PRONTUÁRiO
REFERÊNCIAS
Revista
trimestral de animação sócio-cultural, editada pelo GICAV/Grupo
de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, Anim’Arte
atinge
ao número 89 - correspondente a Julho/Agosto/Setembro de 2013 -
um dos seus momentos mais aliciantes e expressivos, com realce para
Feira
de São Mateus - Documentos Que Contam a História por
Maria das Dores Almeida Henriques. Um destaque múltiplo e
privilegiado é, como sempre, dedicado ao Espaço
Banda Desenhada por
Luiz Beira, saudando-se ainda os quadradinhos em reportagem sobre o
XVIII
Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu (complementada
A
Respeito da Exposição de Homenagem a Sergio Bonelli),
na Autobiografia
por
Geraldes Lino (que também analisa o Fanzine,
Objecto Gráfico Literário Alternativo)
ou, no Caderno
Técnico,
em O
Pesadelo -
que assinala o regresso às lides de Luís Louro (sobre A
Metamorfose de
Franz Kafka, com argumento de Tozé Simões), um dos nossos mais
estimados autores. (Na imagem, Tex
de Andrea Venturi.) A contactar para gicav@megamail.pt
MEMÓRiA
1740-02DEZ1814
- Donatien Alphonse François de Sade, aliás Marquês de Sade:
Aristocrata e escritor francês - «Eu sou um libertino, mas não sou
nenhum criminoso ou assassino... A prisão é um lugar de maldade. A
solidão que aqui impera dá poder a certas obsessões, e o
transtorno que uma semelhante força produz torna-se mais rápido e
inevitável» (Cartas a Renée-Pélagie). IMAG.150-208-279
1876-02DEZ1944
- Filippo Tommaso Emilio Marinetti: Escritor e editor italiano,
ideólogo do Movimento Futurista - «Queremos glorificar a guerra -
única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto
destruidor dos libertários, as belas ideias pelas quais se morre, e
o desprezo da mulher». IMAG.404
1850-03DEZ1904
- Robert-Louis Stevenson, aliás Robert L. Stevenson: Escritor
americano, ficcionista e poeta - «O homem de sucesso é aquele que
viveu bem, riu muitas vezes e amou bastante; que conquistou o
respeito dos homens inteligentes e o amor das crianças; que superou
uma posição respeitada e cumpriu as suas tarefas; que deixou este
mundo melhor do que encontrou, ao contribuir com uma flor mais
bonita, um poema perfeito ou uma alma resgatada; que nunca deixou de
apreciar beleza do mundo ou deixou de a exprimir; que buscou o melhor
nos outros e deu o melhor de si».
IMAG.1-35-41-151-187-257-260-298-345-423-454

05DEZ1804-1895
- Cesare Cantú: Escritor e historiador italiano - «A autoridade é
necessária para tutelar a liberdade de cada um contra a invasão de
todos, e a liberdade de todos contra os atentados de cada um».
06DEZ1954-2010
- António Feio: Actor e encenador português - «Se há coisa que eu
costumo dizer, é - aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros.
Apreciem cada momento e não deixem nada por dizer, nada por fazer»
(2010). IMAG.76-113-319
CALENDÁRiO
1922-09DEZ2013
- Eleanor Jean Parker, aliás Eleanor Parker: Actriz americana,
distinguida com o Oscar por Melodia
Interrompida / Interrupted Melody
(1955), intérprete de Música
No Coração /The Sound of Music
(1965) - «Sou, essencialmente, uma actriz de personagens. Dei vida a
tantas figuras diferentes, que a minha própria personalidade nunca
emergiu».
VISTORiA

Marquês
de Sade
-
Os 120 Dias de Sodoma (1785
- excerto)
A
Porta e o Pinheiro
O
conde detestava certo barão alemão, forasteiro em Roma.
Não
importam as razões desse ódio, mas, como tinha o firme propósito
de vingar-se, com o mínimo de perigo, ele manteve-as secretas até
do barão. De facto, tal é a primeira lei da vingança, já que ódio
revelado é ódio impotente.
O
conde era curioso e minucioso; tinha algo de artista; executava tudo
com uma perfeição tão exacta que se estendia não só aos fins
como também aos meios ou instrumentos. Certo dia, cavalgava ele
pelas regueiras e chegou a um caminho lamacento que se perdia nos
pântanos que circundam Roma. À direita havia uma antiga tumba
romana; à esquerda uma casa abandonada no meio de um jardim de
sempre-vivas. Esse caminho conduziu-o a um campo de ruínas, em cujo
centro, no declive de uma colina, viu uma porta aberta e, não muito
longe, um solitário pinheiro atrofiado, não maior que um arbusto. O
local era deserto e secreto; o conde pressentiu que algo favorável o
espreitava na solidão; amarrou o cavalo ao pinheiro, acendeu a luz
com o isqueiro e penetrou na colina. A porta dava para um corredor de
construção romana; este corredor, a uns vinte passos, bifurcava-se.
O conde volveu pela direita e chegou, tacteando na escuridão, a uma
espécie de barra que ia de uma parede à outra. Avançando o pé,
encontrou uma borda de pedra polida, e logo depois o vácuo.
