PRONTUÁRiO
VARIÁVEIS
Etnógrafo,
professor universitário, Jean
Rouch
(1917-2004) era, também, dito o inventor do cinema-verdade
- embora, em sua opinião, nada mais tenha feito que seguir a
tradição dos clássicos pioneiros: câmara ao ombro, diálogos
improvisados, ausência de actores profissionais, espontaneidade de
rodagem… Afinal, superando a estética tradicional, os meios
pesados,
industriais, para obter uma linguagem mais directa, simples e
anticonvencional. Ao recordar os seus inícios no cinema, Jean Rouch
falava deste como um corpo
fechado
- onde circulam personagens monstruosas, «os artistas», com as suas
hordas gigantescas de equipas técnicas. Começou por trabalhar com
uma câmara de 16 mm, por não possuir outros meios, e dadas as
facilidades de manejo. Fez um cinema antropológico
- dedicando-se aos usos e costumes da África francófona. Aliás,
Jean Rouch definia a etnografia
como o estudo de uma cultura que não é a nossa, explicitando que o
cinema a ela dedicado se caracteriza por uma actividade essencial: a
constituição de arquivos fílmicos sobre vivências em vias de
extinção, ou em processo de transformação. Porém, não bastaria
um testemunho documental, sendo necessário misturar a realidade com
o imaginário…
MEMÓRiA
1899-24JAN1983
- George Cukor: Cineasta americano - «Num filme, se a linha
narrativa não motivar as cenas, as cenas não terão qualquer
significado». IMAG.179-225-274-290
1940-26JAN1993
- Nelson Dias: Artista plástico, ilustrador de Wanya
- Escala Em Orongo (1973) -
«A violência que perpassa é sempre contada em flashback,
como recordação - tanto do que vitimou Orongo, como do que ocorreu
na Terra, antes de ter superado uma atávica inclinação guerreira».
IMAG.
166-173-178-263-385
28JAN1853-1895
- José Martí: Escritor, político e filósofo cubano - «Quem não
se sentir ofendido com a ofensa feita a outros homens, quem não
sentir na face a queimadura da bofetada dada noutra face, seja qual
for a sua cor, não é digno de ser homem».
28JAN1873-1954
- Sidonie Gabrielle Colette: Escritora francesa - «A mulher que se
acha inteligente reclama igualdade de direitos com os homens. Mas a
mulher que é realmente inteligente não o faz». IMAG.225
1889-29JAN1953
- João Pina de Morais: Escritor e político português - «A
tolerância é infinitamente mais difícil do que, por exemplo, a
geometria». IMAG.304
1874-29JAN1963
- Robert Frost: Poeta americano - «Nunca iniciei uns versos cujo fim
conhecesse. Escrever poesia é um ritual de descoberta».
31JAN1923-2007
- Norman Mailer: Escritor e jornalista americano - « Já não somos
uma cultura literária. Somos uma cultura televisiva. Os escritores
já não são tão importantes quanto eram antes. E digo isto, sem
nenhum prazer». IMAG.105-171-228
CALENDÁRiO
24SET1943-25MAR2012
- Antonio Tabucchi: Escritor italiano, professor de Língua e
Literatura Portuguesas - «Que influência pode ter a voz de um
escritor, de um poeta, de um intelectual? É uma gota no oceano, uma
agulha no palheiro. A arte e a literatura nunca modificaram muito o
mundo». IMAG.269-273
29MAR2012
- C.R.I.M. produziu, e estreia A
Vingança de Uma Mulher de
Rita Azevedo Gomes; com Rita Durão e Fernando Rodrigues. IMAG.172
29MAR2012
- Alambique estreia É Na
Terra, Não É Na Lua de
Gonçalo Tocha.
03ABR-04MAI2012
- Em Lisboa, Livraria Leya na Buchholz expõe Aguarelas
de Catherine Labey, em
complemento a Provérbios…
Com Gatos, álbum da artista
com edição sob chancela Asa. IMAG.132-147-150-160-256
VISTORiA
E
próximo ao meu lar não mais cantasse.
Cheguei
à porta para afugentá-lo,
Por
sentir-me incapaz de suportá-lo.
Penso
que a inteira culpa fosse minha,
E
não do pássaro ou da voz que tinha.
O
erro estava, decerto, na aflição
De
querer silenciar uma canção.
Robert
Frost
(Tradução
de Renato Suttana)
COMENTÁRiO

