PRONTUÁRiO
RELAÇÕES
As
tradicionais guerras entre cão e gato, que inspiraram as fábulas de
outros tempos e se reflectiram pelos imaginários da animação,
culminariam afinal num pacto de paz e cumplicidade, sob o signo da
banda desenhada. Tudo, graças a Mutts
- uma obra concebida (em 1994) e ilustrada por Patrick
McDonnell.
Ingénuas, irónicas, surpreendentes, as proezas de Earl e Mooch
transfiguram uma vivência quotidiana, estilizada pelo olhar humano -
e, assim, reinvestidas à primordial dimensão realista. Tudo, para
que cada um de nós se divirta e reencontre, pelas emoções mais
genuínas. Como apreciou Charles M. Schulz - o privilegiado autor de
Peanuts,
e pai do irreverente Snoopy - «Mutts
é
tudo o que uma tira deveria ter. Dá sempre prazer lê-la, e as duas
personagens principais são maravilhosamente inocentes. Patrick criou
um pequeno mundo, que existe dentro de si próprio». Heróis por
conta própria, irresistíveis, Earl descobre que, quando está em
maus lençóis, o melhor é ir para debaixo da cama; já Mooch é
mais simples e directo, enquanto dá largas à sua filosófica
indolência: «Ronrono, logo existo!»
VISTORiA
Sobre
a Sua Cegueira

Nesta tão vasta e mais sombria terra,
E que esse dom que só a Morte cerra
Inútil mora em mim, embora a vida
N’alma
me seja ao Criador rendida
E a mais prestar-lhe a conta que não erra,
«A quem, negada a luz, a treva encerra,
Calcula Deus a quotidiana lida?»
E a mais prestar-lhe a conta que não erra,
«A quem, negada a luz, a treva encerra,
Calcula Deus a quotidiana lida?»
Pergunto
ansiosamente. E a Paciência
O murmurar me cala: «El’ não precisa
Dos dons de um só em cada humana esfera.
O murmurar me cala: «El’ não precisa
Dos dons de um só em cada humana esfera.
Se
El’ convoca os seus fiéis, e com ardência
Que milhar’s correm para onde Ele pisa.
Também O serve aquel’ que fica e espera.»
Que milhar’s correm para onde Ele pisa.
Também O serve aquel’ que fica e espera.»
John
Milton
(Tradução
de Jorge de Sena)
Amanhã
Amanhã! – é o sol que desponta,
É a aurora de róseo fulgor,
É a pomba que passa e que estampa
Leve sombra de um lago na flor.
Amanhã! – é a folha orvalhada,
É a rola a carpir-se de dor,
É da brisa o suspiro, – é das aves
Ledo canto, – é da fonte – o frescor.
Amanhã! – são acasos da sorte;
O queixume, o prazer, o amor,
O triunfo que a vida nos doura,
Ou a morte de baço palor.
Amanhã! – é o vento que ruge,
A procela d’horrendo fragor,
É a vida no peito mirrada,
Mal soltando um alento de dor.
Amanhã! – é a folha pendida.
É a fonte sem meigo frescor,
São as aves sem canto, são bosques
Já sem folhas, e o sol sem calor.
Amanhã! – são acasos da sorte!
É a vida no seu amargor,
Amanhã! – o triunfo, ou a morte;
Amanhã! – o prazer, ou a dor!
Amanhã! – o que val’, se hoje existes!
Folga e ri de prazer e de amor;
Hoje o dia nos cabe e nos toca,
De amanhã Deus somente é Senhor!
Gonçalves
Dias
O
tempo extrai valores diversos do trabalho de um pintor. Quando esses
valores estão esgotados, os quadros são esquecidos… Quanto mais
um quadro tem para dar, mais importante ele se torna.
Henri
Matisse
COMENTÁRiO
Poesias
Diversas, uma das mais
mimosas composições líricas que tenho lido na minha vida… Se
estas poucas linhas, escritas de abundância de coração, passarem
os mares, receba o autor dos Primeiros
Cantos testemunho sincero de
simpatia, de quem não costuma nem dirigir aos outros elogios
encomendados, nem pedi-los para si.
