terça-feira, março 27, 2018

IMAGINÁRiO #482

José de Matos-Cruz | 08 Setembro 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

VIRTUALIDADES
Como em todas as formas de recriação, existe no cinema um grau de simbolismo mais ou menos acentuado, que impregna o imaginário ou se repercute nos contornos fictícios da expressividade. Através de uma carreira escassa, mas tão sugestiva, Jerzy Skolimowski tem desenvolvido essa tendência perturbante e mágica: sensações nascidas do surpreendente efeito que extrai de técnicas ou materiais fílmicos de aparente simplicidade, aliás planeados e exibidos meticulosamente, através de envolvimento enigmático sobre uma realidade que, de modo obsidiante, se desprende trágica e ferida de inevitabilidade… Da Polónia original, à carreira internacional, Skolimowski sublima uma inerência fantástica e poética, rondando por vezes o onírico, que vincula, visual ou alegoricamente, à natureza da sua criatividade e testemunho - a partir de um quotidiano cuja transparência trivial é, sistematicamente, dilacerada por conflitos e adversidades individuais, ou dilemas de opressão e de resgate, sob uma conjuntura - social, política, ideal, ontológica - eminente, mas desafiada.

MEMÓRiA

18MAR1634-1693 - Marie-Madeleine Pioche de La Vergne, aliás Madame de La Fayette: Escritora francesa, autora de A Princesa de Clèves (1678) - «Só o ciúme me faz saber se estou apaixonada». IMAG.42

10SET1914-2005 - Robert Earl Wise, aliás Robert Wise: Realizador e produtor americano de cinema - «Um dos elementos mais importantes para quem faz filmes é conhecer o tema, a matéria do argumento, conhecer a verdade e a realidade em abordagem». IMAG.34-55-111-139-268-272-281-373-415-443

1682-12SET1764 - Jean-Philippe Rameau: Organista e compositor francês - «Dia a dia adquiro mais gosto, mas não tenho mais génio. A imaginação está gasta na minha velha cabeça, e não se é sábio quando se quer trabalhar, nesta idade, em artes que são inteiramente imaginação». IMAG.340-382-388

1750-12SET1784 - Manuel Blasco de Nebra: Compositor e organista espanhol, de cuja obra restam 26 sonatas e seis pastorelas rústicas para cravo e piano forte - «A sua música aponta o caminho do futuro» (Jorge Calado). IMAG.324

13SET1874-1951 - Arnold Franz Walter Schönberg, alias Arnold Schoenberg: Compositor austríaco, criador do dodecafonismo - «A expressão música atonal parece-me infeliz - é como considerar que voar é a arte de não cair, ou que nadar é a arte de não se afogar… / A minha obra deveria ser julgada pelo modo como entra nos ouvidos e na cabeça de quem a escuta, e não como a descrevem os olhos dos que fazem a sua leitura… / Nunca me senti capaz de exprimir os meus sentimentos ou emoções por palavras. Não sei, aliás, se foi por esse motivo que tive de o fazer através da música ou da pintura». IMAG.213-270-330

13SET1924-2009 - Maurice-Alexis Jarre, aliás Maurice Jarre: Compositor francês - «Os compositores de cinema ficam, frequentemente, à sombra dos realizadores e dos intérpretes; porém, a sua música para filmes faz parte inesquecível da história de sétima arte» (Dieter Kosslick). IMAG.243-320

1905-14SET1964 - Vasily Semyonovich Grossman, aliás Vassili Grossman: Escritor e jornalista soviético - «Aquilo que é humano no homem vai ao encontro do seu destino, e em cada época o destino é peculiar, é distinto do que foi para a época precedente» (A Madona Sistina). IMAG.408

15SET1254-29JAN1324 - Marco Polo: Mercador e explorador veneziano - «…Como águias muito grandes. Contam que são tão fortes que levantam ao ar um elefante, deixando-o cair de tão alto que rebenta, quando chega ao solo... Os habitantes da ilha chamam-lhes ruth e não lhes dão outro nome» (Milione - As Viagens de Marco Polo). IMAG.73-105-140

15SET1894-1979 - Jean Renoir: Cineasta, encenador, actor e escritor francês - «Um cineasta faz, apenas, um filme durante toda a sua vida… Depois, redu-lo a pedaços e volta a realizá-lo, uma e outra vez». IMAG.52-109-358

CALENDÁRiO

13SET-24NOV2013 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe Manta - Retrato(s) de Família. IMAG.172-193-195-224-280-292-312-413

