quarta-feira, janeiro 31, 2018

IMAGINÁRiO #451

José de Matos-Cruz | 16 Janeiro 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

REINCIDÊNCIAS
As Aventuras de Blake e Mortimer principiaram em 1946, com O Segredo do Espadão, logo patenteando a arte monumental de Edgar Pierre Jacobs (1904-1987). Em causa, a dualidade do Bem - simbolizada na instituição militar (o bravo Capitão Francis Blake, responsável pelo MI5, serviço de contra-espionagem britânico) e no poder da ciência (o Professor Philip Mortimer, um especialista em Física e Aeronáutica, com gosto pelos fenómenos bizarros); contra a perversão do Mal - concentrada num arqui-inimigo (o sinistro e volúvel Coronel Olrik), ou outros eventuais adversários (Satô, Labrousse, Ahmed Rassim Bey). Um presente de ameaças, cumplicidades e perigos - virtualizado entre o passado e o fantástico, o futuro e a arqueologia - de Londres ao Cairo, de Paris a Tóquio, da Pré-História à Atlântida… Bob de Moor, Jean Van Hamme e Ted Benoît asseguraram uma continuidade, como Yves Sente & André Juillard - que em O Juramento dos Cinco Lords, sugestivamente imaginado entre A Marca Amarela e O Caso do Colar, sempre sob chancela das Edições Asa, aliam ainda reflexos de uma adolescência idealista, sagrada sobre a aura mítica e política de Lawrence da Arábia. Hábeis a lidar com os mistérios e desafios que se repercutem entre o céu e a terra, o Capitão Blake e o Professor Mortimer voltam aos cenários e às tradições de Inglaterra, e acabam, afinal, por protagonizar a sua intermitente coexistência, no universo contemporâneo da banda desenhada.
IMAG.10-66-119-218-245-281-348-427

CALENDÁRiO

18JAN-07ABR2013 - Em Lisboa, Centro de Arte Moderna/CAM da Fundação Calouste Gulbenkian apresenta, em organização com Fundação Cupertino de Miranda, A Imagem Que de Ti Compus - Homenagem a Júlio - exposição de desenho e pintura de Júlio Maria dos Reis Pereira (1902-1983). IMAG.74

14FEV-06MAR2013 - Galeria de Arte do Casino Estoril expõe Cerâmicas 2013. E Não Só! de Dário Vidal. IMAG.388-431

REPORTÓRiO

As Pinturas do meu Irmão Júlio

Filme produzido e realizado por Manoel de Oliveira, em 1965. A nostalgia de um poeta - José Régio - ausente da terra natal, Vila do Conde, anima as imagens duma memória: as pinturas de seu irmão - Júlio Maria dos Reis Pereira, também poeta Saul Dias - albergadas na velha casa onde nasceram. Assim desfilam em longa panorâmica, como na imaginação - sendo José Régio autor dos poemas e participante.

Cerâmicas 2013

Dário Vidal apresenta oito dezenas de obras, das quais alguns painéis de grandes dimensões, várias composições em que acasala azulejos portugueses do Século XII com azulejos actuais, pequenas esculturas e instalações de feição minimalista, produtos de uma exuberante imaginação criadora, muito trabalho e uma permanente investigação.
N. Lima de Carvalho

VISTORiA

Ecce Homo

Desbaratamos deuses, procurando
Um que nos satisfaça ou justifique.
Desbaratamos esperança, imaginando
Uma causa maior que nos explique.

Pensando nos secamos e perdemos
Esta força selvagem e secreta,
Esta semente agreste que trazemos
E gera heróis e homens e poetas.

Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo
Malhando-nos a carne, até que em brasa
Nossos sexos furiosos se confundam,

Nossos corpos pensantes se entrelacem
E sangue, raiva, desespero ou asa,
Os filhos que tivermos forem nossos.
José Carlos Ary dos Santos

TRAJECTÓRiA

Edvard Munch - Um Símbolo da Cultura Norueguesa

Como o dramaturgo Henrik Ibsen (1828-1926) ou o compositor Edvard Grieg (1843-1907), o pintor Edvard Munch (1863-1944) é um dos grandes símbolos culturais da Noruega. Simbolista e um dos precursores do expressionismo (de que O Grito é uma das obras de referência), Munch viveu mais do que os outros grandes ícones o despertar do seu país como nação independente (o que aconteceu em 1905, num referendo que colocou um ponto final ao domínio sueco).
02MAI2012 - Diário de Notícias