A
base de toda a obra de educação deve ser de tal maneira ampla que
possa abranger todas as concepções de vida, embora diferentes na
sua beleza e na sua sociabilidade.
João
Pina de Morais
-
Areia à Rebatinha (excertos)
16MAR1944
- Jornal de Notícias
VISTORiA
Podem
chamar-me D.T., que é abreviatura de Dieter, um nome alemão, e D.T.
serve, agora que estou na América, esta nação curiosa. Se recorro
a uma grande dose de paciência, é porque o tempo aqui passa sem
significado para mim, e esse é um estado que nos predispõe à
rebelião. Será essa a razão porque estou a escrever um livro?
Norman
Mailer
-
O Fantasma de Hitler (excerto,
2007)

Pereira
mudou de linha e em baixo, à direita, pôs o seu nome: Pereira.
Antonio
Tabucchi
-
Afirma Pereira
(excerto, 1994)
BREVIÁRiO
Midas
edita em DVD, Colecção Jean
Rouch (1917-2004).
IMAG.96-217
Relógio
D’Água edita Pela Estrada
Fora - O Rolo Original de
Jack Kerouac (1922-1969); tradução de Margarida Vale de Gato.
IMAG.126-141-212-217-247-338-362

Deutsche
Grammophon edita em CD, Anton Bruckner
[1824-1896] /
[Jean] Sibelius
[1865-1957] /
[Carl] Nielsen
[1865-1931] por Gotheburg
Symphony Orchestra, sob a direcção de Gustavo Dudamel.
IMAG.104-213-233-323-402
Clube
do Autor edita A Livraria de
Penelope Fitzgerald (1916-2000); tradução de Eugénia Antunes.

Ática
edita Sebastianismo e Quinto
Império de Fernando Pessoa
(1888-1935).
IMAG.26-28-64-82-130-131-157-182-187-196-207-211-236-264-323-326-330-333-343-347-376-382-384-385-395-399-403
Aurum
Press edita Star
Trek Vault - 40 Years From the Archive por
Scott Tipton. IMAG.34-62-110-249-336-338
Lua
de Papel edita Um Mundo
Iluminado de Hubert Dreyfus e
Sean Dorrance Kelly; tradução de Francisco Gonçalves.
PARLATÓRiO
Quero
insistir neste ponto: a democracia depende da beleza da linguagem.
Depende do aperfeiçoamento - e não da deterioração da língua. Os
Estados Unidos eram maravilhosos nos tempos de Franklin Roosevelt,
porque ele falava tão bem. O pouco que pudemos ter de John Kennedy
deu-nos uma mostra de que ele, um homem inteligente, queria elevar o
nível da inteligência na política e na América.
As democracias são delicadas. Digo: o inglês só não sofreu um colapso e só não se partiu em pedaços ao longo das turbulências do Século XX, porque um dia existiu William Shakespeare. Sem James Joyce, a Irlanda seria bem menos. Faço essas constatações não por ser um semi-talentoso novelista, mas porque a linguagem é imensamente importante. Bush destrói a linguagem quando abre a boca. Em nome do terror, Bush cometeu crimes contra a integridade e a reputação do Estado. É o pior Presidente dos meus oitenta e três anos de vida. Isso significa um bocado, porque vivi sob Ronald Reagan.
As democracias são delicadas. Digo: o inglês só não sofreu um colapso e só não se partiu em pedaços ao longo das turbulências do Século XX, porque um dia existiu William Shakespeare. Sem James Joyce, a Irlanda seria bem menos. Faço essas constatações não por ser um semi-talentoso novelista, mas porque a linguagem é imensamente importante. Bush destrói a linguagem quando abre a boca. Em nome do terror, Bush cometeu crimes contra a integridade e a reputação do Estado. É o pior Presidente dos meus oitenta e três anos de vida. Isso significa um bocado, porque vivi sob Ronald Reagan.
Norman
Mailer (2006)
EXTRAORDINÁRiO
OS
ALTERNATIVOS - Folhetim Aperiódico
QUANDO
A NOITE ESTÁ PARADA VÃO-SE OS VENTOS DE MUDANÇA
- 6
Em
sua candura apelativa, Silvina Formigal era ainda um projecto
virtual. Nas escarpas do abismo humano
em que Olavo Moirante se debatia, sobreposto, entre a fama de bom
rapaz e os seus demónios íntimos.
– Continua
Sem comentários:
Enviar um comentário