PRONTUÁRiO
DELÍRIOS
Pelos
anos ’70 do Século XX, Terry
Gilliam
tornou-se notado como artista de quadradinhos - em Nova Iorque, ao
trabalhar com Harvey (Mad)
Kurtzmann,
em Help!;
e em França, como colaborador da Pilote
pela
mão de René (Astérix)
Goscinny.
Um salto a Inglaterra comprometeu-o na série televisiva Monty
Python’s (1969),
graças à associação com (outro) Terry (de apelido) Jones. Mais
tarde, esta equipa de magos visionários e sarcásticos transitou
para o cinema - em títulos como Monty
Python e o Cálice Sagrado
(1975) ou O
Sentido da Vida (1983),
onde se contrastam uma extravagância por vezes surrealista, e
filosóficas considerações sobre a civilização tecnológica,
paralelamente a reflexos de paroxismo ou elementar humor…
Argumentista, actor eventual, mestre da animação, Terry Gilliam
evocaria: «Todos os meus filmes dessa época tiveram origem em mim,
desenvolvendo ideias próprias e insistindo na sua concretização.
Em contraste com os privilégios do director
no cinema americano, eu via-me como um autêntico realizador!»
CALENDÁRiO
1925-05OUT2012
- Claude Pinoteau: Cineasta francês, produtor e realizador de A
Bofetada / La Gifle (1974).
1957-05OUT2012
- Bruno Le Floc’h: Ilustrador e criador de animação, artista de
banda desenhada, distinguido com o Prémio Goscinny ao Argumentista
por Trois Éclats Blancs
(2004).
10OUT2012
- O cineasta Carlos Saura é distinguido com o Prémio Luso-Espanhol
de Arte e Cultura 2012, pela realização de Fados
(2007). IMAG.93-166-172-331
11OUT2012
- ZON Audiovisuais estreia O
Gebo e a Sombra de Manoel de
Oliveira; sobre a peça de Raul Brandão (1867-1930), com Michael
Lonsdale e Claudia Cardinale.
IMAG.2-11-23-41-42-48-60-68-72-74-83-134-158-161-164-165-170-175-178-190-199-201-203-205-206-208-214-221-222-224-225-237-241-242-244-248-256-277-283-285-287-293-295-301-335-342-347-350-358-384-394-400
10-30OUT2012
- Em Lisboa, Galeria de Arte do CDL / Ordem dos Advogados / Conselho
Distrital de Lisboa expõe Utopias,
escultura e pintura de Dário Vidal. IMAG.388
11OUT2012
- Mo Yan é distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, porque
«com um realismo alucinatório, funde contos populares, história e
contemporaneidade».
18OUT2012
- ZON Audiovisuais estreia Astérix
e Obélix ao Serviço de Sua Majestade / Astérix et Obélix au
Service de Sa Majesté de
Laurent Tirard; sobre a saga em quadradinhos de René Goscinny &
Albert Uderzo, com Edouard Baer e Gérard Depardieu.
IMAG.2-4-21-29-37-58-69-76-94-101-136-179-206-245-248-275-290-342-356-390-406-418
19OUT2012
- Em Lisboa, Livraria Leya na Buchholz apresenta Cinzas
da Revolta - exposição de
banda desenhada por Miguel Peres e Jhion / João Amaral, com álbum
editado sob chancela Asa, por ocasião do 23º Festival AmadoraBd.
IMAG.7-149-155-204-416-430
20OUT2012-17MAR2013
- Em Lisboa, Museu da Electricidade apresenta Riso
- em pintura, fotografia, cinema, teatro, ópera e literatura, sendo
comissários José Manuel Fernandes, João Pinharanda e Nuno Artur
Silva.
MEMÓRiA
1907-05FEV1973
- António Jorge Dias: Etnólogo e antropólogo português - «É um
povo paradoxal e difícil de governar. Os seus defeitos podem ser as
suas virtudes, e as suas virtudes os seus defeitos, conforme a égide
do momento» (Os Elementos
Fundamentais da Cultura Portuguesa
- 1953).
15JUL1933-31JUL2003
- Guido Crepax: Artista italiano de banda desenhada, argumentista e
ilustrador, criador de Valentina
(1965) - «Agrada-me o jogo da vida dupla, o mundo da fantasia onde
qualquer coisa pode acontecer. A beleza da fantasia não seria o que
é, se não existisse o outro lado da moeda, a realidade».
IMAG.40-400
17AGO1893-03ABR1933
- Wilson Mizner: Ficcionista e dramaturgo americano - «Quando se
rouba de um autor, diz-se que é plágio; quando se rouba de muitos,
passa a ser pesquisa».
19AGO1883-1971
- Coco Chanel: Estilista francesa - «Para sermos insubstituíveis,
temos que ser diferentes… A cor mais chique do mundo é a que nos
fica melhor». IMAG.306
PARLATÓRiO
Adoro
o luxo… E o luxo não reside na riqueza ou na ostentação, mas na
falta de vulgaridade.
Coco
Chanel

Hugo
Pratt
Agora,
volto à saga de Valentina
e comprovo que, convertida já num clássico da expressão gráfica
contemporânea, nem por isso perdeu um ápice da sua sã capacidade
transgressora e iconoclasta… Valentina
converteu-se, pois, num evento fundamental, para a história da banda
desenhada culta e europeia.
