PRONTUÁRiO
FATALIDADE
Em
meados dos anos ’80, no século passado, a indústria do cinema
brasileiro virtualizava-se ao mercado internacional, ampliando
abstractamente os modelos de Hollywood. Logo, com O
Beijo da Mulher Aranha
(1985) - que levou a sua principal actriz, Sônia Braga, ao topo do
estrelato como símbolo sexual. Trata-se de uma produção rodada nos
Estúdios Vera Cruz e em distintos locais de São Paulo,
originalmente em inglês - sobre argumento do americano Leonard
Schrader, a partir de obra literária do argentino Manuel Puig, tendo
como realizador o seu conterrâneo Hector Babenco, radicado no Brasil
desde 1970…
No
isolamento duma cela, em penitenciária da América Latina, dois
homens envolvem-se num jogo de suspeitas, revelação e
solidariedade, cúmplices num relato mítico, de fantasia e evasão.
Um homossexual e um activista, cuja insólita relação culminará em
pacto de traição e morte - suscitando notáveis interpretações de
William Hurt e Raul Julia. Através de um universo concentracionário,
entre violência latente ou aviltante humilhação, o próprio cinema
se resgata - como apelo simbólico, universalista, de magia e
liberdade.
CALENDÁRiO
03FEV-09MAR2012
- Universidade de Lisboa expõe, no Átrio da Reitoria, Deambulações
- Diálogos Fotográficos Com Orlando Ribeiro (1911-1997),
estando representados: Orlando Ribeiro, Albano Silva Pereira, Alfredo
Cunha, Ana Janeiro, Augusto Cabrita, Carla Cabanas, Carlos Alberto
Medeiros, Catarina Campino, Duarte Amaral Netto, Duarte Belo,
Eduardo Gageiro, Fernando Lemos, Gérard Castello-Lopes, Inês
Gonçalves, Isabel Brison, João Mariano, João Pedro
Costa, João Pedro Vale, Jorge Barros, Jorge Gaspar, Jorge
Guerra, José Manuel Simões, Luís Campos, Mário Neves, Nuno
Calvet, Nuno Cera, Paulo Catrica, Paulo Mendes, Raquel Soeiro de
Brito e Suzanne Daveau. IMAG.45-143
1917-19FEV2012
- Igrejas Caeiro: Actor português de teatro e cinema, encenador e
radialista, fundador do Teatro Maria Matos e responsável pelos Os
Companheiros da Alegria
(1951) - «Um homem sempre atento, solidário e com uma acção muito
activa… Uma vida que se expandiu pelo teatro, pelo cinema, pela
televisão, pela música: foi um homem que levou ao palco muita gente
em todo o país» (José Jorge Letria). IMAG.318
BREVIÁRiO
Estévez
Seven edita em DVD, O Beijo da
Mulher Aranha / Kiss of the Spider Woman
(1985) de Hector Babenco; com William Hurt, Raul Julia e Sônia
Braga.
VISTORiA
O
Poeta
Ninguém
contempla as coisas admirado.
Dir-se-á que tudo é simples e vulgar...
E se olho a terra, a flor, o céu doirado,
Que infinda comoção me faz sonhar!
Dir-se-á que tudo é simples e vulgar...
E se olho a terra, a flor, o céu doirado,
Que infinda comoção me faz sonhar!
É
tudo para mim extraordinário!
Uma pedra é fantástica! Alto monte,
Terra viva a sangrar, como um Calvário
E branco espectro, ao luar, a minha fonte!
Uma pedra é fantástica! Alto monte,
Terra viva a sangrar, como um Calvário
E branco espectro, ao luar, a minha fonte!
É
tudo luz e voz, tudo me fala:
Ouço lamúrias de almas no arvoredo
Quando a tarde tão lívida se cala
Porque adivinha a noite e lhe tem medo!
Ouço lamúrias de almas no arvoredo
Quando a tarde tão lívida se cala
Porque adivinha a noite e lhe tem medo!
Não
posso abrir os olhos sem abrir
Meu coração à dor e à alegria.
Cada coisa nos sabe transmitir
Uma estranha e quimérica harmonia!
Meu coração à dor e à alegria.
Cada coisa nos sabe transmitir
Uma estranha e quimérica harmonia!
É
bem certo quer tu, meu coração,
Participas de toda a Natureza.
Tens montanhas na tua solidão
E crepúsculos negros de tristeza!
Participas de toda a Natureza.
Tens montanhas na tua solidão
E crepúsculos negros de tristeza!
