sexta-feira, setembro 15, 2017

IMAGINÁRiO #370

José de Matos-Cruz | 08 Maio 2012 | Edição Kafre | Ano IX – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

IMAGENS
Os últimos anos de cinema mudo em Portugal, até princípios da década de ’30 do Século XX, acentuam uma existência precária e contingente, fortemente marcada, num âmbito criativo e cénico, pela experiência individualista, o entusiasmo pontual, a vontade de expressão, a afirmação pelo imaginário - dilemas e virtualidades que, tornando determinante a maturidade de Rino Lupo, ou o apoio técnico de profissionais, logo ao nível da fotografia, da montagem e dos laboratórios, suscitam ainda, quanto às perspectivas de produção, o aparecimento de empresas efémeras, ou um nexo significativo com o sector da distribuição. Eventualmente, as deficientes infra-estruturas são escamoteadas pelo apelo, mesmo da vizinha Espanha, às instalações da antiga Invicta Film - uma ambição industrial que, embora malograda, deixou vivências, recursos e operacionais decisivos, em tempos de incerteza e dificuldade, quando já se avoluma a expectativa de uma viragem irreversível, em termos narrativos, testemunhadores e, sobretudo, de motivação artística e transformação mediática. Entretanto, a tradição rural portuguesa tem reflexos em Hollywood. É, ainda, nesta fase transitória mas mobilizadora, que se lança uma primeira geração de realizadores nossos - sob factores, alternativas, objectivos e desafios que, além da sua efectiva manifestação iniciática, implicariam a prática e a realidade do cinema nacional, durante os primeiros três decénios do sonoro.

MEMÓRiA

1880-15ABR1942 - Robert Musil: Escritor austríaco - «Não é que o génio se adianta um século em relação ao seu tempo, é a Humanidade que se encontra cem anos atrás dele». IMAG. 56-202-231-236-297-366

1699-08MAI1782 - Sebastião José de Carvalho e Melo: Conde de Oeiras e Marquês de Pombal - «É mais eficaz a moderação com que se repreende do que a severidade com que se castiga». IMAG.17-19-39-54-84-194-256-340

1849-14MAI1912 - August Strindberg: Ficcionista e ensaísta sueco - «Somos inocentes, mas responsáveis. Inocentes perante aquele que já não existe, responsáveis perante nós próprios e os nossos semelhantes». IMAG.288

15MAI862-1931 - Arthur Schnitzler: Escritor e médico austríaco - «Fantasia dourada, caprichosa! Aproximas-te de um de nós, lisonjeira, com fragrante amizade - e o transformas no mais feliz dos loucos, o poeta; como um inimigo, atacas o outro - e o transformas no mais lamentável dos poetas: o louco» (O Meu Amigo Ypsilon).IMAG.216-224-343

CALENDÁRiO

15JUL-23OUT2011 - No Porto, Espaço Fundação EDP apresenta Expo / A Caçadora Furtiva - Pinturas e Desenhos - Paula Rego. IMAG.11-13-31-199-205-258-269-325-342-364

1928-11AGO2011 - Francisco Solano López: Artista argentino de banda desenhada, ilustrador de El Eternauta, criado por Héctor Germán Oesterheld - «A minha versão de Robinson Crusoé».

18AGO2011 - Columbia TriStar Warner estreia Green Lantern / Lanterna Verde de Martin Campbell; com Ryan Reynolds e Blake Lively, sobre o original universo em quadradinhos por Martin Nodell e Bill Finger. IMAG.80-297

INVENTÁRiO

CAMPINOS
Derradeira obra de ficção do cinema mudo português, Campinos, ou Campinos do Ribatejo, teve distribuição de Mello, Castello Branco, e estreou no São Luiz, a 6 de Setembro de 1932. Em sagração, a vida pitoresca e aventurosa das gentes da lezíria, ilustrando o precário romance entre o maioral duma herdade e a filha do patrão. As lutas, o jogo-de-pau, o tropel das manadas, a vistosa espera de touros...
Além de produtor, argumentista e realizador, António Luís Lopes - cavaleiro tauromáquico que já havia falado no ecrã, como Conde de Marialva em A Severa (1931 - Leitão de Barros) - foi ainda protagonista, ao lado de seu filho Rafael Luís Lopes. Na filha do Lavrador, sobressaía Maria Helena Matos, também assistente de realização e co-autora da história. Contracenaram Maria Lalande e Dina de Vilhena. Com fotografia de Salazar Diniz, César de Sá e Francisco A. Quintela, a rodagem decorreu em 1931, no Ribatejo e na Praça de Touros de Algés, com interiores na Sociedade de Belas-Artes. O projecto inicial era sonorizar a fita no estrangeiro, expectativa depois abandonada por motivos económicos. Mesmo assim, Jaime Mendes assinou a partitura, com direcção musical de Júlio/Joel Canhão.

