PRONTUÁRiO
AVENTURAS
As
feições clássica e moderna dos quadradinhos nipónicos, ou mangà,
têm divulgação continuada, entre nós, sob chancela Asa,
estilizando contiguidades heróicas e artísticas, sob o elã da
aventura fantástica, com privilégio dos leitores adolescentes
através de gerações. Surgido em 1986, pelo engenho de Akira
Toriyama, fundador do Bird Studio, Dragon
Ball adapta
a luta do bem contra o mal ao imaginário infantil, conferindo ao ser
humano uma configuração virtual - com pequenos guerreiros
adolescentes, e o prodígio das artes marciais.
Para Yu-Gi-Oh!,
tudo começou em 1996, com Kazuki Takahashi, através da revista
Shonen
Jump,
sagrando as aventuras de um adolescente que se serve dum jogo de
cartas, para enfrentar desafios e adversários, de um modo intenso e
radical… Prolongando os rituais e as emoções originais, com
repercussão no universo dos produtos lúdicos, a leitura de Dragon
Ball
e de Yu-Gi-Oh!
faz-se da direita para a esquerda (das últimas para as primeiras
páginas), até convocar outros enigmas e fantasias virtuais.
IMAG.68-348-349
CALENDÁRiO
1925-04OUT2011
- Mário Alberto: Artista plástico, cenógrafo e figurinista
português, co-fundador do Teatro Adoque (1974) e do grupo A Barraca
(1976) - «Vi-o pintar, caricaturar celebridades mundiais, criar
cenários e figurinos, colaborei nas suas exposições e sempre
insisti que não descurasse a pintura pois, durante anos, o Ar-Cénico
do Teatro assoberbou-o quase por completo, com o ritmo palpitante das
montagens, autorias de textos, criação de grupos teatrais,
professorado, júris, homenagens, prémios, festivais e muitos etc's,
também cinematográficos e televisivos, apenas lhe permitiram tempo
para um número limitado de exposições de pintura» (António de
Macedo).
1926-08OUT2011
- Luís Archer: Cientista português, pioneiro da investigação em
genética molecular, padre jesuíta - «Uma paz de espírito… só
se consegue quando superamos o ódio, a inveja e todos esses
sentimentos que nos impedem de amar os outros como a nós mesmos. A
velhice, o sofrimento, não complicam essa paz, porque o meu Deus não
envelhece nem morre» (2006).
13OUT-11DEZ2011
- No Museu da Electricidade, Fundação EDP e The Moth House
apresentam The Time Machine,
exposição de fotografias de Edgar Martins.
MEMÓRiA
1404-20ABR1472
- Leon Battista Alberti: Humanista, teórico de arte e arquitecto
italiano, autor de De Re
Aedificatoria Libri Decem
(1452) - «Uma obra está completa quando nada pode ser acrescentado,
retirado ou alterado, a não ser para pior».
1903-22JUL1972
- Max Aub: Escritor espanhol, exilado no México - «Há
três categorias de homens: a) os que contam a sua história; b) os
que não a contam; c) os que não a têm»
(Contos
Certos).
1893-24JUL1982
- Florence Henri: Pintora e fotógrafa suíça, influenciada pelo
cubismo e pelo construtivismo.
26JUL1922-2010
- Blake Edwards: Actor, argumentista e realizador do cinema
americano, distinguido com um Óscar Honorário pela Academia de
Hollywood (2004) - «Para muitos críticos, foi difícil aceitar que
ele era mais do que um cineasta popular. Os seus detractores
reconhecem o seu estilo formal, mas deploram-lhe a ausência de
profundidade. Sob a aparência da comédia e do divertimento, todos
os seus filmes reflectem, com rigor, os valores da vida
contemporânea» (George Morris). IMAG.14-225-335
28JUL1862-1931
- Aurélio da Paz dos Reis: Floricultor, republicano e pioneiro do
cinema português - em finais de 1896, registou uma parte
significativa de testemunhos documentais e característicos pelo
cenário urbano de Porto e Lisboa. IMAG.4-87-106-308-339
28JUL1902-1994
- Karl Popper: Escritor e filósofo britânico, de origem austríaca
- «Não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere
matar-nos, a ser confrontado ou convencido pelos nossos argumentos».
IMAG.192
A
España, donde crecí
estas
hojas aún verdes
de
un árbol desarraigado.
Amor,
el viento te lleve.
Max
Aub
VISTORiA

-
O açúcar ainda não está derretido.
Para
mo provar, bateu com a colher várias vezes no fundo do copo.
