domingo, dezembro 24, 2017

IMAGINÁRiO #428

José de Matos-Cruz | 24 Julho 2013 | Edição Kafre | Ano X – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

CINEMATOGRAFIAS
Envolvido nos seus próprios excessos, contagiado pelo impacto de outros meios audiovisuais, reflectindo os contrastes de uma realidade ao paroxismo, o cinema tem - cada vez mais - patenteado um espectáculo crepuscular dos seus limites rituais. Daí que, para além do jogo dos conflitos, das situações de crise, dum colapso na exaltação das emoções, se aperceba - nestes prenúncios do novo milénio - a urgência de uma revisão em valores e expectativas, que superará inevitavelmente a mera reforma dos pressupostos romanescos, ou a essencial restauração das virtualidades do imaginário. Não é por acaso que o fenómeno em questão, de resistência e excepcional subversão quanto ao primado manipulador e consumista de uma complexa indústria fílmica, surge com incidência determinante entre as cinematografias europeias, aliando personalidades de prestígio, e paralelamente ao que se testemunha noutras áreas decisivas de expressão ou intervenção cultural… Eis temas e tensões abordados e desenvolvidos por Lauro António em Os Cinemas da Europa - Masterclass, sob chancela editorial do Município de Oeiras, testemunho de uma iniciativa pioneira e que assim, justamente, se consuma como matéria primordial de referências e potencialidades. IMAG.23-245-332

MEMÓRiA

24JUL1783-1830 - Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar Palacios y Blanco, aliás Simón Bolívar: Militar e político venezuelano - «Somente a democracia, em meu entender, é susceptível de uma liberdade absoluta». IMAG.303

26JUL1893-1959 - George Grosz: Pintor e ilustrador alemão - «A guerra foi um espelho; reflectiu todas as virtudes e todos os vícios do homem, e, se olharmos de perto, tal como um artista quanto aos seus desenhos, mostrou ambos com uma clareza pouco usual». IMAG.362

27JUL1813-1865 - Chrispiano Pantaleão da Cunha Sargedas: Artista português, escriturado pelo Theatro de D. Maria II, tendo-se estreado com Aniversário (1837) - «Actor de muitos recursos, inteligente, sagaz, perscrutador e desenvolto, conservando sempre em todas as épocas notável vivacidade, tão cheio de desenvoltura e chiste cómico» (Diário de Notícias - 14NOV1865). IMAG.197

1640-28JUL1723 - Mariana Alcoforado: Religiosa portuguesa - «Como é possível que a lembrança de momentos tão belos se tenha tornado tão cruel? E que, contra a sua natureza, sirva agora só para me torturar o coração? Ai!, a tua última carta reduziu-o a um estado bem singular: bateu de tal forma que parecia querer fugir-me para te ir procurar. Fiquei tão prostrada de comoção que durante mais de três horas todos os meus sentidos me abandonaram: recusava uma vida que tenho de perder por ti, já que para ti a não posso guardar. Enfim, voltei, contra vontade, a ver a luz: agradava-me sentir que morria de amor, e, além do mais, era um alívio não voltar a ser posta em frente do meu coração despedaçado pela dor da tua ausência.» (Cartas de Uma Freira Portuguesa - Primeira - excerto). IMAG.210

29MAI1903-27JUL2003 - Leslie Townes Hope, aliás Bob Hope: Actor americano - «Sabemos que estamos a ficar velhos, quando as velas custam mais que o próprio bolo de aniversário». IMAG.178

1900-29JUL1983 - Luís Buñuel: Cineasta espanhol - «O acaso é o grande mestre de todas as coisas. A necessidade só vem depois, não tem a mesma pureza». IMAG.172-263-314-369

30JUL1863-1947 - Henry Ford: Industrial americano - «Não nos tornamos ricos graças ao que ganhamos, mas com o que não gastamos». IMAG.125

PARLATÓRiO

Legisladores! Farei agora menção a um artigo que, segundo a minha consciência, se deveria omitir. Numa Constituição política não deverá prescrever-se uma profissão religiosa, porque segundo as melhores doutrinas sobre as leis fundamentais estas são as garantias dos direitos políticos e civis, mas a religião não se integra em nenhum destes direitos, é de natureza indefinível na ordem social e pertence à moral intelectual. A religião governa o homem em casa, no seu quarto, dentro de si próprio: ela apenas tem o direito de examinar a sua consciência íntima. As leis, pelo contrário, têm em vista a superfície das coisas: governam fora da casa dos cidadãos. Aplicando estas considerações, poderá um Estado reger a consciência dos seus súbditos, velar pelo cumprimento das leis religiosas e atribuir prémio ou castigo, quando os tribunais estão no céu e quando Deus é o juiz? Só a Inquisição seria capaz de substituí-los neste mundo. Voltará ainda a Inquisição com os seus archotes incendiários?
Simón Bolívar
- Manifesto ao Congresso Constituinte da Bolívia (1824-1825)

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