PRONTUÁRiO
EXCENTRICIDADES
A
irresistível e felina Pantera
Cor-de-Rosa,
que o cinema de animação tornou célebre, é também o nome dado a
um diamante zelosamente protegido, em imagem real, pelo incrível
inspector Jacques Clouseau - numa série dirigida pelo realizador
britânico Blake Edwards, e que atingiu extraordinária aceitação
entre o público aderente ao humor policial. Peter Sellers revela-se
insuperável na encarnação do arrogante, sinistro, melómano,
fanático, aselha e sensacional Clouseau. Agindo ou reagindo às
estapafúrdias do seu abominável chefe Dreyfus, alvo de vingança
por maquiavélicos criminosos e espiões, dando largas a sofisticados
mas inexoráveis planos de perseguição, Clouseau é o herói
relutante e impossível, que subverte o quotidiano e baralha os
caprichos entre o bem e o mal, por meio de disfarces, manha e sorte
desconcertantes, acabando por destruir as mais incríveis ameaças.
Eficaz, sarcástico e mordaz, Blake Edwards suscita ainda
referências/homenagens a filmes e a géneros que sagraram o culto e
o sucesso da sétima arte em geral.
CALENDÁRiO
22JUN-14SET2013
- Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa - Espaço Arte Contemporânea
expõe Sem Data de
Thierry Simões, sendo curador Nuno Faria. IMAG.399
1929-26JUN2013
- Bertram Stern, alias Bert Stern: Fotógrafo americano, captou A
Última Sessão / The Last Sitting de
Marilyn Monroe (1962) para a revista Vogue
- «O desejo de a fotografar deve ter começado há muito tempo
atrás. Era, simplesmente, a semente de uma ideia à espera do seu
tempo. Então, em 1962, tinha suficiente confiança e respeito por
mim próprio como fotógrafo para a enfrentar. Tornara-me já mestre
na minha arte - a de ver - e estava à altura da sua mestria de ser
vista. Era o momento certo». IMAG.360
27JUN2013
- ZON Audiovisuais estreia Bairro
de Jorge Cardoso, Lourenço de Mello, José Manuel Fernandes e
Ricardo Inácio; com Maria João Bastos e Paulo Pires.
27JUN2013
- Columbia Tristar Warner estreia Homem
de Aço / Superman: Man of Steel de
Zack Snyder; com Henry
Cavill
e Amy
Adams,
sobre o herói criado em quadradinhos (1938) por Jerry Siegel e Joe
Shuster. IMAG.14-20-27-109-141-183-193-217-226-276-373-387
29JUN-31DEZ2013
- Em Lisboa, Museu Nacional do Teatro e Museu do Fado expõem O
Fado e o Teatro. IMAG.386
11JUL-22SET2013
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe Tributo
a José Viana [1922-2003] -
Evocação da Obra do Pintor.
IMAG.397-402
MEMÓRiA
1517-19JUN1584
- Francisco de Holanda: Escritor e ensaísta português, arquitecto e
pintor, bolseiro em Roma, discípulo de Miguel Ângelo, vulto do
Renascimento, autor de Da
Fábrica Que Falece à Cidade de Lisboa.
1909-19JUN2004
- Óscar Ribas: Escritor, poeta, jornalista e ensaísta angolano,
autor de Tudo Isto Aconteceu
(1975) - «Foi a principal
biblioteca viva, porque tinha um saber e um conhecimento da nossa
maneira de estar no mundo quase únicos» (Botelho de Vasconcelos).
IMAG.232
02JUN1944-2012
- Marvin Hamlisch: Compositor americano, autor de música para teatro
(como A Chorus Line
- 1975) e cinema (como O Nosso
Amor de Ontem /
The Way We Were - 1973 de
Sydney Pollack) - «Comecei a tocar piano aos cinco anos e meio».
IMAG.420
VISTORiA

Francisco
de Holanda
-
Da Fábrica Que Falece à Cidade de Lisboa (1571
– excerto)
TRAJECTÓRiA
MANDRAKE,
O MÁGICO
Na
banda desenhada norte-americana, pelos rumos da aventura, dois
criadores fundamentais influenciaram a história dos heróis ao longo
de décadas, reflectindo-se ainda com um culto mutante entre os
leitores: Alex Raymond - sobretudo por Flash
Gordon e Rip
Kirby; Lee Falk - com os
essenciais Mandrake the
Magician e The
Phantom.
E,
no entanto, eis dois autores muito distintos - em talento e
inspiração: Raymond versátil, solar; Falk obscuro, fixo. O
primeiro convertia uma imaginação exuberante, gráfica, sobre os
horizontes realistas ou fantásticos; Falk era um narrador
primordial, inspirado em cultos ancestrais, lendários de variegadas
civilizações e exotismos.
Por
outro lado, a partir destes conceitos e destes símbolos
fundamentais, Falk provou possuir - também - um engenho fértil e
distinto. Bastaria observar as características que contrastam
Mandrake e
o Fantasma,
praticamente num recorte de oposição entre si. Aliás, ambos
evoluíram ao longo dos anos, com as respectivas sagas.
Em
cumplicidade com os leitores próprios, Falk suscitou também dois
encontros - alusivos a uma velha amizade entre si - de Mandrake e
Fantasma, em momento de excepcional importância na vida de cada um:
o casamento - do Homem-Mascarado, Kit Walker com Diana Palmer em
1977; e de Mandrake com a princesa Narda, em 1997-98.