COMENTÁRiO

GREEN LANTERN
Concebido em quadradinhos por Martin Nodell e Bill Finger, Green Lantern / Lanterna Verde apareceu em 1940, na revista All-American Comics, sendo Alan Scott o herói humano original na Época de Ouro. Nos anos ’60, surge reformulado em Hal Jordan, membro fundador da Liga da Justiça - América, e cabendo uma recriação essencial ao artista Gil Kane. No universo dos DC Comics, distintos paladinos assumem Green Lantern, em vários tempos e diversos mundos. Cada super-herói possui um anel, forjado pelos Guardiães do Universo. Este prodigioso artefacto permite controlar a realidade física e gerar, mentalmente, materiais plasmados pela vontade e necessidade ocasional.
HAL JORDAN
Enquanto experimentava um simulador de voo, o piloto de testes Hal Jordan é sequestrado por uma estranha luz verde. Chegado ao destino, encontra um alienígena moribundo, numa nave espacial destroçada. Abin Sur confia-lhe um extraordinário anel e, mais tarde, Hal Jordan descobre que se converteu em Green Lartern, membro de uma corporação que luta pela paz e pela ordem intergaláctica, e responsável pelo controlo de um sector estratégico… Na Época de Prata dos quadradinhos, eis os pretextos para a reactivação de uma das mais populares e complexas sagas fantásticas, cujos múltiplos justiceiros intervêm solitária ou colectivamente, com amplas repercussões entre si.
DRAGON LORD
Antes de Alan Scott combater os nazis, durante a II Guerra Mundial, segundo a tradição clássica, um outro Green Lantern fez cintilar a luz esmeralda, sob um elã precursor - em plena China feudal, pelo ano 660 D.C. Doug Moench previu este misterioso primitivo, numa aventura excitante e perturbadora, ilustrada por Paul Gulacy e Joseph Rubinstein. Um eleito místico, Jong Li dedicou a sua vida à solidão, ao recolhimento interior, integrado no Último Templo dos Lordes-Dragões. Até que, subitamente, Jong Li adquire um poder sobrenatural, com a visita e a dádiva de um alienígena Green Lantern. Afinal, Jong Li terá que decidir entre o heroísmo humano e a devoção celestial...

EL ETERNAUTA
«Era de madrugada, cerca das três horas. Nas casas vizinhas, não havia qualquer luz… De repente, um ruído - um ruído na cadeira à minha frente, onde costumam sentar-se os que vêm falar comigo…»
Assim principia El Eternauta, mítica saga argentina em quadradinhos, sobre as aventuras e os desaires de Juan Salvo, um viajante do espaço-tempo que tenta salvar a família de uma tragédia iminente. Em causa, a invasão da Terra por Eles - seres com uma tecnologia muito superior à humana, e capazes de escravizar qualquer outra civilização. Concebida por Héctor Germán Oesterheld (1917-1977) e ilustrada por Francisco Solano López (1928-2011), esta epopeia trágica - centrada na ocupação de Buenos Aires, e nos lances da Resistência - simboliza uma crítica ao individualismo social e um canto à união entre os homens. Originalmente publicado na revista Hora Cero Semanal entre 1957 e 1959, e relançado por editorial Frontera, El Eternauta teve expansão por Oesterheld através de uma remake (1969) e de uma sequela (1975), a que se seguiram múltiplas derivações por diversos argumentistas e desenhadores.

VISTORiA

Família, tu és a morada de todos os vícios da sociedade; tu és a casa de repouso das mulheres que amam as suas asas, a prisão do pai de família e o inferno das crianças.
August Strindberg
- O Filho da Criada (excerto)

TRAJECTÓRiA

Schnitzler, Esse Desconhecido
Arthur Schnitzler nasceu em 1862, em Viena (Áustria), no seio de uma família judaica. Formou-se em Medicina e interessou-se pelo estudo da psiquiatria e da psicanálise e acompanhou os estudos de Freud, que considerava o escritor como uma espécie de seu duplo na literatura. Da sua obra literária destacam-se as suas peças de teatro, que tecem uma atmosfera psicológica, erótica e melancólica e causaram escândalo quando encenadas.
17FEV2011 - Diário de Notícias

ANUÁRiO

1702-1755 - Francisco António de Almeida: Músico e organista da Patriarcal, compositor da corte de D. João V, autor da ópera cómica La Spinalba - estreada no Paço da Ribeira em 1739, e cuja partitura foi editada em 1969 pela Fundação Calouste Gulbenkian.

1802-1879 - Jean Commerson: Aforista francesa - «A virtude é uma linha horizontal, a força é uma linha vertical e a astúcia uma linha oblíqua».

1872 - A criação do sirgo rende no distrito da Guarda 100 contos de réis.

BREVIÁRiO

Apenas Livros edita Cinema Português - Fitas Sem Falas 3 por José de Matos-Cruz.

Contraponto edita Contos dos Subúrbios de Shaun Tan; tradução de Maria Lúcia Lima.

Universal edita em CD, sob chancela Decca, Beau Soir pela violinista Janine Jansen, com o pianista Itamar Golan.

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