Recomeçou a mexer metodicamente a beberagem, com uma energia
redobrada. Voltas e mais voltas, sem parar, eternamente. Voltas e
mais voltas e mais voltas. E continuava a olhar para mim, sorrindo.
Então puxei da pistola e disparei.
Max
Aub
-
Crimes Exemplares (1957, excerto)
COMENTÁRiO
TUDO
EM CAUSA
Um
dos géneros com maiores tradições no espectáculo sob o signo de
Hollywood, aliando a popularidade comercial ao culto das vedetas, a
comédia romântica estiliza os caprichos duma realidade sempre em
mutação, pela qual se conjugam as relações públicas e privadas.
A vivacidade sensual de Kim Basinger, entre equívocos e humores,
ressalta em Encontro
Inesquecível / Blind Date
(1987), celebrando o veterano Blake Edwards de regresso à abordagem
de estratos sociais, cuja frivolidade e sofisticação se
exteriorizam através de irresistíveis, devastadoras peripécias em
que a sátira corrosiva confina, privilegiadamente, um precário
reflexo entre os compromissos mercantis e os códigos de
comportamento. Em causa, está um argumento de David Lerner, novel
escritor que privilegia a pose, o imprevisto e o artifício -
motivações propícias à ambiguidade carismática de Bruce Willis,
pela primeira vez em grande ecrã, mas então um símbolo masculino
já consagrado pela televisão em Modelo
e Detective (1985). Assim,
expõem-se os azares de Walter Davis, um executivo maníaco do
trabalho. Ao longo dum jantar de negócios, decisivo para a sua
carreira em ascensão como analista financeiro, Walter esquece que
Nadia Gates, a esbelta jovem que mal conhecia e por quem se fez
acompanhar, tem reacções imprevisíveis quando começa a beber.
Pior ainda, o ex-namorado de Nadia, David Bedford, um ciumento
compulsivo, detesta vê-los juntos e converte Walter em seu alvo
preferencial... Tendo já dirigido Basinger em Meus
Problemas Com as Mulheres
(1983), Blake Edwards catalisa na sua extravagante personagem a
hilariedade eventual das peripécias - virtualizadas pela música do
favorito Henry Mancini, logrando uma sugestiva alusão ao
envolvimento e aos correspondentes pretextos histriónicos. Num
balanço artístico sobre esta quadragésima quinta longa metragem
com a sua assinatura, Edwards comentaria que «Willis é uma vítima
divertida da ambição, enquanto Basinger faz das fraquezas um toque
de classe».
Quando
investigo e descubro que as forças dos céus e dos planetas estão
do nosso lado, então, compreendo que estou a viver entre deuses.
Leon
Battista Alberti
BREVIÁRiO
Ulisseia
edita As Boas Intenções de
Max Aub (1903-1972); tradução de Alberto Gomes. IMAG.239
Fundação
Calouste Gulbenkian edita Da
Arte Edificatória de Leon
Battista Alberti (1404-1472); tradução de Arnaldo M. Espírito
Santo. IMAG.214
Sony
edita em CD, sob chancela RCA, Frédéric
Chopin [1810-1849]:
Ballades pelo pianista
Jean-Marc Luisada. IMAG.92-191-203-247-265-298-325-375
COMENTÁRiO
O
Fulgor da Irreverência

Na
pintura, também. Ou, antes, na pintura, sobretudo. Ele emerge do
fulgor enorme da irreverência, da provocação, da inconformidade. É
a sua forma de estar vivo. De ser ele.
E
é, de resto, a sua forma de pintar. Surpreendente. Excessiva, às
vezes. Incómoda, sempre.
Intransigentemente
imaginativa.
Mágica,
mas exacta. Direi mesmo, mágica porque exacta.
Rigorosa,
na sua feroz e obsessiva vigilância das cores e das tonalidades que
condicionam a realidade das realidades (objectos - e sujeitos reais)
que ele pinta - muitas vezes representadas numa espécie de
teatralidade monstruosa que se estiliza até à erudição
(pictórica) sem nunca perder a raiz popular autêntica e telúrica,
e que lhes confere uma inconfundível identidade e especificidade.
Ele consegue esta alquimia.
Para
Mário Alberto, irreverente e brilhante, pintar e existir é
transgredir. Transgredir em deslumbramento. Transgredir, como quem,
sendo temente a Deus, comesse em sexta-feira santa um chouriço de
Lamego bem assado.
É
pecado, sim senhor! Mas Deus perdoa.
Vamos,
mas é... regar isto com um bom tintol!
O
padre Osório é que tem razão.
Gonsalves
Preto
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