terça-feira, março 06, 2018

IMAGINÁRiO #470

José de Matos-Cruz | 08 Junho 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TRANSCENDÊNCIA
Imaginário e itinerário coincidem no universo de formas e obsessões de Andrei Tarkovski (1932-1986), um dos mestres do cinema moderno, cujo exílio no Ocidente transfigurou pelas referências culturais ou afectivas sobre a Rússia, pátria-mãe, entre os signos e valores essenciais quanto a uma personalidade inquieta, insolidária mas sublimada, na solenidade duma ascese espiritual. Andrei Roubliov (1966) e Solaris (1972), suas obras-primas primordiais, virtualizam o legado de Andrei Tarkovski, como um testemunho de esperança e perenidade artística. Filho do poeta Arseni Tarkovski, além de música e pintura estudou geologia. Era um fanático da língua e da tradição árabes. Em 1983, renunciou então à cidadania natal, pedindo asilo político em Itália, por não lhe ser consentida uma ausência prolongada no estrangeiro, em regime de trabalho. Em 1990, foi postumamente atribuído a Andrei Tarkovski o Prémio Lenine, saudando «um artista de reflexão profunda sobre o significado da vida». Ingmar Bergman considerou-o «o maior, o único que inventou uma nova linguagem, verdadeira como a natureza dos seus filmes».

CALENDÁRiO

1961-19JUN2013 - James R. Gandolfini Jr, aliás James Gandolfini: Actor americano, protagonista de Tony Soprano na série televisiva Os Sopranos / The Sopranos (1999-2007) - «Sou um actor, faço o meu trabalho e, depois, vou para casa… A maior parte dos papéis que me oferecem já não implica correr, saltar, dar tiros, matar, morrer, e sangue. Estou a ficar velho». IMAG.146

1926-23JUN2013 - Richard Burton Matheson, aliás Richard Matheson: Escritor americano, ficcionista e guionista, autor de Eu Sou a Lenda / I Am Legend (1954) - «Por fim, pensou, até a dor mais profunda se aplaca, e o desespero mais intenso se desvanece. A maldição do verdugo: a vítima habitua-se ao látego».

MEMÓRiA

1930-10JUN2004 - Ray Charles: Pianista e cantor soul americano - «Nasci com a música dentro de mim, e tornou-se tão necessária como comer ou beber». IMAG.211-347-387

11JUN1864-1949 - Richard Strauss: Músico e maestro alemão - «Posso não ser um compositor de primeira categoria - mas, sem dúvida, devo estar entre os principais compositores de uma segunda classe». IMAG. 68-106-241

03DEZ1944-13JUN1984 - António Joaquim Rodrigues Ribeiro, aliás António Variações: Cantor e compositor português - «Variações é uma palavra que sugere elasticidade, liberdade. E é exactamente isso que eu sou e que faço no campo da música. Aquilo que canto é heterogéneo. Não quero enveredar por um estilo. Não sou limitado. Tenho a preocupação de fazer coisas de vários estilos». IMAG.99

15JUN1664-1729 - Jean Meslier: Sacerdote católico e filósofo francês, promotor o ateísmo, denunciando - em Memória - «a falsidade e a vanidade de todas as divindades e de todas as religiões do mundo».

ANTIQUÁRiO

08JUN1874 - Eça de Queiroz é nomeado adido junto à Direcção dos Negócios Estrangeiros do Governo do Reino.
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09JUN1934 - O Pato Donald - aliás Donald Faunleroy Duck, criado por Dick Lundy, e sendo a voz de Clarence Nash - estreia-se em grande ecrã em The Wise Little Hen, uma Silly Symphony sob chancela Walt Disney. IMAG.7-8-298-391-463

ELUCIDÁRiO

Jean Meslier

Padre e filósofo francês, nasceu em 1664, numa aldeia das Ardenas. Foi ordenado cura de Étrépigny, onde morreu em 1729. Nome associado à violência revolucionária, o padre Meslier passou à posteridade após a divulgação de Memória, publicação póstuma na qual condensa toda a sua verve anticlerical e o seu ódio pela Igreja, pela aristocracia e por todas as formas de opressão. Uma fórmula sua viria a ser retomada sob várias maneiras ao longo da História e, sobretudo, no Maio de 68: o seu desejo de ver «todos os Grandes da Terra enforcados e estrangulados com as tripas dos padres».