Interessado, juntou uns galhos secos e acendeu o fogo. À sua frente
havia um poço profundíssimo; sem duvida algum aldeão, que o havia
usado para tirar água, teria colocado a barra. O conde apoiou-se na
roldana e olhou o poço, demoradamente. Era uma obra romana e, como
todas as desse povo, parecia construída para a eternidade. As suas
paredes eram lisas e verticais: o desditoso que caísse no fundo não
teria salvação. «Um impulso trouxe-me a este lugar», pensava o
conde. «Com que fim? Que consegui eu? Por que fui enviado a olhar
este poço?» A roldana cedeu; o conde esteve a ponto de cair. Saltou
para trás, para salvar-se, e apagou com o pé as ultimas brasas do
fogo. «Fui enviado para aqui a fim de morrer?», disse com temor.
Teve uma inspiração. Arrastou-se até a boca do poço e levantou o
braço, tacteando: duas hastes estavam a sustentar a roldana; agora,
esta pendia de uma delas. O conde repô-la de modo a que cedesse ao
primeiro apoio. Saiu à luz do dia, como um doente.
No
outro dia, enquanto passeava com o barão, mostrou-se preocupado.
Interrogado pelo barão, admitiu finalmente que o havia abatido um
estranho sonho. Queria interessar ao barão – homem supersticioso
que fingia desdenhar as superstições. O conde, instado pelo seu
amigo, disse-lhe abruptamente que se precatasse, porque havia sonhado
com ele. Como é óbvio, o barão não descansou até que lhe
contaram o sonho.
– Pressinto
– disse o conde com aparente tristeza – que esta narração será
infausta; algo me diz. Entretanto, se para nenhum dos dois pode haver
paz até que você a ouça, carregue você com a culpa. Este era o
sonho: Vi-o cavalgando, não sei onde, mas devia ser perto de Roma;
de um lado havia um antigo sepulcro, do outro um jardim de
sempre-vivas. Eu chamava-o, voltava a gritar que não prosseguisse,
numa espécie de transe de terror. Ignoro se você me ouviu, porque
seguiu para frente. O caminho levou-o a um local deserto entre
ruínas, onde havia uma porta numa ladeira e, perto da porta, um
pinheiro disforme. Você apeou-se (apesar das minhas súplicas), atou
o cavalo ao pinheiro, abriu a porta e entrou resolutamente. Dentro
estava escuro, mas no sonho eu continuava a vê-lo e pedindo-lhe que
voltasse. Você seguiu a parede da direita, dobrou outra vez pela
direita e chegou a uma câmara na qual havia um poço e uma roldana.
Então, não sei por quê, o meu alarme cresceu e tornei a gritar-lhe
que ainda estava a tempo e que abandonasse o vestíbulo. Essa foi a
palavra que empreguei no sonho e então atribuí-lhe um sentido
preciso; mas agora, acordado, não sei o que significava para mim.
Você não escutou a minha súplica; apoiou-se na roldana e olhou
demoradamente a água do poço. Então, revelaram-lhe alguma coisa.
Não creio ter sabido o que era, mas o pavor arrancou-me do sonho, e
acordei a chorar e a tremer. E agradeço-lhe de coração o haver
insistido. Este sonho estava a oprimir-me, e, agora que o narrei à
luz do dia, parece-me terrível.
– Talvez
– disse o barão. – Tem alguns pormenores estranhos. Revelaram-me
eles alguma coisa, disse você? Sim, é um sonho raro. Divertirá os
nossos amigos.
– Não
sei – disse o conde. – Estou quase arrependido. Esqueçamo-lo.
– De
acordo – disse o barão.
Não
falaram mais do sonho. Daí a uns dias, o conde convidou-o a sair a
cavalo; o outro aceitou. Ao regressar a Roma, o conde sofreou o
cavalo, tapou os olhos e deu um grito.
– Que
aconteceu? – disse o barão.
– Nada
– gritou o conde. – Não é nada. Voltemos depressa a Roma.
Mas
o barão havia olhado em seu redor e, à mão esquerda, viu um
caminho lamacento com uma tumba e um jardim de sempre-vivas.
– Sim
– respondeu com a voz alterada. – Voltemos a Roma imediatamente.
Receio que você se ache indisposto.
– Por
favor – gritou o conde. – Voltemos a Roma, quero deitar-me.
Regressaram
em silêncio. O conde, que fora convidado para uma festa, deitou-se,
alegando que tinha febre. No dia seguinte, o barão havia
desaparecido; alguém achou seu cavalo atado ao pinheiro. Foi isto um
assassínio?
Robert
Louis Stevenson
Há
uma certa camada teatral que considera que, pelo facto de uma pessoa
ter público, os trabalhos são necessariamente maus… O que eu acho
um completo absurdo. Tenho uma preocupação com o público, e creio
que, se o teatro pode ter esse impacto, que é alterar um bocado a
vida ou preencher alguns espaços da vida das pessoas, isso é muito
mais importante.
António
Feio (2000)
ANTIQUÁRiO
03DEZ1724
- Em Guimarães, é fundada a Academia Vimaranense. Os seus membros
reúnem-se em casa de Thadeo Luiz Antonio Lopes de Carvalho Fonseca e
Camões, senhor donatátio dos coutos de Negrelos e Abadim. Preside e
pronuncia uma eloquente oração Francisco da Cunha Rebello, cónego
da Colegiada daquela vila.
BREVIÁRiO
Gradiva
edita Sobre a Dificuldade e
Outros Ensaios de George
Steiner.
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