PRONTUÁRiO
REFERÊNCIAS

VISTORiA
O
Andes
transpunha a barra com o seu carregamento de carne humana, exausta,
quase morta, que a América devolvia à Europa – homens que
dir-se-ia estarem a mais no mundo e se arrastavam pelos dois
hemisférios como se fossem o refugo de outros homens.
Ferreira
de Castro
-
Emigrantes (excerto - 1928)
Cantar
de Amigo
Entre
nós – perto ou longe!
– entre
nós rios e mares
montanhas
e cordilheiras…
Eu
e tu perdidos
nesta
distância sem fim do desconhecido.
Eu
e tu unidos
para
além das cordilheiras
por
sobre mares de diferença
na
comunhão de nossos destinos confundidos
– a
minha e a tua vida
correndo
para a confluência
num
mesmo Norte.
Eu
e tu amassados
nesta
angústia que é de nós,
minha
e tua,
e
mais do que de nós…
Eu
e tu
carne
do mesmo corpo
amor
do mesmo amor
sangue
do mesmo sacrifício!
Eu
e tu
elos
da mesma cadeia
grãos
da mesma seara
pedras
da mesma muralha!
Eu
e tu, que não sei quem és.
Que
não sabes quem sou:
– Eu
e tu: Amigo! Milhões…
Joaquim
Namorado
-
Antologia de Poetas
Alentejanos
CALENDÁRiO
04FEV1944-01JUL2013
- António Rama: Actor português de teatro, cinema e televisão -
entre os fundadores da Comuna - Teatro de Pesquisa e do Teatro
Experimental de Cascais.
11JUL2013
- No Palácio da Cidadela de Cascais, Museu da Presidência da
República expõe, com Câmara Municipal de Cascais, De
Propósito - Maria Keil [1914-2012],
Obra Artística;
retrospectiva com cerca de trezentas peças, incluindo pintura,
azulejo e design.
IMAG.13-150-244-393-413
VISTORiA
Várias
vezes, nos diferentes trabalhos consagrados ao espírito científico,
tentámos chamar a atenção dos filósofos para o carácter
decididamente específico do pensamento e do trabalho da ciência
moderna. Pareceu-nos cada vez mais evidente, no decorrer dos nossos
estudos, que o espírito científico contemporâneo não podia ser
colocado em continuidade com o simples bom senso.
Gaston
Bachelard
-
Conhecimento Comum e Conhecimento Científico (excerto)
Há
em muitos, julgo, um desejo semelhante de não ter de começar, um
desejo semelhante de se encontrar, de imediato, do outro lado do
discurso, sem ter de ver do lado de quem está de fora aquilo que ele
pode ter de singular, de temível, de maléfico mesmo. A este querer
tão comum a instituição responde de maneira irónica, porque faz
com que os começos sejam solenes, porque os acolhe num rodeio de
atenção e silêncio, e lhes impõe, para que se vejam à distância,
formas ritualizadas.
O
desejo diz: «Eu, eu não queria ser obrigado a entrar nessa ordem
incerta do discurso; não queria ter nada que ver com ele naquilo que
tem de peremptório e de decisivo; queria que ele estivesse muito
próximo de mim como uma transparência calma, profunda,
indefinidamente aberta, e que os outros respondessem à minha
expectativa, e que as verdades, uma de cada vez, se erguessem;
bastaria apenas deixar-me levar, nele e por ele, como um barco à
deriva, feliz.» E a instituição responde: «Tu não deves ter
receio em começar; estamos aqui para te fazer ver que o discurso
está na ordem das leis; que sempre vigiámos o seu aparecimento; que
lhe concedemos um lugar, que o honra, mas que o desarma; e se ele tem
algum poder, é de nós, e de nós apenas, que o recebe.»