As
coisas que me cercam silenciosas
São almas a chorar que me procuram.
Quantas vagas palavras misteriosas
Neste ar que aspiro, trémulas, murmuram!
São almas a chorar que me procuram.
Quantas vagas palavras misteriosas
Neste ar que aspiro, trémulas, murmuram!
Vozes
de encanto vêm aos meus ouvidos,
Beijam meus olhos sombras de mistério.
Sinto que perco, às vezes, os sentidos
E que vou a flutuar num rio aéreo…
Beijam meus olhos sombras de mistério.
Sinto que perco, às vezes, os sentidos
E que vou a flutuar num rio aéreo…
Teixeira
de Pascoaes
MEMÓRiA




1877-14DEZ1952
- Joaquim
Pereira Teixeira de Vasconcelos, aliás Teixeira
de Pascoaes: Escritor português - «Sou fraga da montanha, névoa
astral, / Quimérica figura matinal, / Imagem de alma em terra
modelada. / Sou o homem de si mesmo fugitivo; / Fantasma a delirar,
mistério vivo, / A loucura de Deus, o sonho e o nada». IMAG.153
ANUÁRiO

INVENTÁRiO
Os
Companheiros da Alegria
[Em
Maio de 1951] Contactei o RCP [Rádio Clube Português] para comprar
espaço para uma emissão diária a partir das 22 horas. Programei
tudo para um mês, dado que tinha pensado o concurso À
Procura de Uma Estrela,
seleccionando um concorrente em cada etapa [da Volta a Portugal em
Bicicleta], que estaria na final em Vila do Conde, com o prémio de
oito dias de estada, naquela localidade, com tudo pago.
Verifiquei
ser mais vantajoso, em vez de alugar transporte, comprar um pequeno
autocarro, que foi encomendado à Renault, pensando que terminada a
tournée
facilmente o venderia.
Contactei
dois excelentes técnicos, o Álvaro Espírito Santo e o Ribas. E
reuni um elenco muito popular de bons artistas e organizei um
conjunto musical. Eu próprio com a Irene [Velez] fomos a França
para trazer o autocarro e ter a certeza de que estaria pronto para 11
de Agosto de 1951.
A
Volta começou no Porto onde fizemos a estreia de Os
Companheiros da Alegria, no
Cinema Carlos Alberto. Recorda-se que foi nesta Volta que o Alves
Barbosa teve o seu primeiro triunfo. Os artistas fundadores foram
Belita, Guilherme Kjölner, Luiz Horta, Luiz Piçarra, que veio
propositadamente de Paris, Maria Amélia Marques, Maria Odete
Coutinho, Maria de Lurdes Resende, Maria Pereira, Mimi Gaspar e um
quinteto constituído pelo professor Arnaldo Silvério, Francisco
Carvalhinho, João Aleixo, Luiz Vilar e o professor Martinho da
Assunção.
A
música e os versos de apresentação d'Os
Companheiros da Alegria ainda
hoje são lembrados e muita gente me saúda repetindo: «Uma nota de
quinhentos não se pode deitar fora».
Alguns
nomes de colaboradores literários: Manuela de Azevedo, Olavo D’Eça
Leal, Mário Castrim, Manuel Mendes, Francisco Mata, Ferro Rodrigues,
Santos Fernando, Nelson de Barros, Aníbal Nazaré, Artur Varatojo,
Mário Domingues, Vasco Lemos Mourisca.
Os
Companheiros da Alegria
terminam com a inauguração do Teatro Maria Matos, em Novembro de
1969.
Pode
dizer-se que Os Companheiros
da Alegria passaram a ter
tanto ou mais interesse que a Volta a Portugal.
Igrejas
Caeiro
Telefonia
- Matos Maia
EXTRAORDINÁRiO
OS
ALTERNATIVOS - Folhetim Aperiódico
QUANDO
A NOITE ESTÁ PARADA VÃO-SE OS VENTOS DE MUDANÇA
- 4
Silvina
ateve-se, meditativa. Ali estava um mancebo simpático, esbelto, a
quem gostaria de ter por companheiro, em maviosas conversas para
sempre.
Porém,
como lhe exprimiria Silvina o seu entusiasmo, sem se revelar
demasiado frívola ou expectante? «Ah, os homens!»
Atendendo
às circunstâncias, a moça saiu-se assim:
- Pois…
Há uns com quem partilharíamos, afoitas, o trilho da vida. Mas, há
outros com quem estamos sempre a medo que nos trilhem a alma!
– Continua
Sem comentários:
Enviar um comentário