José
de Matos-Cruz | 01 Maio 2013 | Edição Kafre | Ano X – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
TRANSCENDÊNCIAS
Em
1986, Jean-Jacques Annaud
provocou incómodo e sensação - a partir do bestseller
de Umberto
Ecco,
O Nome da Rosa
- ao sagrar as fracturas
abissais entre as crises de mentalidade e os paroxismos da
civilização. Pela Europa de 1327, dividem-se no seio eclesiástico
os que veneram o imobilismo dos dogmas e do conhecimento, apoiados
pelo terror da Inquisição, e a facção que defende um
discernimento de abertura e mudança, sobre a memória do passado e
as premências da realidade. Assim, celebra-se a reunião que opõe
uma elite de Franciscanos a legados do Papa para, debatendo se Jesus
era ou não senhor das roupas que usava, concluirem se a Igreja
deveria acumular riquezas para assegurar a glória de Deus ou, pelo
contrário, lhe caberia ser o exemplo da pobreza. A acção decorre
em mosteiro beneditino das montanhas, sob uma arquitectura interior
traçada pela austeridade, os mistérios e as ameaças… Sean
Connery e F.
Murray Abraham protagonizam o
insanável confronto entre bem e mal, num espectáculo deslumbrante e
crepuscular.
CALENDÁRiO
16JUN-02SET2012
- Culturgest exibe Os Filmes
de António Palolo
(1946-2000), sendo curador Miguel
Wandschneider.
02JUL-31AGO2012
- Biblioteca Nacional expõe, na Sala de Referência, Um
Lugar Nos Olhos de Luís
Manuel Gaspar. IMAG.399
1926-03JUL2012
- Sergio Pininfarina: Empresário italiano e designer
de automóveis, ligado à Ferrari e à Maseratti, membro do European
Automotive Hall of Fame (2008) - «O meu sonho é criar uma beleza
eterna».
1944-05JUL2012
- Gerrit Komrij: Escritor holandês, residente em Portugal - «Tudo o
que escreve sobre Portugal é muito interessante não só pela grande
qualidade que ele punha em tudo o que escrevia, mas também pela
abordagem interessada e muito amiga, mas também irónica» (Fernando
Venâncio).
06JUL2012
- Na Assembleia da República, é aprovada a Lei do Cinema (Projecto
de Lei Nº69/XII do Governo). O novo diploma estabelece os princípios
de acção do Estado no quadro de fomento, desenvolvimento e
protecção da arte do cinema e das actividades cinematográficas e
audiovisuais, baixando agora à Comissão de Educação, Ciência e
Cultura.
1917-08JUL2012
- Ermes Effron Borgnino, aliás Ernest Borgnine: Actor americano de
teatro e cinema, distinguido com um Oscar por Marty
(1955) - «Onde estão grandes intérpretes como os de outrora -
Spencer Tracy, Gary Cooper ou Edward G. Robinson? Um dia, ao falar
com Lee Marvin, chegámos à conclusão que éramos os últimos de
uma fornalha. Os últimos dos que tiveram oportunidade de contracenar
com artistas tão extraordinários. Isso faz-me sentir muito humilde.
Sinto que tenho de trabalhar com muito rigor e exigência».
IMAG.117-313
20JUL-02SET2012
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe
Pigmentos
de Luísa Albino.
MEMÓRIA
1890-30ABR1953
- Raul Ferrão: Maestro e compositor português, autor de Abril
Em Portugal -
«Extraordinariamente produtivo como compositor (só na década de
quarenta escreveu música para quase quarenta revistas!), as suas
criações atravessaram gerações»
(http://www.macua.org/biografias/).
19MAR1813-01MAI1873
- David Livingstone: Missionário e explorador escocês, autor de
Viagens Missionárias e
Pesquisas Na África do Sul
(1857), o seu coração foi enterrado em África e o corpo está na
Abadia de Westminster (Londres) - «Deus tinha um único Filho, e fez
d’Ele um missionário. A qualquer lugar, eu irei, não importa
aonde, contanto que seja para a frente, em Cristo».
03MAI1913-10JUN1973
- William Inge: Ficcionista e dramaturgo americano - «Uma nação é
uma sociedade unida pelas ilusões das suas origens e pelo ódio dos
países seus vizinhos».
05MAI1813-1855
- Sören Kierkegaard: Escritor, filósofo e teólogo dinamarquês -
«A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em
sentido contrário, acaba por fechá-la ainda mais».
05MAI1893-1975
- Dino Segre, aliás Pitigrilli: Jornalista e escritor italiano -
«Tudo deve ser discutido… Sobre isso, não há discussão
possível».
07MAI1833-1897
- Johannes Brahms: Compositor alemão - «Nada é deixado ao acaso
nessas páginas onde reinam as penumbras, os meios-tons, os mistérios
da floresta, na qual, a todo instante, parece que nos vamos perder»
(Romain Goldron). IMAG.82-171-193-199-256-286-303-324-393
INVENTÁRiO
Um
Ferrari 250mm no Historic Challenge de 2001
A
grande revelação, o autêntico protagonista do Salão Internacional
do Automóvel de Genebra de 1953, foi uma berlina desenhada e
construída pelo mestre de carroceria Battista Pinin Farina de Turim
sobre a mecânica do Ferrari 250 S. Provou ser um carro que agradava
porque equilibrado e potente, sendo menos apelativo que os propostos
por Touring e Vignale para o mesmo chassis. Foi assim que o 250 MM
(de Mil Milhas, a corrida italiana em estrada mais conhecida do
mundo, disputada de 1927 a 1957) marcou uma mudança de rumo para a
indústria automobilística. E assim foi porque, com aquele carro,
começou definitivamente a colaboração exclusiva entre o designer
de Turim e a empresa de Maranello. Uma cooperação com tanto sucesso
que ainda continua, tanto na frente técnica como na política, com a
presença de Sergio Pininfarina (com o novo apelido fundido
pela família de Turim em 1961) no conselho de administração do
Cavallino.