COMENTÁRiO

Pato Donald

O Pato Donald, personagem criada por Walt Disney, apareceu pela primeira vez em 1934, numa curta-metragem intitulada A Galinha Espertalhona [The Wise Little Hen], adaptada de um conto russo. A galinha precisa de ajuda para plantar um campo de milho e o seu vizinho, o Pato Donald, vai fazer de tudo para não ter que meter as mãos na massa.
Aliás, o seu estilo desajeitado, divertido e preguiçoso tornou-o conhecido e adorado por milhões de pessoas em todo o mundo. Com a criação de Donald, Walt Disney pretendia uma personagem que fizesse um contraponto ao Rato Mickey, já famoso por essa altura.
Aos 75 anos, o Pato Donald já experimentou mais de 100 profissões diferentes… mas não teve sucesso em nenhuma. Por isso vive sempre com dificuldades monetárias e salta de contrariedade em contrariedade. «Ele é um perdedor, não um desistente, por isso não vai abaixo sem luta», escreve a Disney sobre a sua personagem.
Mas a personagem do Pato Donald não ficaria completa sem a voz que o celebrizou. Clarence Nash, um homem do campo e exímio imitador de sons de animais, convenceu Walt Disney ao recitar o poema Maria Tinha Um Carneirinho. A voz esganiçada de Donald estava encontrada e Nash protagonizou as falas do Pato durante mais de 50 anos, até 1986, quando faleceu.
Em 1937, Donald teve pela primeira vez o papel principal num desenho animado: Don Donald. Até aos dias de hoje, no caminho para o estrelato, o Pato Donald participou em 128 filmes - superando o Rato Mickey - e recebeu a honra de ter uma estrela no Passeio da Fama, em Hollywood.
A sua fama a nível mundial é indiscutível: na Dinamarca é conhecido como Anders And, na Indonésia como Donal Bebek e na Itália como Paperino, só para citar alguns exemplos.
10JUN2009 - Diário de Notícias

INVENTÁRiO

Em cinema, os temas da imortalidade e do sobrenatural, tendo a fantasmagoria por fenómeno essencial, foram explorados tradicionalmente, transformando-se em géneros, graças à essência específica do imaginário - como um domínio virtualizado entre a realidade e o surreal, revestindo as personagens de uma perene vitalidade, para além da existência efémera enquanto seres humanos. É de tais parâmetros que, ainda e sempre, se revestem Espíritos Inquietos (2000) de David Koepp, conjugando - no entanto - um outro tipo de abordagem, de tratamento, porventura mais sofisticado mas, simultaneamente, com implicações fascinantes, terríficas, em interioridade e plenitude.
Tudo converge na essencial relevância de Koepp como autor integral - tendo assumido a realização e escrito o entrecho, a partir de A Stir of Echoes por Richard Matheson. Mas, de um modo muito expressivo e peculiar - pela assunção de um projecto e respectiva concretização, em que estão implícitas as suas próprias referências culturais e artísticas. Não sendo um fanático da paranormalidade, nem sequer um crente de todos os mistérios que sobressaltam entre o céu, a terra e o submundo, Koepp - autor de A Morte Fica-vos Tão Bem (1992 - Jonathan Demme) - intuiu, no romance de Matheson, potencialidades transfiguradoras sobre os obsessivos medos e pavores humanos.
Tal como Koepp, também Tom Witzky - funcionário da companhia de telefones - é céptico, quanto a tudo o que ultrapasse o prático e o razoável. Até que, numa festa em família, se submete por gozo ao hipnotismo. Então, passa a ter visões de uma jovem que morreu em circunstâncias suspeitas, com efeitos premonitórios e devastadores quanto à sua vida pessoal/profissional, e que afectam também o filho. Desvendar essa extraordinária conexão colocará Tom, no limite, perante uma verdade mais tremenda e perigosa… Através de um inquietante jogo de sugestões, aparências, assombrações, Koepp exorciza, afinal, a crónica de um crime, em seu ritual de investigação / expiação.

SUMÁRiO

António Variações - Perfil

Filho de camponeses e barbeiro de profissão foi, apesar da curta carreira, um dos principais nomes da música ligeira portuguesa. Em 1981, o primeiro single tinha os temas Povo Que Lavas No Rio de Amália Rodrigues e Estou Além, a que se seguiu Dar e Receber (1984). A sua música misturava pop, rock, blues, fado.
09JUN2009 - Diário de Notícias
 
BREVIÁRiO

Midas edita em DVD, Caixa Andrei Tarkovski (1932-1986); inclui A Infância de Ivan (1962), Andrei Roubliov (1966), Solaris (1972), O Espelho (1974) e Stalker (1979). IMAG.32-112-383

Megamusica edita em CD, sob chancela Alia Vox, Esprit d’Arménie por Hespèrion XXI, sob a direcção de Jordi Savall.

Relógio d’Água edita Contos de Luigi Pirandello (1867-1936); tradução de Carlos F. Barroso e Graziella Saviotti. IMAG.110-112-165-223

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