terça-feira, dezembro 19, 2017

IMAGINÁRiO #422

José de Matos-Cruz | 08 Junho 2013 | Edição Kafre | Ano X – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TRIBUTO
Durante mais de sessenta anos, Joe Kubert (1926-2012) consagrou-se entre os maiores artistas dos quadradinhos americanos. Sagas populares como Hawkman, Sgt Rock, Enemy Ace, Tarzan, The Green Berets e, mais recente, o perturbante Fax From Sarajevo, consumaram um justo prestígio junto dos leitores e dos seus pares. Em 2010, os DC Comics evocaram o lendário Tor, na versão celebrada por Joe Kubert, durante a década de ’50 do século passado, incluindo One Million Years Ago e 3-D Comics. A propósito, Joe Kubert explica o processo utilizado na ilustração tridimensional. Tor é o símbolo do ser humano errático e solitário... Ou melhor, acompanhado apenas por Chee-Chee, um simpático e leal macaco, tentando sobreviver num mundo selvagem, adverso - dominado por perigosos dinossauros, terríveis desastres naturais e tribos primitivas. Joe Kubert concilia um grafismo propício, aparentemente tosco, ao seu peculiar estilo dinâmico.

CALENDÁRiO

1926-12AGO2012 - Joseph Kubert, aliás Joe Kubert: Ilustrador e criador americano de banda desenhada, relevantemente ligado aos DC Comics, fundador da Joe Kubert School of Cartoon and Graphic Art (1976), e distinguido pelo Harvey Award’s Jack Kirby Hall of Fame (1997) - «Nunca sonhei que o meu trabalho pudesse ser apreciado para além do meu bairro. Entreguei-me a ele, porque adorava o que fazia. Gostava de ver as personagens brotarem no meu espírito e, depois, adquirirem forma gráfica e pictórica. Mais tarde, apercebi-me de que havia pessoas em todo o mundo que também ficavam sensibilizadas». IMAG.70-241-385

1925-15AGO2012 - Henry Maxwell Dempsey, aliás Harry Harrison: Escritor americano de ficção científica, autor de À Beira do Fim - «Desde muito cedo, fui seu admirador… Gosto muito quer dos seus romances, quer das suas histórias. Tenho todos os seus livros!» (Neil Gaimon).

1939-16AGO2012 - Scott Philip Blondheim, aliás Scott McKenzie: Cantor americano, intérprete de San Francisco (1967) - «…Fico espantado como, tantos anos depois, continua a evocar sonhos nos corações e a estimular emoções nos espíritos das pessoas em todo o mundo» (2002).

VISTORiA

Mater Dolorosa

Quando se fez ao largo a nave escura,
na praia essa mulher ficou chorando,
no doloroso aspecto figurando
a lacrimosa estátua da amargura.

Dos céus a curva era tranquila e pura;
das gementes alcíones o bando
via-se ao longe, em círculos, voando
dos mares sobre a cérula planura.

Nas ondas se atufara o Sol radioso,
e a Lua sucedera, astro mavioso,
de alvor banhando os alcantis das fragas...

E aquela pobre mãe, não dando conta
que o Sol morrera, e que o luar desponta,
a vista embebe na amplidão das vagas...
Gonçalves Crespo

Fogos

e tu,
vais-te embora? vais-te embora?...

não,
não te vais embora: fico contigo…

deixas-me nas mãos a tua alma,
como um casaco.
Marguerite Yourcenar
(Tradução de Graça Morais Sarmento)
MEMÓRiA

08JUN1903-1987 - Marguerite Cleenewerck de Crayencour, aliás Marguerite Yourcenar: Escritora belga, naturalizada americana (1947), membro da Academia Francesa de Letras (1980) - «Tu já não me amas. / Se consentes em ouvir-me durante uma hora / é porque somos sempre indulgentes com aqueles que vamos deixar. / Ligaste-me e agora desligas-me.» (Gherardo - excerto). IMAG.159-263-390

1846-11JUN1883 - António Cândido Gonçalves Crespo: Poeta e jurista português, nascido no Brasil - «Quando à noite contemplo taciturno / estas contas antigas, o rosário / das minhas orações, / vejo em minh'alma o poema legendário / dos velhos tempos das longínquas eras / de santas devoções.» (O Rosário - excerto). IMAG.74-119

1907-13JUN1993 - Hermínia Silva: Fadista e actriz portuguesa - «O meu fado foi sempre de revista, de teatro». IMAG.150-371

