-327

14ABR1904-2000 - Sir John Gielgud: Actor britânico do teatro e do cinema - «Como actores, antes de sermos capazes de fazer alguma coisa, é indispensável termos a certeza de que somos alguma coisa». IMAG.131-275-387

1907-14ABR1964 - Rachel Carson: Escritora e cientista norte-americana, zoóloga e bióloga - «Sei que ajudei pouco o meio ambiente. Afinal, não seria muito realista pensar que um livro poderia mudar algo no mundo. O homem é parte da natureza, e a sua guerra contra a natureza é, inevitavelmente, uma guerra contra si mesmo… Temos pela frente um desafio como nunca a humanidade entrentou, de provar a nossa maturidade e o nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos» (sobre A Primavera Silenciosa - 1962). 
 
CALENDÁRiO

1941-22ABR2013 - Richie Havens: Cantor folk americano, abriu o Festival de Woodstock (1969) - «Tudo na minha vida, e na de muitos outros, está ligado a esse comboio».

25ABR2013 - Midas Filmes estreia É o Amor de João Canijo; com Anabela Moreira e Cassilda Pontes. IMAG.1-13-63-220-299-379

25ABR2013 - ZON Audiovisuais estreia O Frágil Som do Meu Motor de Leonardo António; com Albano Jerónimo e Manoela Amaral.

02MAI2013 - O Som e a Fúria produziu, e estreia As Ondas de Miguel Fonseca, com Alice Contreiras e Andreia Contreiras; Sinais de Serenidade Por Coisas Sem Sentido de Sandro Aguilar, com Albano Jerónimo e Isabel Abreu; e Solo de Mariana Gaivão, com Isabel Abreu. IMAG.249-379

VISTORiA

Pequeno Poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
Sebastião da Gama 
 
GALERiA

3 Curtas

Ondas (Miguel Fonseca) - Diante de mim, paisagens da costa, verdadeiramente belas. Para sempre ligadas a estas imagens, a minha juventude, o meu paraíso perdido. O imenso oceano, as praias, as pessoas morrendo docemente, tristemente. A vida e a morte estavam a ser aqui filmadas como um todo: a morte como parte da vida, uma mudança cósmica, uma transformação. E as ondas, indiferentes a tudo.

Sinais de Serenidade Por Coisas Sem Sentido (Sandro Aguilar) - Quando as brasas ou faíscas de fogo se pegarem ao vaso de água denota vento. Quando os montes ecoarem muito e o mar fizer grande ruído, denota ventos tempestuosos e tempestades no mar. Quando, ao amanhecer, aparecer muita névoa, denota serenidade por dois dias. A ver vamos.

Solo (Mariana Gaivão) - A serra arde sob o calor de Agosto. Uma bombeira cai, engolida pelo solo, de onde não consegue sair. O corpo quebrado sobrevive como pode. Esperando algum tipo de salvação. Lá fora, a noite desce.

COMENTÁRiO

A melhor filosofia, relativamente à sociedade, é a de aliar, a seu respeito, o sarcasmo da satisfação à indulgência do desprezo.

Há duas coisas a que temos de nos habituar, sob pena de acharmos a vida insuportável: são as injúrias do tempo e as injustiças dos homens.

O homem sem princípios é também comummente um homem sem carácter; pois, se tivesse nascido com carácter, teria experimentado a necessidade de criar princípios para si.

A calúnia é como uma vespa que o importuna e, contra a qual, não se deve fazer qualquer movimento, a não ser que se tenha a certeza de a matar.

O prazer pode apoiar-se sobre a ilusão, mas a felicidade repousa sobre a realidade.

Felizes os que nada esperam, nunca serão desiludidos!
Nicolas de Chamfort

Até que tenhamos coragem de reconhecer a crueldade pelo que ela é - seja a vítima um animal humano ou não humano - não podemos esperar que as coisas melhorem neste mundo… Não podemos ter paz, vivendo entre homens cujos corações se deleitam em matar criaturas vivas. Por cada acto que glorifica o prazer de matar, estamos a atrasar o progresso da humanidade.
Rachel Carson
(The House of Life: Rachel Carson at Work - 1972)

ANUÁRiO

1734-1819 - José Monteiro da Rocha: Matemático e precursor da moderna astronomia portuguesa, autor de Memória Sobre a Determinação das Órbitas dos Cometas (Academia Real das Ciências de Lisboa - 1782) - «Lá fora o [seu] trabalho nunca chegou a ser conhecido, mas, se o tivesse sido, poder-se-ia hoje ter também o nome deste português a par do alemão [Wilhelm] Olbers, como sendo os primeiros inventores de um método prático para a determinação das órbitas parabólicas dos cometas» (Fernando Figueiredo - autor de José Monteiro da Rocha e a Atividade Científica do Observatório Astronómico e da Faculdade de Matemática de 1772-1820 - Coimbra, 2011).

BREVIÁRiO

Universal edita em Blu-ray, Duna / Dune (1984) de David Lynch; com Kyle MacLachlan e Francesca Annis. IMAG.74-90-222-331

Distrijazz edita em CD, sob chancela ECM, Johann Sebastian Bach [1685-1750]: Das Wohltemperierte Clavier pelo pianista András Schiff.
IMAG.32-58-163-198-203-212-216-220-240-248-267-268-269-277-280-284-305-308-332-334-340-363-375-384-389-392-423-432-458

Quetzal edita A Civilização do Espectáculo de Mario Vargas Llosa; tradução de Cristina Rodríguez e Artur Guerra. IMAG.229-245-297-327-342-348-395

Sony edita em CD e DVD, The [Frédéric] Chopin [1810-1849] Album pelo pianista Lang Lang. IMAG.92-191-203-247-265-298-325-375-380-412

Dom Quixote edita Lx 60 - A Vida Em Lisboa Nunca Mais Foi a Mesma de Joana Stichini Vilela e Nick Mrozowski.
 

Sem comentários:

Enviar um comentário