PRONTUÁRiO
AVENTURAS
Talentoso
e peculiar criador da escola franco-belga, homenageado pelo Festival
de Angoulême em 1999, François
Boucq
voltou à cumplicidade do chileno Alexandro
Jodorowsky
- celebrada com Face
da Lua - O Domador de Ondas - sob
chancela das Edições Asa, com Bouncer
em sexto e sétimo tomo, respectivamente A
Viúva Negra e
Coração
Dividido.
Em causa original, um grupo de mercenários sulistas que, tendo-se
recusado à rendição, no crepúsculo da Guerra da Secessão na
América, busca uma jóia prodigiosa…
À
tensão empolgante e violenta cominação, dramatizada por Jodorowsky
ao ritualizar o desígnio humano, Boucq confere um grafismo
estigmatizado e persistente, na expansão do imaginário lúdico e
aventuroso. Para o versátil autor, «a banda desenhada é uma
escrita original, incomparável, ilimitada, inclassificável,
insolente, que não tem contas a prestar a qualquer outro meio de
expressão. A sua nobreza, herdou-a da arte de contar e das imagens
da Idade Média». IMAG.3-64-221
CALENDÁRiO
26OUT2012-27JAN2013
- Na Galeria de Exposições Temporárias, Fundação Calouste
Gulbenkian apresenta As Idades
do Mar, em
seis secções distintas - A
Idade dos Mitos,
A
Idade do Poder,
A
Idade do Trabalho,
A
Idade das Tormentas,
A
Idade Efémera
e A
Idade Infinita;
mostra de cento e nove obras representativas da pintura ocidental,
realizadas entre os Séculos XVI e XX, por artistas como Van Goyen,
Lorrain, Turner, Constable, Friedrich, Courbet, Boudin, Manet, Monet,
Signac, Fattori, Sorolla, Klee, De Chirico e Hooper, ou os
portugueses Henrique Pousão, Amadeo de Souza-Cardoso, João Vaz,
Maria Helena Vieira da Silva e Menez.
08NOV2012
- ZON Audiovisuais estreia Aristides
de Sousa Mendes - O Cônsul de Bordéus de
Francisco Manso e João Correa; com Victor Norte e Leonor Seixas.
IMAG.150-198-253-326
26NOV2012
- António de Macedo, António da Cunha Telles e Isabel Ruth são
distinguidos com o Prémio Sophia/Carreira, pela Academia Portuguesa
de Artes e Ciências Cinematográficas.
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MEMÓRiA
1902-08SET2003
- Leni Riefenstahl: Fotógrafa e cineasta germânica - «Sinto-me
fascinada por tudo o que é belo, forte, saudável, por tudo o que
está vivo. O meu objectivo é a harmonia». IMAG.383
09SET1903-2009
- Edward Upward: Escritor britânico, membro da Geração de Oxbridge
dos anos de ‘1930 - «Aquele cuja vida mais se manteve fiel aos
seus princípios e ideais» (Stephen Spender). IMAG.238
09SET1923-2011
- David Rayfiel: Argumentista do cinema americano, colaborador
habitual de Sydney Pollack e Robert Redford - «É um escritor de
subentendidos - se pretende revelar algo sobre uma personagem, fá-la
falar ou, então, leva outras personagens a dizer algo sobre ela»
(Sydney Pollack - 1985). IMAG.364
09SET1923-2011
- Cliff Robertson: Actor americano de teatro e cinema, distinguido
com o Oscar como intérprete de Charly
(1968) - «Não tenho uma profissão propriamente estável… É como
tentar subir para uma canoa, com as calças em baixo». IMAG.374
1668-11SET1733
- François Couperin: Compositor, organista e cravista francês -
«Era o músico poeta par
excellence… Acreditava na
habilidade de a Música (com M maiúsculo) se expressar em sa
prose et ses vers» (Jordi
Savall). IMAG.202-340
14SET1983-2011
- Amy Winehouse: Cantora pop
inglesa - «Eu já morri centenas de vezes… As lembranças magoam a
minha mente… Digo adeus só com palavras». IMAG.366
15SET1613-1680
- François, Duque de La Rochefoucauld: Pensador e memorialista
francês - «Aqueles que se
dedicam demasiado às pequenas coisas, tornam-se normalmente
incapazes de realizar as grandes… / Prometemos conforme as nossas
esperanças, e cumprimos segundo os nossos receios».