Afinal,
este seria celebrado com toda a pompa, em três ritos diferentes -
correspondentes às origens dos noivos e ao país de acolhimento para
ambos: em Cockaigne (a 23 de Outubro), perante o rei Segrid (irmão
de Narda); no Colégio de Magia (a 9 de Janeiro), por Theron (pai de
Mandrake); por último, na América (a 27 de Maio).
O
Fantasma esteve entre os convidados em Xanadu, tendo evitado - com a
sua habitual eficácia e discrição - mais um atentado à bomba
contra Mandrake; outros perturbaram as cerimónias anteriores,
praticados por terroristas e por Lucifer, o vingativo meio-irmão de
Mandrake! Mas tudo acabou bem, até chegarem novos desafios...
Lee
Falk (1912-99) iniciou os prodígios de Mandrake
em 11 de Junho de 1934 (The
New York American Journal),
dois anos antes de explorar as proezas do Duende Caminhante na selva
de Bengalla. O nome do herói foi plagiado de William Shakespeare,
que usa o termo mandrake
para definir as virtudes mágicas da raiz de mandrágora.
Um
paladino que combate a criminalidade e a perversão, através dos
seus extraordinários poderes hipnóticos (que, mais tarde, se
expandiriam cosmicamente, graças ao Cubo de Cristal), logo teve um
sucesso popular. Muito contribuiria, ainda, um aspecto iconoclasta -
o bigode e a brilhantina no cabelo, ou o traje de gala - capa,
fraque, bengala…
…Além
da famosa cartola - que, nos anos ‘70, salvo erro em Madrid, Falk
me confessou mal saber desenhar, como até provou com uns rabiscos
tortos. Para os enredos, o escritor referia uma paixão por Fu-Manchu
de Sax Rohmer. Citava ainda Sherlock
Holmes e Arsene
Lupin, ou mesmo o seu juvenil
fascínio pelos ilusionistas de circo.
Rectificava
Falk, a sugestão do nome Mandrake
retirara-a dum poema do
Século XVI, do inglês John Donn. O modelo físico teria sido ele
próprio - fielmente seguido pelo ilustrador Phil Davis e ajudantes,
até à morte em 1964. Depois, Fred Fredericks manteve o essencial,
estilizando embora as personagens e a dinâmica narrativa ou cénica.
Falk
apreciava a virtualidade de Mandrake voar, ou atravessar continentes
com um elã mental, sem distorcer a plausibilidade e a coerência das
peripécias. Mas sublinhava a importância dos seus companheiros - a
bela e caprichosa Narda, ou Lothar, um gigantesco monarca africano
que tudo abandonara para servir o amigo e mestre.
Elemento
aliciante, na saga de Mandrake - que em Portugal, durante a década
de ‘50, foi rebaptizado como D. Enigma, por força da censura -
persiste numa reminiscência medieval do combate supremo e perene das
luzes contra as trevas. Daí, o sortilégio ao descobrir o parentesco
com Lucifer, ou Cobra, a sua pérfida e eterna nemésis.
Em
1956, ao focar uma revista de Mandrake,
no seu magnífico documentário Toda
a Memória do Mundo, Alain
Resnais conferiu-lhe - e aos quadradinhos - uma relevância
excepcional entre os valores a preservar da Humanidade.
Lamentavelmente, um mito que o cinema não logrou transfigurar, tal
como ambicionava Federico Fellini. IMAG.70-218-320-463
INVENTÁRiO
É
no Teatro e com o Teatro que o Fado se constitui como um domínio
musical de grande destaque na memória cultural portuguesa. Saído do
ambiente restrito dos prostíbulos e das tabernas ou dos salões da
aristocracia e da alta burguesia mais boémia, a sua integração
no teatro, na segunda metade do Século XIX, traz-lhe a consagração
popular, institucionalizando-o do ponto de vista artístico e
transformando-o, em definitivo, na canção da cidade de Lisboa.
Mas
é a personagem mítica da Severa que, entre o final do Século XIX e
as primeiras décadas do Século XX, se transforma numa figura
transversal a todas as artes, como a pintura, o cinema, a fotografia,
a música, a dança e, sobretudo, o teatro, convertendo-se na
personificação do próprio fado.
A
primeira vez que o fado surge nos palcos dos nossos teatros foi em
1869, no Teatro da Trindade, com a comédia Ditoso
Fado, sendo também a
primeira vez que um comediante, no caso o actor Taborda, cantava, em
cena, algumas quadras em jeito de fado, acompanhado ao vivo por uma
guitarra.
A
exposição O Fado e o Teatro
nasceu a partir da conjugação do acervo do Museu Nacional do Teatro
e do Museu do Fado, pensada, produzida e enquadrada no âmbito da
declaração do Fado como Património Cultural Imaterial da
Humanidade.
BREVIÁRiO
MGM
edita em DVD, a colecção A
Pantera Cor-de-Rosa de Blake
Edwards, com Peter Sellers; inclui A
Pantera Cor-de-Rosa /The Pink Panther
(1963), Um Tiro às Escuras /
A Shot In the Dark (1964), A
Pantera Volta a Atacar /The Pink Panther Strikes Again
(1976), A Vingança da Pantera
Cor-de-Rosa /Revenge of the Pink Panther
(1978) e Na Pista da Pantera
Cor-de-Rosa /Trail of the Pink Panther
(1982). IMAG.14-429
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