terça-feira, janeiro 30, 2018

IMAGINÁRiO #450

José de Matos-Cruz | 08 Janeiro 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

PESSOA(S)
«Fernando Pessoa pensou cada um de nós antes de termos nascido. Essa é, de facto, a razão pela qual aqui estamos a escrever poemas, a congeminar programas filosóficos ou a fazer banda desenhada» - assim prenuncia Jesús Aguado uma rara experiência de inquietude e deslumbramento. Primeiro estranha-se, depois entranha-se… Tal como o poeta e seus heterónimos, que nos (a)colhem em Pessoa & Cia - novela gráfica de Laura Pérez Vernetti, com edição sob chancela Asa. Para abordar e vivenciar «a grande criatividade e imaginação da obra deste escritor», segundo a inspirada autora, a estrutura é, em si mesma, aliciante e virtual: a partir de Biografias, com um Retrato (a preto e branco) do escritor e seus heterónimos, seguem-se (a cores) Pessoa… - com versões livres de O Livro do Desassossego (O Escritório Amplo, A Minha Família, A Estupidez) de Bernardo Soares; …& Cia - com ilustrações adaptadas sobre Odes de Ricardo Reis (Lídia), e Poemas Inconjuntos (Trânsitos), O Pastor Amoroso (Amar É Pensar) de Alberto Caeiro, além do poema Nuvens de Álvaro de Campos. Um complexo desafio, temático e introspectivo, consumando - pelas visões estéticas e estilísticas - um fascínio pessoal e literário.
IMAG. 26-28-64-82-130-131-157-182-187-196-207-211-236-264-323-326-330-333-343-347-376-382-384-385-395-399-403-404-417-426-433

CALENDÁRiO

25JAN-27OUT2013 - Em Lisboa, Museu do Oriente expõe Cartazes da Propaganda Chinesa. A Arte ao Serviço da Política, sendo comissários Jacques Pimpaneau e Sylvie Pimpaneau.

1932-04FEV2013 - Donaldson Toussaint L'Ouverture Byrd II, aliás Donald Byrd: Músico americano, trompetista de jazz - «A sua influência fez-se sentir ao longo de muitos anos, tendo sido recriado, via sampler, nas décadas de 1990 e 2000, por projectos de hip-hop…» (Público).

1942-10FEV2013 - Eugenio Trias: Escritor e filósofo espanhol, distinguido com o Prémio Internacional Friedrich Nitzsche (1995), autor de El Canto de las Sirenas (2007) - «O pensador em espanhol mais importante desde Ortega y Gasset» (El Mundo).

15FEV-31MAR2013 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe Memória, Memórias - retrospectiva de pintura de António Carmo.

27MAR-27MAI2013 - Na FNAC Chiado, Artistas Unidos apresenta Ao Longo dos Anos - exposição de fotografia de Jorge Gonçalves.

ANUÁRiO

1864 - Neste ano, a safra no distrito de Coimbra em produção de azeite é de 3.128 pipas ou 81.328 almudes, os quais se venderam a 3$000 réis, perfazendo 243:984$000 réis.

1864 - Neste ano, o vinho despachado na Alfândega do Porto, para exportação, monta a 35.619 pipas, 14 almudes e 5 canadas.

1864 - Neste ano, o Monte-Pio das Alfandegas do Reino tem de receita 7.065$270 réis, entre jóias, contribuições, rendimentos, prémios e juros. 

SUMÁRiO

António Carmo

Natural de Lisboa (Madragoa, 1949), estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde completou o curso de pintura. Com obra vasta, exibida em muitos países, tem créditos firmados no panorama cultural português e está representado em colecções nacionais e estrangeiras da maior relevância.
Desde 1968 que expõe a sua arte, caracterizada pela exuberância cromática com que presta homenagem a vultos maiores da Cultura, especialmente da Música (antigo elemento do Grupo de Bailados Verde Gaio) e da Pintura, mas evocando igualmente a alegria de viver e o universo intrínseco a uma visão poética da existência humana, objecto de vibrante celebração em cor, forma e expressividade visual.