15JUN1843-1907 - Edvard Grieg: Compositor norueguês - «E porque não lembrar a sensação maravilhosa, quase mística de, pela primeira vez, estender os braços até ao piano, e começar a criar? Não uma melodia, ainda longe disso!». IMAG.163-367

15JUN1923-2012 - Erland Josephson: Actor sueco do teatro e do cinema, director artístico do Real Teatro Dramático de Estocolmo, favorito de Ingmar Bergman - «Éramos muito ligados. Tivemos uma vida divertida, interessante e emocionante. Ele foi decisivo na minha carreira». IMAG.399

ANUÁRiO

1783 - Incumbido pela Rainha D. Maria I, o naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815) de empreende uma viagem filosófica pelo Centro-Norte do Brasil - a qual demorou nove anos, percorrendo as capitanias de Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá - a fim de «descrever, recolher, apontar e remeter para o Real Museu de Lisboa amostras de utensílios utilizados pela população local, bem como minerais, plantas e animais». IMAG.187


INVENTÁRiO

Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira - Biblioteca Nacional - Brasil

Alexandre Rodrigues Ferreira nasceu na Bahia em 27 de abril de 1756 e faleceu em Lisboa em 23 de abril de 1815. Foi indicado por Domingos Vandelli e nomeado em 1778 pela Rainha D. Maria I, para chefiar a comissão científica encarregada de empreender viagem pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá.
A Expedição Filosófica partiu do porto de Lisboa em 1 de setembro de 1783, levando, entre outras pessoas, os riscadores José Joaquim Freire e Joaquim José Codina, e o jardineiro botânico Agostinho Joaquim do Cabo. A expedição chegou a Belém em 21 de outubro de 1783 e durou nove anos. A partir dela foram gerados vários trabalhos e anotações sobre a região amazônica, registrando informações sobre a fauna, flora e seus habitantes.
Após a morte de Alexandre Rodrigues Ferreira, organizou-se uma relação de seus manuscritos e papéis. Esta relação e os manuscritos foram entregues, por ordem do Visconde de Santarém a Félix de Avelar Brotero em 5 de julho de 1815 para que ficassem sob a guarda e conservação do Real Museu d’Ajuda. A documentação permaneceu no Museu até o ano de 1838, quando foram transferidos para a Academia Real de Ciências, a fim de que Manoel José Maria da Costa e Sá, por ordem da mesma Academia, desse seu parecer para a publicação das obras concernentes à viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira pela América Portuguesa no final do século XVIII. A publicação não se concretizou e os documentos se dispersaram entre várias instituições e colecionadores.
O acervo da Biblioteca Nacional que compõe a Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira chegou à instituição em diversas épocas e através de diferentes pessoas e instituições. A coleção se constitui de documentos produzidos durante a Viagem Filosófica, além de outros adquiridos por Alexandre Rodrigues Ferreira para auxiliar seus estudos. Constam também sua correspondência e documentos produzidos por terceiros sobre ele e sua expedição. Existem hoje, nesse acervo, 191 documentos textuais e aproximadamente 1.500 desenhos, representando, em sua maioria, a botânica e a fauna do Brasil no século XVIII. 
Em 1876, Alfredo do Vale Cabral, bibliotecário desta instituição realizou um trabalho de mapeamento dos registros manuscritos e iconográficos produzidos pela Expedição Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira pelo Brasil. Esse trabalho, publicado nos Anais da Biblioteca Nacional nos volumes 1, 2, e 3 serve, ainda hoje, como principal fonte de referência para aqueles que desejam conhecer melhor a produção documental realizada pelos cientistas da Real Expedição Filosófica ao Brasil. Graças a um financiamento da Fundação Vitae todos os manuscritos da Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira da Biblioteca Nacional foram restaurados, encadernados e microfilmados e as estampas fotografadas e digitalizadas.
Muniz Sodré

BREVIÁRiO

Tinta da China edita, na colecção Livros Licenciosos, Aventuras Galantes de Rabelais - aliás, Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910).

Orfeu edita em CD, Eu Vou Ser Como a Toupeira de José Afonso (1929-1987). IMAG.6-119-170-237-269-328-421

Quetzal edita Três Tristes Tigres de Guillermo Cabrera Infante (1929-1953); tradução de Salvato Telles de Menezes. IMAG.28-303-407

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