Román
Gubern (1981)
BREVIÁRiO
Sony
Pictures edita em Blu-ray, Monty
Python e o Cálice Sagrado / Monty Python and the Holy Grail (1975)
de Terry Jones e Terry Gilliam; com Graham Chapman e John Cleese.
IMAG.8-62-166-384-419
Relógio
d’Água edita Música de
Câmara de James Joyce
(1882-1941); tradução de João Almeida Flor. IMAG.136-306-357-404
Harmonia
Mundi edita em CD, Wolfgang
Amadeus Mozart
[1756-1791]: Keyboard Music,
Vol. 3 pelo pianista Kristian
Bezuidenhout.
IMAG.36-55-68-90-102-106-118-172-186-205-216-217-220-227-277-284-285-290-317-321-342-349-375-406
Quetzal
edita Memorial do Coração -
Conversa a Quatro Mãos de
António Manuel Couto Viana (1923-2010) e Ricardo de Saavedra.
IMAG.107-308-332-403
Deutsche
Grammophon edita em CD, Ludwig van Beethoven
[1770-1827] - Sinfonia Nº 3 -
Eroica por Orquestra
Sinfonica Juvenil Simón Bolívar, sob a direcção de Gustavo
Dudamel.
IMAG.134-163-202-204-210-228-229-236-237-239-255-268-285-298-303-323-360-375-384-409-430
VISTORiA
Caracterização
Psicológica Do Povo Português
O
Português é um misto de sonhador e de homem de acção, ou melhor,
é um sonhador activo, a que não falta certo fundo prático e
realista. A actividade portuguesa não tem raízes na vontade fria,
mas alimenta-se da imaginação, do sonho, porque o Português é
mais idealista, emotivo e imaginativo do que homem de reflexão.
Compartilha com o Espanhol o desprezo fidalgo pelo interesse
mesquinho, pelo utilitarismo puro e pelo conforto, assim como o gosto
paradoxal pela ostentação de riqueza e pelo luxo. Mas não tem,
como aquele, um forte ideal abstracto, nem acentuada tendência
mística. O Português é, sobretudo, profundamente humano, sensível,
amoroso e bondoso, sem ser fraco. Não gosta de fazer sofrer e evita
conflitos, mas, ferido no seu orgulho, pode ser violento e cruel. A
religiosidade apresenta o mesmo fundo humano peculiar ao Português.
Não tem o carácter abstracto, místico ou trágico próprio da
espanhola, mas possui uma forte crença no milagre e nas soluções
milagrosas.
Há
no Português uma enorme capacidade de adaptação a todas as coisas,
ideias e seres, sem que isso implique perda de carácter. Foi esta
faceta que lhe permitiu manter sempre a atitude de tolerância e que
imprimiu à colonização portuguesa um carácter especial
inconfundível: a assimilação por adaptação.
O
Português tem um vivo sentimento da Natureza e um fundo poético e
contemplativo estático diferente dos outros povos latinos. Falta-lhe
também a exuberância e a alegria espontânea e ruidosa dos povos
mediterrâneos. É mais inibido que os outros meridionais pelo grande
sentimento do ridículo e medo da opinião alheia. É, como os
Espanhóis, fortemente individualista, mas possui grande fundo de
solidariedade humana. O Português não tem muito humor, mas um forte
espírito crítico e trocista e uma ironia pungente.
Jorge
Dias
(1950
- excerto)
A
minha história começa no dia 1 de Janeiro de 1950. Nos dois anos
anteriores, nas profundezas do inferno, eu tinha sofrido torturas
cruéis que nenhum ser humano seria capaz de conceber. Sempre que era
trazido ao tribunal, proclamava a minha inocência em tons solenes,
comoventes, tristes, desgraçados, que penetravam cada greta do Salão
de Audiência do Senhor Yama, e se repercutiam em muitas camadas de
ecos. Nem uma palavra de arrependimento saiu dos meus lábios, embora
eu fosse torturado cruelmente, o que me valeu a reputação de homem
de ferro. Sei que ganhei o respeito silencioso de muitos dos
funcionários do submundo de Yama, mas sei também que o Senhor Yama
não me suportava mais. Assim, para me obrigar a admitir a derrota,
submeteram-me à mais sinistra forma de tortura que o inferno tem no
seu stock:
atiraram-me para uma tina de óleo fervente, na qual eu rolei,
contorci-me e gemi como um frango frito durante cerca de uma hora.
Palavras não têm como fazer justiça à agonia que senti, até que
um servente me espetou com um tridente e, carregando-me bem alto, me
conduziu à escadaria do palácio. Juntaram-se a ele dois outros
serviçais, um de cada lado, que guinchavam como morcegos-vampiros
todas as vezes que o óleo escaldante pingava do meu corpo nos
degraus do Salão de Audiência, produzindo borrifos e pequenas
nuvens de fumaça amarela. Com cuidado, depositaram-me numa laje aos
pés do trono e fizeram uma profunda mesura.
Mo
Yan
-
Life
and Death Are Wearing Me Out
(2006 - excerto
-
Tradução de Howard Goldblatt - Sobre Versão de Sérgio Rodrigues)
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