IMAG.42-267-377
TRAJECTÓRiA
Nascida
em Berlim, a 22 de Agosto de 1902, Bertha Helene Amalie Riefenstahl
queria ser bailarina, mas desiste após uma queda em palco. Conhece
Arnold Franck, realizador de filmes
de montanha, e protagoniza
vários deles. Em 1932, assina o primeiro filme, A
Luz Azul. Hitler, seu
admirador, insta-a a filmar o congresso do Partido
Nacional-Socialista em Nuremberga, em 1934. É O
Triunfo da Vontade (1935).
Segue-se Os Deuses do Estádio
(1938), sobre as Olimpíadas
de Munique de 1936, premiado mundialmente. Após a derrota alemã na
II Guerra Mundial, Riefenstahl sofre várias humilhações mas acaba
desnazificada.
Completa o inacabado Tiefland
(1954). Fotografa os Nuba no
Sudão e dedica-lhes dois livros. Tira aulas de mergulho nos anos 70.
Delas resultam mais livros e o documentário Impressões
Submarinas (2002).
22AGO2002
- Diário de Notícias
INVENTÁRiO
O
PRIMO BASÍLIO
Em
1922, George Pallu realizou, para a Invicta Film, o drama cinegráfico
O Primo Basílio,
baseado no romance de Eça de Queiroz. Tudo gira, como se sabe, em
volta dum adultério incómodo – entre Luísa, uma dama (bem)
casada com Jorge, mas suspirante; e Basílio, um parente cosmopolita,
leviano, que chega do estrangeiro… No contrato celebrado com os
livreiros Lello & Irmão, estava prevista a venda da fita para o
Brasil, estipulando-se quanto aos termos ficcionais e económicos: a
Invicta podia «introduzir, modificar ou suprimir qualquer assunto»,
«segundo as exigências do cinematógrafo, desde que não fiquem
alteradas as linhas gerais», «ou suprimidos os principais
personagens»; a cessão foi feita «pela quantia de dois cêntimos
em moeda francesa ao câmbio do dia, por metro de cada positivo
vendido», «depois de deduzida a metragem dos títulos».
Reproduzindo com bastante fidelidade os tipos característicos, bem
como o clima fútil e a tensão expiadora, na obra literária, Pallu
– também autor do argumento – não consegue, todavia, transmitir
a toada sibilina, nem a feroz insolência sobre os costumes
mesquinhos e a medíocre moral da época. Mesmo assim, um tema tão
ousado e a sugerida escabrosidade levantaram significativa onda de
protestos. Já a Invicta Cine
– reconhecendo a «grande
irreverência» de Eça – criticou os «delambidos púrrios,
grotesca personificação da honestidade, que andam a ejacular a sua
estupidez…» A estreia comercial do filme esteve em risco, acabando
por ocorrer – com distribuição Castello Lopes – em Lisboa
(Condes), a 16 de Março; e no Porto (Jardim Passos Manuel), a 27 de
Março de 1923. A fotografia de Maurice Laumann é sóbria mas
envolvente, filtrando a mecânica do conflito (assédio,
infidelidade, chantagem) através da transparência cénica
(humilhação, doença, morte). O papel de Basílio, interpretado por
um Robles Monteiro corpulento e bonacheirão, raro sugere o
insinuante sedutor que implicaria a trama sentimental, bem servida
por uma Amélia Rey Colaço na figura vulnerável e patética de
Luísa. Arrebatador é, no entanto, o desempenho da notável Ângela
Pinto, como Juliana, na sua única aparição em cinema: cria com o
espectador uma distanciação ambígua que, no entanto, gera a
cumplicidade, proferindo apartes em direcção à câmara… Ainda no
elenco, destacam-se Raul de Carvalho (Jorge), António Pinheiro
(Conselheiro Acácio) e Arthur Duarte (Ernestinho). A pouco
característica definição de situações, no acercamento desse
estrato classista e pretensioso, algo parasitário em seus rituais de
dissolução, para além das aparências morais, é contrabalançada
pela dinâmica narrativa – assente numa montagem equilibrada, com
recurso frequente a sequências paralelas.
DOMINGO
À TARDE

ANTIQUÁRiO
16MAR1923
- No Condes, Castello Lopes estreia O
Primo Basílio de Georges
Pallu (1869-1948); sobre o romanesco de Eça de Queiroz (1845-1900),
com Amélia Rey Colaço e Raul de Carvalho.
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BREVIÁRiO
Universal
edita em CD, Carlos do Carmo
ao Vivo Nas Salas Míticas.
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Bertrand
edita Cosa Nostra - Um Século
de História da Máfia de
Eric Fratini; tradução de Pedro Carvalho. IMAG.210
Eter
edita em CD, sob chancela d’Euridice, Avis
Rara por Gaiteiros de Lisboa.
IMAG.112
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