MEMÓRiA

13JAN1924-2011 - Roland Petit: Bailarino e coreógrafo francês, fundador do Ballet des Champs Elysées - «De cada vez que ele volta, é o regresso do filho pródigo» (Brigitte Lefèvre - Ópera de Paris). IMAG.286-364

1896-14JAN1984 - Maurice Bellonte: «Herói legendário da aviação mundial» (Diário de Notícias - 1965), efectuou a primeira ligação aérea entre França e os EUA, em SET1930, com Dieudonné Costes, num aparelho Breguet XIX.

1862-15JAN1924 - Peter Newll: Autor de O Livro Inclinado (1910) - pertencente a um núcleo de obras que «criou na fronteira imprecisa entre a ilustração e a banda desenhada, onde as preocupações formais com o próprio objecto-livro são um elemento recorrente» (Sara Figueiredo Costa). IMAG.233-361

BREVÁRiO

Sextante edita As Minhas Lembranças Observam-me, seguido de Primeiros Poemas de Tomas Tranströmer; tradução de Ana Diniz, posfácio de Pedro Mexia. IMAG.379-445

Trem Azul edita em CD, Classic [Tony] Bennett - The Jazz Sides.

Bertrand edita Cama de Gato de Kurt Vonnegut (1922-2007); tradução de Rosa Amorim. IMAG.146

Deutsche Grammophon edita em CD, Twilight of the Gods de Richard Wagner (1813-1883), por Bryan Terfel e Deborah Voight, com Metropolitan Opera Orchestra and Chorus, sob a direcção de James Levine. IMAG.14-68-78-86-104-111-147-212-215-285-330-390-393-406

INVENTÁRiO

Cartazes da Propaganda Chinesa - A Arte ao Serviço da Política

O Museu do Oriente apresenta uma mostra de cerca de 100 cartazes de propaganda chinesa, produzidos entre 1959 e 1981 e que constituem um documento histórico do período que vai do Grande Salto em Frente e da criação das Comunas Populares ao fim da Revolução Cultural.
Nos 100 cartazes em exposição, seleccionados de um total de 200 que integram a Colecção Kwok On da Fundação Oriente, estão bem ilustrados os temas mais correntemente abordados à época, como a glorificação do presidente Mao e dos heróis comunistas, a prosperidade da economia, a luta contra o imperialismo, a felicidade do povo e o poder do exército.
Com tiragens que chegavam a atingir as dezenas de milhares de exemplares, estes cartazes, cujo objectivo era o de mostrar ao povo o caminho a seguir, viam-se em todo o lado e faziam parte do quotidiano dos chineses. Na sua maioria, anteviam o futuro radioso da China comunista com o super-herói Mao a conduzir o país à felicidade e à glória. São também um espelho do design da época, apresentando alguns deles um interesse estético que a função de propaganda política não pode, naturalmente, ofuscar.
A exposição, comissariada por Jacques Pimpaneau e Sylvie Pimpaneau, está organizada em nove núcleos, o primeiro dos quais integrando cartazes alusivos ao novo ano chinês e a heróis de contos e óperas clássicas populares que fazem parte do património local. Os grandes heróis da revolução comunista chinesa, sobretudo Mao Zedong e Zhou Enlai, mas também heróis estrangeiros como Lenine e o médico canadiano Norman Béthune que, na Guerra Civil de Espanha, tratou os feridos do lado republicano e que, na Guerra Sino-Japonesa combateu ao lado do Exército de Mao, estão representados nos cartazes seleccionados para o segundo núcleo. No núcleo seguinte, figuram alguns cartazes de propaganda das políticas do Partido Comunista da China, ocupando o quarto núcleo uma série de cartazes alusivos às classes sociais consideradas fundamentais para a criação da nova China: operários, camponeses e soldados.
As minorias étnicas do interior da China, num apelo à fraternidade entre os povos, também não foram esquecidas pela propaganda e ocupam aqui o quinto núcleo, sendo o sector seguinte ocupado por cartazes em que figuram todos aqueles que se transformaram em heróis e que são modelos a seguir pelas populações.
Os cartazes do sétimo núcleo tinham como finalidade explicar e promover as lutas revolucionárias levadas a cabo no exterior da China. Segue-se um conjunto de cartazes cujos autores se deixaram influenciar pelas pinturas feitas por camponeses e pelas xilogravuras tradicionais.
Brinquedos e jogos que também tiveram o seu papel na propaganda política ocupam o último núcleo da exposição.

VISTORiA

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
que se chama o coração.
Fernando Pessoa
 

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