O ensaio geral para esta associação, que se tornou indissolúvel,
teve lugar em 1952 com o compacto 212 Inter Cabriolet de dois
lugares, mas com o 250 MM estabeleceu-se uma espécie de pacto
segundo o qual todos os Ferrari teriam uma carroceria construída, ou
pelo menos projectada, por Pininfarina. E este famoso carro, tão
procurado pelos coleccionadores, marcou uma forma que se manteve como
referência no segmento dos automóveis com grandes prestações e
motor dianteiro. Foi um sucesso de imagem em todo o mundo que criou
numerosos modelos de Maranello, muitos dos quais se converteram em
marcos na história do automobilismo desportivo. É assinalável como
desde 1953 a Ferrari assumiu uma linha exterior, um impacto visual
muito mais austero que as propostas de Touring e Vignale - que para o
250 MM fez um spider
estritamente bi-lugar e descapotável - mas que se converteu na marca
de estilo de todos os carros construídos em Maranello. Com o 250 MM
Pinin Farina revolucionou a estética de todos os carros vermelhos,
com os faróis que já não estavam no arranque das palhetas, e sim
colocados dos lados da grande calandra trapezoidal, sinal
característico dos Ferrari daquela época. Desse modo a parte
dianteira ficava arredondada como a traseira e as partes salientes
reduziam-se ao mínimo tanto à frente como atrás, num conjunto
compacto e aligeirado pelas janelas colocadas à altura dos
cotovelos.
Um estilo original e moderníssimo em muitos dos seus elementos, do
severo asseio das linhas até às janelas deslizantes que continuamos
a ver nos carros actuais. Um valor acrescentado para os carros do
dia-a-dia que o tandem Ferrari-Pinin Farina soube repetir em todos os
modelos posteriores ao primogénito 250 MM. Uma curiosidade: a versão
especial, uma peça única entregue em 1954 ao presidente do
Automóvel Clube de Itália da altura, Luigi Bertett, foi o último
250 MM, com o número de chassis 0356.

Mario
Vicentini
-
La Gazzetta dello Sport
PARLATÓRiO
Sempre
existiram drogas mais potentes, mais calmantes, mais tranquilizantes,
mais alucinógenas do que todas as drogas da farmacopeia antiga e da
farmacologia moderna… Essas miracle-drugs,
essas drogas-milagre são as palavras.
Dino
Segre, aliás Pitigrilli
REPOSITÓRiO
António
Palolo - Os Filmes
Entre
o final da década de 1960 e 1978, António Palolo (Évora,
1946-Lisboa, 2000) realizou um conjunto extraordinário de filmes e
experiências em filme. Os primeiros filmes, ainda em 8 mm, são
animações a preto e branco, construídas a partir de procedimentos
de recorte e colagem, que associam, com humor, imagens retiradas de
revistas e elementos geométricos. Entre os diversos filmes em Super
8 mm realizados a partir do início da década de 1970, incluem-se
Drawings/Lines
(1971), sequência rítmica de desenhos em contínuo movimento,
riscados diretamente na película; Lights
(1972-1976), sequência de imagens abstratas criadas a partir de
experiências de manipulação da luz; ou OM
(1977-1978), filme em que o pensamento abstrato se transmuta no
concreto da matéria, figurando a origem das coisas e o universo
incomensurável. Esta exposição [na Culturgest] é uma oportunidade
imperdível para finalmente conhecer um conjunto de filmes que, salvo
raras exceções, e apesar da sua enorme importância, não apenas no
contexto da obra de António Palolo, mas também na história da arte
portuguesa, permaneceram demasiado tempo escondidos.
OBSERVATÓRiO
BdBd - Blogue de Banda
Desenhada - Autores: Luiz Beira e
Carlos Rico - As histórias em quadradinhos e o seu universo
artístico, através de notícias, entrevistas, informações,
comentários e ilustrações. IMAG.128-183
BREVIÁRiO
Warner/ZON
Lusomundo edita em Blu-ray, O
Nome da Rosa / Der Name der Rose (1986)
de Jean-Jacques Annaud; com Sean Connery e F. Murray Abraham.
Assírio
& Alvim edita O Mendigo e
Outros Contos de Fernando
Pessoa (1888-1935); organização de Ana Maria Freitas.
IMAG.
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EXTRAORDINÁRiO
OS
SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico
COMO
GUARDAR O CORAÇÃO NA CAIXINHA DAS ESMOLAS -
1
16
de Janeiro de 1917
Cândido
Roubeta olhou, numa ganância ansiosa, para a mulher Benedita, que
suspirava com medo de fraquejar.
Tu
achas, mesmo, que conseguimos?
questionou-o ela, atormentada por alguma inquietação feminina.
– Continua
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