ANUÁRiO

4 aC-65 - Lucius Annaeus Seneca, aliás Séneca: Advogado e escritor romano - «Quanto da tua existência não foi logrado pelo sofrimento, sem necessidade, por tolos contentamentos, paixões ávidas, conversas inúteis, e quão pouco te restou do que era teu? Não há ninguém que queira dividir a sua riqueza, mas a vida distribui-se entre muitos! Alguns são rigorosos na preservação do seu património, mas desperdiçam tempo, a única coisa que justificaria a avareza». IMAG.115-321

GALERiA

Três Mantas e Uma Carneiro de Moura

Uma família de artistas plásticos – Abel Manta (Gouveia, 1888-Lisboa, 1982) João Abel Manta (Lisboa, 1928), Isabel Manta (Lisboa, 1952) e Clementina Carneiro de Moura (Lisboa, 1898-Lisboa, 1992) – está reunida em exposição, um evento cuja singularidade advém da amostragem em simultâneo dos trabalhos de três gerações de Mantas.

Abel Manta: curso de pintura pela Escola de Belas-Artes de Lisboa. Parte para Paris em 1919 onde, em 1922, frequenta o Curso de gravura da Casa Schumberger. Regressa a Portugal em 1925, leccionando no Ensino Secundário. Casa-se em 1927 com a pintora Clementina Carneiro de Moura, de quem tem o único filho, João Abel, que lhe daria a única neta, Isabel Manta.
João Abel Manta: arquitecto e urbanista desde 1951, assinou vários projectos de integração das artes plásticas na arquitectura em inúmeros edifícios e espaços públicos: painéis murais, azulejos, tapeçarias, pavimentos. Como artista gráfico, dedicou-se à ilustração de livros, cartazes, design gráfico, filatelia, numismática, cartoon. Colaborou como director artístico numa dúzia de peças teatrais montadas em Portugal.
Isabel Manta: licenciada em arquitectura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1976; mestrado em História da Arte, Universidade Lusíada, Lisboa, 1996 a 2000; docência no Ensino Secundário.
Clementina Carneiro de Moura: curso de pintura pela Escola de Belas-Artes de Lisboa, 1920, onde foi colega de Sarah Afonso e aluna de Columbano Bordalo Pinheiro.

VISTORiA

Faz o Gran-Khan cunhar moedas da seguinte forma: pegam na casca das árvores, geralmente das amoreiras e fazem uma pasta, como a do papiro, de cor muito escura, quase preta. Estes papéis ou tiras são cortados de vários tamanhos; aos mais pequenos, dá-se o valor de metade de um soldo; outros, maiores, valem um soldo, outros, meio ducado de Veneza. Todos estes papéis e cartões têm o selo do Gran-Khan. Ninguém pode rejeitar esta moeda, sob pena de ser condenado à morte.
Milione
- As Viagens de Marco Pólo (excerto)

Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra.
Mas qual é a pedra que sustenta a ponte? – pergunta Kublai Khan.
A ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra – responde Marco –, mas pela curva do arco que estas formam.
Kublai Khan permanece em silêncio, reflectindo. Depois acrescenta:
Por que falar em pedras? Só o arco me interessa.
Polo responde:
Sem pedras, o arco não existe.
Italo Calvino
- As Cidades Invisíveis (1972, excerto)

Foi na Alemanha, particularmente aqui em Berlim, que os nossos soldados realmente começaram a perguntar-se por que nos atacaram os alemães tão repentinamente. Por que precisavam os alemães dessa guerra terrível e injusta? Milhões dos nossos homens viram agora as ricas propriedades do leste da Prússia, agricultura altamente organizada, as coberturas de cimento para os animais, salas espaçosas, tapetes, armários cheios de roupa…
Vassili Grossman
- Um Escritor Na Guerra (excerto)

BREVIÁRiO

Dom Quixote edita A Princesa de Clèves de Madame de La Fayette (1634-1693); tradução de Pedro Tamen.

Harmonia Mundi edita em CD, Johannes Brahms [1833-1897]: Quintetos, Op. 34 e 115 por Tokyo String Quartet, com o pianista Jon Nakamatsu e o clarinetista Jon Manasse. IMAG.82-171-193-199-256-286-303-324-393-417

A Esfera dos Livros edita Segredos da Maçonaria Portuguesa de António José Vilela.

Artificial Eye edita em DVD e em Blu-ray, Adolescente Perversa / Deep End (1970) de Jerzy Skolimowski; com Jane Asher e John Moulder Brown.

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