COMENTÁRiO

O Grito - Apenas Arte

Nunca nenhum quadro foi dissecado, tão comentado. Nos últimos cem anos, multiplicaram-se as teorias sobre a origem deste Grito tão singular. Houve quem mencionasse a hipótese de um súbito ataque de pânico transportado pelo artista para a sua tela. Falou-se em ansiedade, em neurose. E como as teorias não pagam imposto, houve inclusivamente quem arriscasse que tudo se terá devido às frequentes libações alcoólicas de Edvard Munch. O segredo, afinal, é bem mais simples: apenas arte. Da melhor de sempre.
11JUL2009 - Diário de Notícias

MEMÓRiA

1737-16JAN1794 - Edward Gibbon: Historiador inglês - «Todo o homem recebe duas espécies de educação: a que lhe é ministrada pelos outros, e, muito mais importante, a que ele proporciona a si mesmo».

1937-18JAN1984 - José Carlos Ary dos Santos: Poeta e declamador português - «Poeta é certo mas de cetineta / fulgurante de mais para alguns olhos / bom artesão na arte da proveta / narciso de lombardas e repolhos.» (Auto-Retrato - excerto). IMAG.157-276

20JAN1924-2010 - Yvonne Loriod: Pianista francesa, compositora e professora, mulher e intérprete de Olivier Messiaen - «Para mim, ele foi uma autêntica explosão, entrando em choque com todos os meus preconceitos». IMAG.304

1668-23JAN1744 - Giovanni Battista Vico, aliás Gianbattista Vico: Filósofo italiano - «No início, a natureza dos povos é cruel, depois torna-se severa, em seguida, benevolente, mais tarde, delicada e, finalmente, corrupta».

1863-23JAN1944 - Edvard Munch: Artista plástico norueguês, autor de O Grito (1893) - «O espectador deve consciencializar-se do que a pintura tem de sagrado e, portanto, ter diante dela a cabeça descoberta, como quando está numa igreja». IMAG.446

ANTIQUÁRiO

02MAI2012 - Em Nova Iorque, uma das quatro versões do quadro O Grito, pintada por Edvard Munch em 1895, é adquirida num leilão da Sotheby’s por 119,92 milhões de dólares, tornando-se a obra artística mais cara adquirida por este meio, e cujo valor prévio era estimado em 80 milhões.

ANUÁRiO

1914-2008 - Edward D. Cartier, aliás Edd Cartier: Artista plástico, assistente de Norman Rockwell, desenhador de capas para imaginários de Robert A. Heinlein e Isaac Asimov, ou das aventuras de The Shadow / O Sombra por Walter B. Gibson - «Quando comecei a ilustrar obras de ficção científica, tudo me parecia demasiado estranho. Aconselharam-me a seguir o estilo dos autores primordiais, e só depois logrei a minha própria técnica». IMAG.231-243

BREVIÁRiO

Quarto de Jade edita O Amor Perfeito - Poema Para Descobrir e Construir de Maria João Worm. IMAG.289-301-325-359-386-409-416-430-444

Cavalo de Ferro edita Arde o Musgo Cinzento de Thor Vilhjálmsson (1925-2011); tradução de Carlos Aboim de Brito.

Gradiva edita O Número de Ouro de Mario Livio; tradução de João Nuno Torres.

INVENTÁRiO

O Amor Perfeito

A nova edição do Quarto de Jade resulta de uma vontade de dar a descobrir, a adultos e crianças, a construção da passagem de um livro a um objecto tridimensional. Um Amor Perfeito plantado a quatro mãos, ou as que se juntando queiram acompanhar este processo de transformação.
Quatro cubos, para montar e colar, numa base que, através de um movimento rítmico, permitirão a leitura de três imagens diferentes que ilustram um pequeno poema. Como partilha desta metamorfose, no verso da capa, poderá ficar o registo assinado, pelos autores, que assim podem guardar uma memória cúmplice e partilhada. No que esperamos ser uma possível iniciação à descoberta da poesia.
Esta edição foi impressa em cartolina de 190 gramas, com plastificação mate e contem as devidas instruções para uma montagem simples e adequada. Também está disponível uma versão em inglês.

VISTORiA

Observamos que todas as nações, tanto as bárbaras como as humanas, embora tão distantes entre si no espaço e no tempo, conservam estes três costumes humanos: todas têm alguma religião, todas contraem casamentos solenes, e todas enterram os seus mortos.
Gianbattista Vico
- A Nova Ciência

Sem comentários:

Enviar um comentário