Alexandre
Herculano
1847-1848
- Revista Universal Lisbonense
MEMÓRiA
1823-03NOV1864
- António Gonçalves Dias: Poeta e teatrólogo brasileiro - «Dum
mundo a outro impelido, / Derramei os meus lamentos / Nas surdas asas
dos ventos, / Do mar na crespa cerviz! / Baldão, ludíbrio da sorte
/ Em terra estranha, entre gente, / Que alheios males não sente, /
Nem se condói do infeliz!» (Ainda
Uma Vez - Adeus - excerto).
IMAG.430
1869-03NOV1954
- Henri-Émile-Benoît Matisse, aliás Henri Matisse: Artista
plástico francês, mestre do fauvismo, distinguido na Bienal de
Veneza (1850) - «Na verdade, um pintor não tem outros inimigos
sérios, a não ser os seus maus quadros… Eu não pinto coisas.
Pinto a diferença entre coisas».
1845-04NOV1924
- Gabriel Urbain Fauré, aliás Gabriel Fauré: Compositor francês,
pianista e organista, professor e director do Conservatório de
Paris. IMAG.319
1929-04NOV2004
- Jacinto da Silva Ramos, aliás Jacinto Ramos: Actor de teatro,
cinema e televisão, encenador e cenógrafo, a sua grande paixão
estava no palco, tendo-se estreado na Sociedade Guilherme Cossoul, em
1945, interessando-se em «agitar politicamente as pessoas», e
condecorado em 1994 com o grau de Comendador da Ordem Militar de
Santiago da Espada. IMAG.17-245
06NOV1854-1932
- John Philip Sousa: Compositor e maestro americano - «Conhecido
como o Rei das Marchas,
nasceu nos Estados Unidos, mas descendia de portugueses pelo lado do
pai, que era músico e tocou na U.S. Marine Band, que o filho viria a
dirigir. Philip Sousa organizou também a sua própria banda, a
famosa Sousa Band, que deu mais de 15.600 concertos. Morreu com 78
anos, deixando uma rica colecção de marchas militares que ainda
hoje são tocadas em todo o mundo, incluindo The
Stars and Stripes Forever,
considerada oficialmente marcha nacional dos Estados Unidos»
(Portuguese Times -
New Bedford). IMAG.361
1608-08NOV1674
- John Milton: Escritor inglês - «Onde existe uma grande vontade de
aprender, haverá necessariamente muita discussão, muita escrita,
muitas opiniões; pois as opiniões dos homens bons são, apenas,
conhecimento em bruto…
Acima
de todas as liberdades, dêem-me a de saber, de me expressar, de
debater com autonomia, de acordo com minha consciência». IMAG.206
CALENDÁRiO
1931-25OUT2013
- Hal Brett Needham, aliás Hal Needham: Actor, duplo e cineasta
americano, realizador de Os
Bons e os Maus / Smokey and the Bandit (1976)
e Cactus Jack, o Vilão /
The Villain/Cactus Jack (1979)
- «Nunca se é um grande duplo, se o que fazemos não for perigoso».
1942-27OUT2013
- Lou Reed: Cantor, guitarrista e compositor americano - «As canções
perdem impacto, incluindo as melhores. Elas estão em toda a parte,
são ouvidas por toda a gente, mas deixam de ter a força original».
IMAG.36
1926-05NOV2013
- Maria Antónia Luna Andermatt, aliás Luna Andermatt: Bailarina e
coreógrafa portuguesa, co-fundadora da Companhia Nacional de Bailado
(1977) - «Não me vejo numa cama. Morreria de angústia em vez da
doença. Se Deus me enviar um relâmpago, agradeço muito, porque
quero viver até ao fim. Não sei o que é que me está reservado,
mas gostava de morrer de pé» (2011).
07NOV2013-20ABR2014
- Em Cascais, Casa das Histórias Paula Rego expõe Paula
Rego / Honoré Daumier: Mexericos e Outras Histórias. IMAG.11-13-31-199-205-258-269-325-342-351-357-364-370-399-416--464-486
Sou
um artista, e isso significa que posso ser tão egoísta quanto me
apetecer. Alguns afirmam que pareço um terrorista, um ditador, e têm
razão. As estrelas do rock
não se vestem segundo o estado do tempo. A parte mais importante da
minha religião é tocar guitarra.
Lou
Reed
BREVIÁRiO
Temas
& Debates edita História
da Medicina Portuguesa Durante a Expansão de
Germano de Sousa.
ANTIQUÁRiO
03NOV1864
- No Rio de Janeiro, são vendidos em praça 90 escravos, pertença
do banqueiro Souto.
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