Mas
talvez esta instituição e este desejo não sejam mais do que duas
réplicas a uma mesma inquietação: inquietação face àquilo que o
discurso é na sua realidade material de coisa pronunciada ou
escrita; inquietação face a essa existência transitória destinada
sem dúvida a apagar-se, mas segundo uma duração que não nos
pertence; inquietação por sentir nessa actividade, quotidiana e
banal porém, poderes e perigos que sequer adivinhamos; inquietação
por suspeitarmos das lutas, das vitórias, das feridas, das
dominações, das servidões que atravessam tantas palavras em cujo
uso há muito se reduziram as suas rugosidades.
Mas
o que há assim de tão perigoso por as pessoas falarem, qual o
perigo de os discursos se multiplicarem indefinidamente? Onde é que
está o perigo?
Michel
Foucault
-
A Ordem do Discurso (1971
- excerto)
-
Tradução de Edmundo Cordeiro, António Bento
MEMÓRiA
1926-25JUN1984
- Michel Foucault: Historiador francês, filósofo e ensaísta - «Não
me perguntem quem sou, e não me digam para permanecer sempre o
mesmo». IMAG.102-317
1931-26JUN1994
- António Portugal: Compositor do fado de Coimbra, fotógrafo amador
e impulsionador da Secção Fotográfica da Associação Académica
de Coimbra/AAC - «Quando se fala da guitarra de Coimbra e de canção
de Coimbra, não é possível descartar
a sua figura, tal a envolvência que teve, em alguns períodos da sua
história» (Teresa Arsénio). IMAG.337
27JUN1884-1962
- Gaston Bachelard: Filósofo e poeta francês - «O pensamento puro
deve começar por uma recusa da vida. O primeiro pensamento claro, é
o pensamento do nada». IMAG.391
27JUN1924-2010
- Paul Conrad: Cartoonista americano, veterano de Los
Angeles Times (1964-1993),
três vezes distinguido com o Prémio Pulitzer (1964, 1971 e 1984) -
«O seu trabalho é de efeito imediato, e pleno de emoção.
Tratando-se de um pugilista, seria daqueles que não param de atacar
o adversário» (Mike Keefe). IMAG.324
1898-29JUN1974
- José Maria Ferreira de Castro: Escritor português, cidadão do
Mundo - «Os homens transitam do Norte para o Sul, de Leste para
Oeste, de país para país, em busca de pão e de um futuro melhor.»
(Emigrantes
- 1928). IMAG.26-37-47-83-115-128-156-180-217-244
30JUN1884-1966
- Georges Duhamel: Escritor francês - «A verdadeira serenidade não
é ausência de paixão, mas a paixão contida, o ímpeto domado».
IMAG.112
30JUN1914-1986
- Joaquim Namorado: Poeta português, membro do grupo neo-realista de
Coimbra - «A poesia é uma máquina / de produzir entusiasmo / e é
preciso que os versos sejam verdadeiros / na vida dos poetas / como a
tua mão erguida / sobre os anos futuros / quando o próprio bronze
das estátuas se cobrir / do verdete do esquecimento / e das urtigas
/ entre as ruínas de um passado morto / e as pequenas plaquetes dos
sentimentos pobres / dos líricos delírios / das doidas metáforas
sem sentido / louvadas pela crítica / só tiverem o arqueológico
encanto / de um cabelo de Ofélia…» (Poeta
- excerto).
BREVIÁRiO
Lusomundo
edita em DVD, sob chancela Paramount, Dois
Vultos Na Paisagem / Figures In a Landscape (1970)
de Joseph Losey; com Robert Shaw e Malcolm McDowell. IMAG.99-167-389
Sony
edita em CD, sob chancela Vivarte, Joseph
Haydn
[1732-1809]: Sinfonias Nº.s
41-47, 50-52, 64-65, 82-90 por
Tafelmusik, sob a direcção de Bruno Weil.
IMAG.40-219-228-240-269-271-272-273-275-276-282-285-295-296-322-349-365-407-440
Relógio
d’Água edita A Poesia do
Pensamento de George Steiner;
tradução de Miguel Serras Pereira.
Smithsonian
Folkways / Karonte edita em livro e CD, Woody
at 100 - The Woody Guthrie [1912-1967]
Centennial
Collection.
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